43

177 12 4
                                    

ANY G.

O mundo era todo nosso quando estávamos sozinhos. A forma como Noah me tocava me fazia sentir especial, como se fosse capaz de fazer qualquer coisa que eu quisesse. Ele me levava ao céu, mas me trazia de volta para ele no mesmo instante, mostrando que não havia lugar melhor que o calor do seu corpo. Nada me tocava tão bem quanto seus dedos travessos e sua boca faminta. Na nossa mais bela junção durante aquele amor feito sob os lençóis, nada se via mais importante que nossos prazeres carnais, aqueles que só sentíamos tão intensos quando explorados um com o outro, pois ninguém era capaz de nos entender e mapear tão bem quanto nós.

Pela primeira vez eu me entreguei de corpo e alma naquela cama sem temer os sentimentos que vinham de mim. Agora eu tinha certeza de que eu era tão correspondida quanto e não precisava mais ser cautelosa, mesmo que eu já não fosse em meus dias comuns.

Os beijos dele me davam mais do que arrepios, eram deixados em minha boca com tanta adoração que eu poderia imaginar que talvez eu fosse alguma espécie de deusa para ele. Em tudo, cada expressão, respiração e toque, Noah me fazia sentir mais especial do que jamais fui. Essa era a sensação de importância que tanto busquei sentir ao longo da minha existência. E aqui estava eu, depois de achar-me tão indigna daquele tipo de amor, sendo amada de maneira extraordinária por uma pessoa que não precisava exigir muito de mim para me apreciar de verdade.

Agora estávamos os dois abraçados, despidos sob o lençol, nos beijando de maneira carinhosa, bem devagar e cuidando para fazer os beijos serem perfeitos em cada detalhe. Entre as pequenas pausas, olhávamos um para o outro e sorríamos.

— Eu queria ficar o dia inteiro aqui. — eu disse.

— Então vamos fazer isso. — voltou a me beijar.

Começamos a ouvir vozes vindas do andar de baixo. Elas estavam altas o suficiente, como uma discussão. Eu e Noah nos entreolhamos com estranheza e resolvemos ir ver o que estava acontecendo. Cada um de nós vestiu um roupão e então saímos do quarto.

— Eu vou dizer, eu fiz isso! — claramente a voz de Jack.

— Não conseguiria fazer se não fosse por mim! — e essa era a voz de Klaus.

— Eles têm que parar de invadir a minha casa. — Noah disse enquanto descíamos as escadas. — O que foi agora? — interrompeu a discussão deles.

— Ai, não me digam que alguma coisa deu errado! — me adiantei em pensar no pior.

— A gente só está aqui para esclarecer algumas coisas. — Klaus disse pacificamente.

— Linha do tempo 643. A gente tem que voltar e fazer de novo. — Jack disse olhando para o Klaus.

— Eu já disse que não! — Klaus revirou os olhos. — Deu tudo certo.

— Pra quem?

— Para a Any, praga!

— Vocês podem falar alguma coisa que faça sentido? — Noah pediu.

— Essa é a linha do tempo 643. Nas outras 642, a Any continua morta, você entra em depressão e eu e Klaus discutimos sobre reiniciar tudo de novo.

Nem eu e nem o Noah dissemos alguma coisa. Achei que não teria mais nada a descobrir, mas aqueles dois sempre tinham mais para jogar em nossas caras.

— Então vocês voltam e mudam tudo? — perguntei.

— Não. — Klaus balançou a cabeça negativamente. — O destino já está escrito, nada é alterado. Os momentos, problemas, coisas boas, ruins... Tudo continua o mesmo.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸOnde as histórias ganham vida. Descobre agora