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NOAH U.

Eu ainda estava na empresa quando um mensageiro foi até lá para me entregar uma carta. Não havia remetente e o mensageiro disse apenas que havia sido enviado por uma mulher que não quis se identificar. Quando eu abri o envelope, havia um pequeno papel com um endereço e duas chaves, uma com a etiqueta "portaria" e a outra com a etiqueta "apartamento 8B". Fiquei em dúvida sobre ir até o endereço indicado, mas a curiosidade acabou falando mais alto.

Cheguei ao prédio e subi até o oitavo andar. Quando parei em frente à porta, pensei em bater, mas não teriam me mandado uma chave se não quisessem que eu entrasse direto. Destranquei a porta e a abri em seguida. Fiquei totalmente confuso ao ver Any lá dentro. Ela arregalou os olhos ao me ver e ficou levemente pálida. Notei que ela segurava uma maleta e isso me deixou ainda mais confuso do que eu já estava. Eu tinha muitas perguntas e esperava que todas elas fossem respondidas.

— Eu te fiz duas perguntas, Any. — repeti depois de ela ficar em silêncio. — De quem é esse apartamento? O que tem dentro da maleta?

— Esse apartamento é... — engoliu em seco. — É meu.

— Seu? — franzi a testa.

— Como você veio parar aqui? Por que você tem a chave do meu apartamento? — foi a vez dela de me questionar.

— Alguém enviou para mim com um endereço e eu tive que vir ver do que se tratava. — fechei a porta da frente e a olhei com seriedade. — Você precisa me dar mais detalhes sobre o que está acontecendo. — cruzei os braços.

— É que... — olhou para os lados como quem procura alguma coisa. — Eu não moro aqui, obviamente.

— Por que eu sinto que você está enrolando?

— Ok. — respirou fundo. — Eu não gosto de morar sozinha, por isso eu não fiquei aqui.

— Como diabos você tem um imóvel desses e nessa localidade!? — me irritei. — Diga alguma coisa que faça sentido!

— É herança! — ela berrou tão alto quanto eu. — O apartamento é dos meus pais e eles me deram a chave quando eu mudei para cá, mas como eu disse, não consigo morar sozinha.

— Quem deixa um lugar desses abandonado? — cerrei os olhos desconfiado. — E por que você não contou pra ninguém?

— Não está abandonado, está alugado. E eu não contei porque não achei que seria uma informação relevante. — deu de ombros.

Eu tinha certeza que cada palavra que ela disse era mentira. Mas por que ela estava mentindo? O que havia para esconder?

— Nada faz sentido. — eu disse. — Abra a maleta, talvez o que tenha aí dentro possa responder as coisas. — me aproximei para pegar a maleta, mas Any deu alguns passos para trás se afastando.

— Isso não vai responder nada, eu garanto.

— No momento, eu não estou certo se deveria confiar em você.

As minhas palavras a chocaram. Any ficou boquiaberta e me olhou como se não acreditasse no que eu acabara de dizer. Mas era verdade, se ela não começasse a ser sincera as coisas ficariam ruins para nós.

— Abre a droga da maleta! — fiquei ainda mais impaciente.

— Eu estou dizendo, isso não tem relação nenhuma com o apartamento.

— Não importa, apenas abra!

Vendo que não haveria outra saída, ela assentiu se dando por vencida e sentou no sofá, colocando a maleta sobre a mesinha de centro e a destravando. Antes de abrir, ela me deu uma última olhada de canto de olho de uma maneira dolorosa, algo que me deixou levemente balançado.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now