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NOAH U.

Não sei se era orgulho, minha sede de poder incontrolável ou qualquer outra coisa. A única coisa que eu sabia era que havia algo muito específico em Any e que eu precisava desesperadamente saciar o desejo anormal que ela despertou em mim. No primeiro momento achei que fosse por ela ter me rejeitado, mas pensando bem, eu não continuava tão interessado depois de uma mulher se fazer de difícil por mais de uma noite. Com Any a coisa foi tão intensa que eu inconscientemente mudei a forma de me comportar com ela.

Me preocupei se ela gostaria do café da manhã, dei bom dia, sorri o tempo inteiro e sem perceber fiz questão de eu mesmo manter o prato dela cheio e me importei com a opinião dela sobre a comida. O mais provável aqui era que eu estivesse curioso com a novidade de dormir com uma pessoa totalmente diferente dos padrões que eu montei para escolher as minhas parceiras sexuais. Isso acabaria depois que eu transasse com ela, certo? A novidade teria um fim e Any voltaria a ser só a minha assistente. Caso ela ficasse sentimental demais, bastava demiti-la.

Depois do café da manhã – onde ela me fez comer cupcakes em público, vale ressaltar – Any avisou que daria uma volta pela cidade para conhecer os principais pontos turísticos. Em outros momentos, ela certamente me perguntaria se eu queria acompanhá-la porque ela era super educada, mas dessa vez ela apenas avisou, levantou, pediu licença e foi embora. Isso me fez pensar que ela estava me evitando.

Na hora do almoço, eu fui até um restaurante com o meu pai e nós começamos a falar sobre os negócios. Ele me mostrou todos os pontos principais de seus planos para a empresa, tentando me convencer de que seria uma ótima ideia tê-lo como CEO. Ouvi tudo pacientemente, entendendo e absorvendo cada palavra. O jeito que ele queria trabalhar não era ruim e suas ideias eram mesmo promissoras, mas isso ainda vinha com a enorme condição de que eu seria tirado do meu cargo caso isso fosse para a frente.

Profissionalmente, elogiei e contestei suas ideias, comparando-as com as minhas e até criando junto com ele maneiras de unir alguns pontos do que pensamos. Foi a primeira vez que nos ouvimos de verdade em uma conversa sobre o futuro da empresa.

— Posso fazer uma pergunta? Mas você tem que ser totalmente sincero. — falei, resolvendo voltar ao nível paternidade.

— Claro, filho. — sorriu.

— Por que quer voltar para os negócios? Dessa vez eu quero a verdade, porque essa história de estar preocupado comigo não é fácil de acreditar.

— Por que não? Eu e sua mãe sempre fomos extremamente amorosos e liberais. Por que é tão difícil...

O interrompi.

— A verdade.

Marco olhou para baixo, respirou fundo algumas vezes e depois olhou para mim novamente.

— Quando eu e sua mãe passamos pela Rússia, fomos convidados para a inauguração de uma filial pertencente à uma empresa petrolífera. O dono da multinacional é um antigo sócio e amigo do meu pai e insistiu que eu estivesse presente. Ele estava lá com a assessora dele. Ela é a Vanessa.

Fiquei quieto, totalmente sério e sem reação alguma. Notando que eu não falaria nada, meu pai cessou a sua pausa e continuou a falar.

— Nós conversamos bastante, ela parece estar muito bem, feliz e realizada com a própria carreira. — sorriu fraco. — Quando ela perguntou sobre você, eu te elogiei bastante, contei sobre como a empresa cresceu depois que você assumiu e... — suspirou.

— E?

— Ela me lembrou de uma conversa que tivemos antes de ela decidir ir embora sem você. — coçou a nuca. — A Vanessa e eu almoçamos juntos em um dia e ela começou a fazer perguntas sobre você e a sua preparação para assumir a presidência. Eu sabia que ela estava tentando me convencer de assumir no seu lugar, mas eu fui firme em dizer que não queria e que você tinha almejado isso muito mais do que eu. Eu a convenci de que assumir a presidência da empresa era a coisa mais importante da sua vida, o seu maior sonho.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now