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  NOAH U.

Estávamos todos reunidos na sala da minha casa, todo mundo sem entender o que a Any quis dizer com aquelas cartas. Um anjo? Cupido? Como a gente podia acreditar em algo assim? Ao mesmo tempo, eu não queria ter que dizer que era mentira, pois nem a Any e nem ninguém inventaria uma história dessas para ser contada depois de sua morte. Minha avó e Nour acreditavam com toda a certeza naquilo, mas eu, Josh e Heyoon ainda estávamos com um pé atrás.

— Eu nem deveria estar pensando nisso. — falei. — Caramba, a Any morreu! Vocês têm noção do que eu estou sentindo?

— A gente só quer que você acredite nela. — minha avó disse. — Eu notei quem ela era desde o primeiro momento que nós nos vimos.

— Olha, ela tinha uma força inexplicável. — foi a vez de Heyoon se pronunciar. — Às vezes não parecia normal.

— No dia da confraternização da empresa nós vimos ela na mata com algumas flechas douradas. — Josh disse. — Ela disse que não era pra contar a ninguém, mas eu acho que é relevante agora.

— Ela saiu dizendo que precisava fazer uma coisa. — parei para analisar os detalhes daquele dia. — E de repente eu e a Vanessa nos sentimos estranhamente atraídos um pelo outro.

— Ela fez isso? — Nour lamentou. — Eu disse para ela não fazer!

— Eu lembro dessas flechas douradas, ela disse que era relíquia de família. — soltei um suspiro. — Eu não acredito que ela atirou uma flecha em mim pra eu me apaixonar por outra pessoa!

— Bom, se ela era o seu cupido, esse era o trabalho dela. — Heyoon disse. — Mas por que não deu certo?

— Porque o Noah não ama a Vanessa. — nos assustamos ao ouvir a voz de alguém no canto da sala. — Eu posso explicar as coisas.

— Klaus? Como entrou aqui? — franzi a testa.

— Eu entro em qualquer lugar. — ele caminhou para perto de nós. — Muito prazer, eu sou Klaus, o arcanjo.

Tenho certeza que todos nós ficamos boquiabertos quando ele disse aquilo.

— Eu estive responsável pela situação da Any. Ela decidiu descer até a Terra porque se apaixonou por você e queria fazer você amá-la. Pra isso ela infringiu muitas regras, então o céu criou um prazo. Se você não amasse alguém dentro de cem dias ela iria para o limbo.

— O que é o limbo? — perguntei temendo a resposta.

— Um lugar abaixo do céu e acima do inferno. Não há nada lá. As almas ficam presas em um looping eterno de solidão e tristeza, vagando pela escuridão, enlouquecendo aos poucos.

— Não... — comecei a balançar minha cabeça negativamente. — Não é real. Nada disso é real. — esfreguei meu rosto com as mãos.

— E como a gente tira ela de lá? — Nour perguntou.

— A gente não tira. Ela está morta.

— Como assim eu não amei ninguém em cem dias? — me irritei. — Eu a amava! Isso não era óbvio!?

— Sim, isso era óbvio. — ele respondeu. — Mas você nunca falou.

— Falar!? Deus precisa de palavras pra acreditar em mim? Ele não sabe de tudo? Não está em todos os lugares? Por que o céu precisa de palavras?

— Porque amor não é suficiente. Você precisa ter coragem para admitir seus sentimentos e você nunca teve! — agora parecia que ele estava bravo comigo.

— Isso não se trata de coragem! Eu sempre achei mais importante demonstrar amor nas ações. As palavras não são nada, qualquer um pode dizer qualquer coisa!

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now