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ANG G.

A viagem de jatinho teve um desfecho péssimo para mim. Quando a turbulência começou, o medo de morrer e ir direto para o limbo me atingiu. Naquele momento eu entendi de fato que estava realmente viva. Agi totalmente por impulso, como um animal ferido precisando de colo. Em outras circunstâncias, eu jamais imaginaria que Noah me daria algum tipo de apoio se um dia eu pulasse em seus braços do nada, mas ele foi muito gentil, exceto quando a turbulência terminou e os ânimos diminuíram.

Depois que o perigo passou, ele voltou a ser o mesmo babaca de sempre e eu ainda cogitei em pedir desculpas por chorar em sua camisa, quando a única coisa que eu deveria fazer era mandar ele se envergonhar por ser tão cruel. Mas eu preferi ficar quieta e ignora-lo até que a minha chateação cessasse.

Com o coração mole que eu tinha, não demorou até eu estar sorrindo de novo, ansiosa para fazer tudo o que pudesse naquele hotel de luxo. Agora eu estava na área da piscina, sendo observada por Noah enquanto espalhava protetor solar por minha pele. Ele estava tentando disfarçar o interesse na minha imagem, mas estava falhando como qualquer homem tolo com testosterona elevada. Fiquei feliz em saber que o afetava naquela proporção.

Não era meu plano inicial usar a minha aparência para atraí-lo, porque qualquer uma poderia fazer aquilo e a única coisa que despertaria amor nele seria a minha personalidade. Sobre isso, eu achava que ele me via como uma amiga, uma irmã mais nova super chata, uma mosquinha irritante zumbindo em seu ouvido. Sobre a minha aparência, bem... Eu não podia ler pensamentos, mas deduzia que talvez ele estivesse imaginando como seria me tocar com um pouco mais de intensidade do que o que era considerado profissional. E se para chegar em seu coração eu tivesse que primeiro chegar em seu pau, tudo bem, eu aceito a condição.

— A água deve estar uma delícia. — falei inocentemente, ficando de pé e me espreguiçando.

— Sim... Uma delícia. — o ouvi dizer com a voz levemente mais rouca.

Olhei sutilmente para trás e o peguei olhando a minha bunda por cima dos óculos escuros. Pigarreei, tomando sua atenção para o meu rosto.

— Não vai entrar na piscina?

— Depois. — ele se ajeitou na espreguiçadeira e retirou a camisa térmica. — Vou aproveitar mais um pouco o calor do sol. — sorriu de canto, olhando para mim com malícia.

Eu engoli em seco e senti que minhas pernas iriam tremer se eu não saísse dali imediatamente. O desgraçado tinha mesmo que ser tão bonito sem camisa? O que era que tinha nessa genética?

Será que nossos filhos vão ser lindos assim?

Ok, hora de parar de fantasiar e me concentrar em não continuar babando tão descaradamente na frente dele. O pior era que ele olhava para mim como se soubesse o que eu estava pensando e não se preocupava em me olhar de cima a baixo como um predador analisando sua presa. A troca de olhares provocante seria o próximo nível do nosso flerte?

Dei as costas para ele e fui direto para a piscina. Entrei e mergulhei em seguida, nadando como uma forma de relaxar o corpo e a mente. Quando voltei à superfície e olhei na direção dele, o notei ainda me observando com seriedade, sem os óculos agora. O encarei de volta e nós ficamos assim por alguns segundos, até eu notar uma movimentação ao meu lado.

— Oi, meu anjo, você não me disse o seu nome. — o homem que me abordou quando cheguei ali nadou até mim com um sorriso galanteador, ficando na minha frente.

Olhei novamente para Noah, que agora pareceu ficar ainda mais sério depois que o homem se aproximou de mim. Eu sabia que um traço da personalidade de Noah era ser territorialista e podia usar aquilo a meu favor.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now