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NOAH U.

Dormi bem pouco naquela noite, mas dessa vez era por um bom motivo. Eu tinha que ver o que mais estava sendo falado sobre mim e tudo parecia maravilhoso. Conversando com Josh, ele disse que de certo modo minha popularidade estava até melhor do que antes dessa polêmica, já que agora eu era visto como um inocente que foi injustiçado por uma louca. Eu já estava prevendo o quanto a empresa se beneficiaria com isso e estava muito animado para voltar ao trabalho na manhã seguinte.

Após um longo debate por ligação com o meu pai, ele se convenceu de que nada do que dissesse me faria ficar em casa por mais tempo. Eu não precisava de um descanso, já estava parado há tempo demais. Além disso, eu não podia deixar que Marco se acostumasse a sentar em minha cadeira como se fosse o presidente oficial da empresa. Eu ainda estava bravo por causa da nossa conversa em Washington, quando ele me revelou de que Vanessa havia ido embora sem mim após ele convencê-la de que seria melhor que eu ficasse.

Não que a Vanessa ainda tenha alguma influência na minha vida, na verdade isso parecia cada vez menos real. É fato que todos os meus bloqueios em relação à outras mulheres haviam sido despertados quando eu a perdi, mas agora tudo estava diferente. Vanessa já não parecia ter a mesma importância que tinha antes.

E eu sabia exatamente a causa disso. Minha doce Any. Sim, minha. Eu não tinha que mentir pra mim mesmo, ninguém podia ouvir o que eu pensava e ninguém conseguiria usar essas coisas contra mim. Eu sabia que Any era a minha fraqueza, mas não pretendia dizer ou demonstrar tal coisa porque isso tornaria tudo real demais.

Olhando com o coração, Any parecia inofensiva. Bom, talvez ela pudesse derramar café quente em mim sem querer durante um de seus tropeços, mas no geral ela era realmente inofensiva. E mesmo tendo noção de que ela não parece o tipo de pessoa que me machucaria, eu olho para trás e lembro de que com a Vanessa também era assim. Minha ex namorada era pequena, tinha uma voz doce e um olhar inocente, mas conseguiu quebrar cada pedaço do meu coração, mesmo que sua intenção não tenha sido essa. Eu não queria sentir aquilo de novo.

Por isso que além das boas coisas que Any me fazia sentir também havia o medo. Se eu me envolvesse demais e ela resolvesse que já não me queria aquilo seria doloroso. Eu era ótimo em esconder o que sentia, mas era melhor ainda em sentir. Meus sentimentos tinham graus elevados e exagerados, coisa que eu não conseguia controlar. Eu queria ser frio, mas eu só sabia fingir que era.

Enquanto o meu medo continuava controlado, eu continuava a deixar Any entrar na minha cabeça e na minha vida.

De pé e revigorado, eu estava tão feliz que acordei dando bom dia ao sol. Abri bem as cortinas do meu quarto, cumprimentei Thor com um abraço e vários beijos e depois fui direto para o banho. Vesti um dos meus melhores ternos e depois de pentear o cabelo e espirrar um pouco de perfume em mim, eu fui até o quarto de Any para acordá-la.

Entrei sem bater e puxei seus lençóis, mas aquilo não foi o suficiente para despertá-la. Sendo assim, eu comecei a abrir as cortinas enquanto pisava firme no chão, satisfeito por estar usando sapatos barulhentos.

— É melhor levantar, Any, não pode se atrasar para o trabalho. — fui dizendo em alto e bom tom.

— O... que? — resmungou esfregando o rosto.

— Acabou, Any. — sentei na cama e sorri para ela. — Sadie confessou que foi tudo uma armação. As pessoas estão oficialmente me perdoando.

Any demorou alguns segundos, mas enfim pareceu entender onde estava, quem eu era e do que eu estava falando. Ela sorriu satisfeita, mas não ficou tão animada quanto eu achei que ficaria. Sua reação foi a mesma de quando, em uma manhã, eu disse que havia sobrado pizza da noite anterior.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now