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ANY G.

As brigas entre o céu e o inferno certamente eram as piores. Posso jurar que senti tremores sob os meus pés a cada vez que Klaus e Jack gritavam um com o outro. Jack não conseguia aceitar que eu havia escolhido flechar a Vanessa e Klaus estava tão impaciente que só repetia para o demônio desaparecer.

Não lembro em que momento eles pararam de discutir, mas lembraria se eu não tivesse desmaiado. Quando acordei, senti um incômodo em meu peito, mas estava me sentindo melhor do que quando acordei pela manhã. Meus olhos demoraram a se acostumarem com a luz, mas logo tudo ficou mais nítido. Tentei me mover, mas alguém me impediu.

— Apenas relaxe. — Nour, que estava ao lado da cama, disse.

— Por que eu estou numa cama de hospital? — estranhei.

— O doutor Jackson fez alguns exames. Ele disse que é anemia, mas não é grave. Você precisa se alimentar direito. — era estranho ver que ela estava bem mais doce agora.

— O que você está fazendo aqui?

— Me ligaram daqui. Você disse a eles que eu era sua parente mais próxima e eles pediram para que eu viesse fazer um teste de compatibilidade caso você precisasse de uma doação de sangue.

— E você fez esse teste. — constatei.

— Fiz. E só por curiosidade eu pedi um exame de DNA. Deu positivo. O doutor Jackson sugeriu que testássemos o nosso ADN mitocondrial. Eu não sei explicar direito como isso funciona, mas basicamente ele diz se temos a mesma mãe ou o mesmo pai. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que somos irmãs maternas? — suspirou. — Você falou a verdade, não falou?

Apenas assenti, pois se falasse alguma coisa acabaria chorando.

— Eu falei com a Amelia e ela me explicou um pouco sobre o porquê você está aqui. Mas ela não sabe o quê exatamente você é. — sentou-se ao meu lado na cama e segurou minhas mãos. — Pode me contar?

— Você não pode saber o que vem depois da morte.

— É ruim?

— Eu não diria dessa maneira. — sorri de canto. — Não se preocupe com isso, Princesa Mad.

— Você nunca esqueceu isso? — riu. — Eu pareço mais velha do que você agora.

— Mas vai ser sempre a minha princesa.

Os olhos dela embargaram e de repente ela me envolveu em seus braços e me abraçou de maneira apertada. Era bom ser reconhecida finalmente como sua irmã e poder tratá-la como tal.

— Você me trouxe flores? — perguntei depois de nos soltarmos e eu notar um jarro com orquídeas dentro.

— Não. Foi o Noah. Ele esteve aqui a tarde inteira e saiu há poucos minutos pra comer algo. Já deve estar voltando.

— Ah, droga... — esfreguei os olhos.

— Qual o problema? Você tem que fazê-lo encontrar sua alma gêmea e me parece que ela é você.

— Não, não sou eu. Para todos os efeitos, eu nem deveria estar aqui. Não me sinto mais parte disso.

— Pare de ser teimosa consigo mesma! — revirou os olhos. — E daí que você não deveria estar aqui? Você está. Você é a falha no destino e isso te dá poder pra fazer o que quiser, como ser a alma gêmea dele.

— Você é doida por essas teorias da conspiração, não é? — sorri. — Vai ficar tudo bem. Eu vou flechar a Vanessa, a pessoa mais compatível com ele até hoje.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now