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ANY G.

Tudo estava meio confuso. Não havia nada além de escuridão e silêncio, mas aos poucos eu comecei a ouvir vozes, murmúrios que pareciam vir de longe e que se aproximavam gradativamente. Meu corpo parecia pesado, assim como minhas pálpebras que eu custei a abrir. Finalmente a luz chegou em minha retina e minha visão embaçada foi aos poucos ficando nítida.

— Any? Você está bem? — ouvi alguém preocupado perguntar ao meu lado.

Recobrei todos os sentidos e tomei fôlego olhando ao redor para entender onde eu estava e o que estava acontecendo. Ao meu lado, Noah estava agachado segurando a minha mão e me olhando apreensivo. De repente uma outra pessoa tocou o meu rosto, aproximando uma pequena lanterna do meu olho enquanto afastava minhas pálpebras.

— Seus sentidos respondem à luz. — outra voz masculina disse. — Ela está bem, deve ter sido apenas uma queda de pressão.

A lanterna saiu da minha visão e então eu me deparei com Jack agindo como um médico me analisando. Imediatamente eu tentei levantar para sentar, mas Noah me impediu.

— Devagar. Você desmaiou. — ele disse com cautela.

— Desmaiei? — franzi o cenho.

— Sim. — Jack respondeu. — Eu expliquei que você estava passando mal no corredor dos banheiros e eu notei. Como médico, tinha que averiguar se estava tudo bem. Assim que o Noah apareceu te procurando você desmaiou, mas eu te segurei antes que caísse no chão.

— Onde nós estamos? — eu não reconhecia a pequena sala.

— Ainda estamos no restaurante. É a sala de descanso dos funcionários. Deixaram a gente te trazer pra cá. — Noah disse. — Muito obrigado por tê-la ajudado, doutor Jackson.

— Imagina, é um prazer. — sorriu. Se Noah o conhecesse como eu conhecia, veria o sarcasmo em seu tom. — E por favor, apenas Jack. — estendeu a mão para Noah e os dois se cumprimentaram. — Ela vai ficar bem, é só comer alguma coisa. Ainda bem que isso é um restaurante, não é? — riu. — Aproveitem a noite de vocês.

Antes de sair da sala, Jack piscou para mim. Devagar eu sentei no sofá e tentei me lembrar da última coisa que aconteceu antes que eu apagasse. Na verdade não aconteceu muita coisa. O silêncio constrangedor continuou até Jack me encarar e eu ver que seus olhos mudaram de cor por uma fração de segundos. Ao invés dos belos olhos verdes, eles viraram um vermelho vivo, quase da cor de sangue. E aí eu fiquei tonta e tudo ficou escuro. Ele me fez desmaiar? Ele podia fazer isso? Por que ele fez isso?

— Quer prosseguir com o jantar? — Noah sentou ao meu lado e segurou meu rosto com uma das mãos. — A proposta de te trancar na minha casa ainda está de pé se você preferir ir embora.

Sorri fraco e aproximei meu rosto do dele, lhe dando um beijo calmo e que durou poucos segundos.

— A gente pode pedir uma pizza?

— Sim. — riu.

— Mais uma coisa. — fiquei séria. — O que você e o Jack... doutor Jackson... O que vocês conversaram?

— Nada demais, só estávamos focados em você. Por que?

— Ele está aqui com a Bree.

— Sério? — ergueu as sobrancelhas surpreso. — Quantas coincidências! Ele foi o médico que me atendeu no dia em que eu ajudei naquele acidente.

— Pois é, parece que ele está em toda parte de propósito, não é? — forcei um sorriso.

— Isso seria bem louco e assustador. — riu mais uma vez.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now