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ANY G.

Acordei assustada com o barulho de música alta na manhã seguinte. Logo, pude reconhecer o som que tocava.

Jailhouse Rock de Elvis Presley.

Eu odiava ser acordada, mas pelo menos havia sido acordada por música boa. Saí da cama, vesti um robe sobre o pijama e fui para a sala. Encontrei Jack dançando aquele rock clássico dos anos sessenta com uma vassoura como sua parceira. Ele estava de meia, seus pés deslizando pelo piso enquanto ele cantava junto com a letra que falava sobre um show de rock em uma prisão.

— Infeliz aniversário! — declarou largando a vassoura, vindo até mim e me puxando pela cintura, guiando-me a dançar com ele.

— Aniversário!? — espantei-me.

— Sim, amorzinho. — girou-me e depois me agarrou de volta. — Bem vinda aos setenta anos! Você parece ótima para a idade. — brincou.

Nem me dei conta de que era meu aniversário. Olhar o calendário me causava tanta dor – literalmente – que eu vinha evitando olhar para aqueles números.

Comecei a rir enquanto Jack me fazia balançar por todo o apartamento, fazendo passos de rock clássico enquanto eu o acompanhava. Estava com saudade daquela dança, era uma pena que as pessoas haviam parado de se mover assim nas baladas.

— Vamos parar com a bagunça!? — a voz de Klaus se fez presente, seguida da diminuição do volume da música.

Olhei para ele que estava vindo da cozinha, usava um avental e com um bolo em mãos. A cobertura era azul clara e havia a frase "Happy Birthday Any!" em branco, além de uma vela número sete e outra número zero.

— Ok, vamos fazer isso da maneira tradicional. — Klaus pegou um isqueiro para acender as velas.

— Eu faço isso, sei lidar com fogo melhor que você, anjinho. — Jack o alfinetou.

— Se me chamar de anjo de novo eu vou arrancar a sua língua. — Klaus se irritou.

— Parem de palhaçada. — ri e peguei o isqueiro para acender eu mesma. — Meu último aniversário. — suspirei.

— Não precisa ser. — os dois disseram ao mesmo tempo e depois se encararam.

— Você ainda pode se juntar a mim. — Jack disse.

— Ainda pode flechar a Vanessa. — foi a vez de Klaus dizer a sua proposta.

— Será que eu ainda me lembro da letra de "parabéns pra você"? — ri, ignorando os últimos comentários dos dois. — Podem começar.

Entre palmas e cantorias, eu olhei o pavio da vela sendo queimado e aquilo pareceu uma cena um pouco dramática do que me estava por vir. Meu tempo estava se esvaindo assim como aquele pavio consumido pelo fogo.

Quando o arcanjo e o demônio terminaram a música, eu me esquivei e soprei as velas, fazendo um pedido silencioso na minha mente.

Que Noah seja feliz do que jeito que tiver que ser.

Depois de apagar as velas, eu senti uma tontura e um incômodo se formou em minha garganta. Klaus e Jack começaram a discutir sobre quem iria cortar o bolo e não perceberam que eu estava passando mal. Soltei uma tosse forte e acabei soltando uma quantidade significativa de sangue que pintou o azul do bolo com gotículas vermelhas.

Klaus ficou boquiaberto e Jack fez uma cara de nojo.

— Isso foi rude. Demorou para a cobertura ficar pronta. — Jack reclamou.

Fui até o sofá e me sentei até que aquilo passasse. Os dois vieram até mim e se sentaram um de cada lado.

— Acho que chegou a hora de falar sobre isso. — Klaus disse seriamente.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now