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NOAH U.

Eu havia acabado de chegar à casa de Nour para buscá-las. Enquanto Any e Heyoon ainda se arrumavam no andar de cima, eu fiquei jogando conversa fora com a Nour.

— O seu pai ainda quer puxar o seu tapete? — ela perguntou em tom de piada, mas eu sabia reconhecer o ressentimento em sua fala toda vez que ela dizia alguma coisa sobre os meus pais.

— Ele sossegou depois que eu passei por tudo aquilo com a falsa acusação da Sadie.

— Ao menos ele tem um pouco de juízo naquela cabeça de vento. — riu.

— Sabe, eu tenho uma curiosidade. — a olhei atentamente. — Você e os meus pais sempre estão em atrito e eu nunca entendi o porquê. Os meus avós praticamente a criaram, não?

— Sim. Nathan e Amelia são as melhores pessoas que eu já conheci e serei eternamente grata por tudo o que fizeram por mim. Eu e o seu pai sempre fomos muito amigos, mas ele começou a namorar a Wendy e as coisas mudaram. Sua mãe é muito possessiva.

— Por mais que eu concorde que a minha mãe possa ser exagerada em suas demonstrações de afeto, ela jamais implicaria com alguém sem um motivo.

— Então a culpa é minha por sua mãe ser uma insuportável? — revirou os olhos.

— Nossa! — eu ri sem graça.

— Desculpe, Noah, eu não quero ofendê-la na sua frente.

— Tudo bem, eu acho. — continuei a sorrir. — Um dia vocês vão resolver isso.

— É, tanto faz. — deu de ombros. — Mudando de assunto... a Any anda um pouco pra baixo desde que saiu da sua casa. Você disse algo que não deveria?

— Por que acha que eu sou o culpado do estado emocional dela? — apesar de manter um tom de inocência, eu sabia bem que talvez eu tivesse culpa naquilo.

— Vamos lá, você não esconde nada de mim. — cerrou os olhos desconfiada. — O que está acontecendo entre vocês?

— Nada.

— Eu nunca vi você tratando nenhuma assistente com tanta intimidade quanto trata ela.

— Passou pela sua cabeça que talvez eu só esteja querendo ser mais gentil?

— Você? Querendo ser gentil? — e então ela começou a rir alto. — Noah, você não é gentil sem que haja uma motivação maior.

— O que está querendo insinuar? — me mantive sério, tentando mostrar que aquela conversa não estava me agradando.

— Que você gosta dela.

— E-eu? — aquele travamento na minha garganta foi involuntário.

— Vo-você. — afirmou de maneira sarcástica. — Mas tudo bem, ela também gosta de você.

— Gosta? — ergui as sobrancelhas. — Quer dizer... — pigarreei. — Você está dizendo besteiras.

— E você é um ator horrível, deveria se inscrever na minha turma de teatro.

Antes que eu retrucasse, Any e Heyoon começaram a descer as escadas. Olhei para Any e fiquei instantaneamente de pé, um cavalheirismo totalmente automático, vale ressaltar. Eu não estava pensando direito e como poderia? Ela estava... Existiam palavras capazes de expressar o que eu achava e sentia sobre a sua aparência? Linda não parecia ser um termo suficientemente capaz de descrevê-la.

Fiquei tão hipnotizado com a visão dela vindo até mim que esqueci de me comportar como um ser humano, ficando parado com os lábios levemente entreabertos em uma expressão abobada e nenhum pouco discreta.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸOnde as histórias ganham vida. Descobre agora