Capítulo 2: Conversas banais

5.9K 478 200
                                    

"Qualquer coisa > abismo > submundo > Diogo Almeida. ── Samuel."

FERNANDA

As pessoas podem dizer que eu sou meio maluca, mas ninguém nunca tentou entender realmente todo meu ânimo para os começos de anos letivos. Elas me acham malucas por gostar do começo das aulas, e eu as acho malucas por não gostarem disso. Ah, qual é? Não tem coisa mais legal do que inícios de ano letivos.

É todo aquele sentimento de reencontro com tudo. Com os amigos, professores, com as tias da limpeza, com a comida maravilhosa da cantina, com tudo mesmo. Ok, tem também suas desvantagens, mas isso fica para o decorrer do ano; No primeiro dia de aula é tudo tão legal que não tem como alguém odiar esse dia. Mesmo que as aulas tenham começado em uma segunda-feira esse ano.

Todos os meus primeiros dias de aulas tinham sido legais. Tirando o ano que peguei caxumba e não tinha condições de aparecer no Juca no primeiro dia de aula. Nem quase três semanas depois disso. Enfim, foram dias realmente muito legais e cheios daquela sensação de reencontro e a maravilhosa sensação de colocar a comida da cantina na boca.

Até que esse último primeiro dia de aula tinha chegado.

Foi um tanto que esquisito acordar na segunda e saber que aquele era meu último primeiro dia de aula no Juca. Ano que vem eu não teria isso de voltar para reencontrar as coisas e pessoas que eu mais gostava. O colégio que foi a minha segunda casa durante toda a minha trajetória de ensino infantil, ensino fundamental e então ensino médio, não seria mais a minha casa no próximo ano. E nem nos outros que seguiriam.

Sério, é meio estranho ficar pensando nisso, mas não consegui ainda parar de teclar nesse assunto. Minhas divagações estão focadas no assunto: surpresa, mas ano que vem você não vai voltar pro Juca, Fernandinha. Sabe porquê? Chegou o seu ano de ser bixo em alguma faculdade!

E a ideia me assustava. Muito.

Assustava tanto que meu último primeiro dia de aula foi uma merda.

Os professores pareciam carrancudos, meus amigos pareciam carrancudos, até as tias da limpeza que são as pessoas mais bacanas do Juca não pareciam no seu melhor dia. E continuou piorando quando cheguei na cantina e descobri que o cardápio daquela vinte e nove de fevereiro era cereal com leite. Uma ótima opção para uma pessoa que tem intolerância a lactose.

Horas mais tardes ─ enquanto esperava a minha mãe fechar a estética ─, descobri que não eram as pessoas que estavam carrancudas naquele dia ou que as tias da limpeza estavam em seu pior dia, mas sim era eu que estava daquela maneira. Culpei todas as pessoas que trabalhavam no Juca pelo meu péssimo dia de aula, para no fim, descobrir que quem tinha tornado tudo uma verdadeira droga era a queridinha aqui.

Parabéns por isso, Fernanda Marcondes. Meus sinceros parabéns.

Minha decepção era tanta por conta disso que me encontrava aqui, já na segunda semana de aula, e me lamentando por esse trágico incidente. E o pior disso tudo era que eu não poderia consertar isso no próximo ano por motivos bem óbvios.

Certo, chega de pensar nisso e volta a focar no que está acontecendo agora e não no que aconteceu.

Decidi dar a devida atenção a Giulia naquele intervalo e voltei a focar minha atenção a música que saía do fone de ouvido, e já me senti mais animada quando fui contagiada pelo ritmo da música. Comecei a movimentar meu corpo de um lado para outro, fazendo com que o corpo da Giu acompanhasse o meu.

Giulia realmente sabia como deixar um intervalo melhor com as suas músicas.

Minha melhor amiga retirou seu fone da orelha e fiz o mesmo, me preparando para começar alguma conversa. Era sempre assim, começávamos o intervalo dividindo um fone de ouvido, depois uma conversa surgia do nada e, por fim, os garotos apareciam e tudo ficava uma bagunça. Ah, e a melhor parte: íamos finalmente para a minha tão amada cantina comer.

30 Coisas Para Fazer Antes da Faculdade | ✓Where stories live. Discover now