Capítulo 26: Bela Adormecida versão Pedro Ferreira

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"Foi você o sonho bonito que eu sonhei... ── Samuca."

FERNANDA

17 - Fazer uma tatuagem. QUERO NEM SABER DOS MEDOS DE AGULHA;

Pedro é um idiota.

E eu sempre soube disso. Tipo, sempre mesmo. Acho que este é um fato constatado ─ e comprovado ─ desde o momento em que pus meus olhos pela primeira vez nele, lá quando nós tínhamos nove anos; bastou que a minha versão de nove anos olhasse por meio segundo para aquele garoto que usava um boné vermelho ─ e se achava o dono de tudo ─ para saber que ele era um idiota. Ele nem precisou abrir a boca e eu já soube: o garoto novo da nossa turma que usa usa um boné vermelho é um idiota.

Com muito orgulho ─ da minha parte porque da parte da minha mãe não ─ eu já sabia aos nove anos o que idiota significava. E mais um monte de palavras que não são adequadas para crianças de novo anos também; obrigado pelos mimos, pai. De qualquer forma, quando afirmei para Giulia que Pedro era um idiota, eu já sabia que ele seria um idiota.

E eu tinha razão, viu?

Minhas palavras não apenas concretizaram aquele fato como o passar dos anos apenas comprovou ainda mais a minha razão. Mas sabe quem mais é uma verdadeira idiota?

Isso mesmo, eu, Fernanda Marcondes.

─ Você vai acabar machucando a mão desse jeito, pingo. ─ revirei os olhos por conta do apelido e porque eu sabia que meu pai tinha razão: eu acabaria machucando a minha mão desse jeito. ─ Vai com calma. Esse saco de areia não fez nada para você.

Então, é, aqui estamos: em uma academia de luta.

Uhul.

Meu pai é frequentador assíduo desse lugar e sempre que posso dou uma passada por aqui, mas, especialmente hoje, o saco de pancadas era muito mais que necessário já que eu ainda não tinha conseguido superar toda aquela história de test drive do Pedro.

E, bem... Melhor um saco de pancadas do que a cara dele, né?

─ Ah, mas a cara da pessoa que está no saco nesse momento, fez sim. Fez muito. Aquele babaca e idiota e...

Meu pai, como bom ouvinte que ele sempre era, apenas continuou com os braços cruzados e encarando a cena que se desenrolava na sua frente: a única filha estava completamente fora de si e esmurrando com toda frustração e raiva um dos inúmeros sacos de areia que a academia ali possuía.

Não era uma cena a qual meu pai estava muito acostumado, sejamos sinceros.

─ Você quer que eu dê um soco na cara da pessoa que você está imaginando que seja o saco de pancadas?

A ideia era tentadora, até certa parte. Seria maravilhoso ter meu pai confrontando Pedro e ver Pedro todo assustado, sem saber o que fazer com o monte de músculos aterrorizante que meu pai era quando queria. Na verdade, a ideia era muito mais que tentadora.

Mas eu sabia que era muito errado mandar um homem de quase cinquenta e cinco anos confrontar um garoto de apenas dezoito; então, infelizmente, por mais tentandora que a ideia pudesse ser, ela nunca iria acontecer porque, ao contrário de Pedro, eu tenho um cérebro e o uso antes de sair por aí tendo as piores ideias do mundo.

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