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Capítulo 10: Merthiolate não arde

"Ata. ── Samuel."

FERNANDA

09 - Aprender algum esporte ou exercício ex: bicicleta, patins, patinete, skate, pular corda, etc;

11 - Fazer um vídeo cantando "Evidências", com o diretor Sérgio;

Mais um maravilhoso dia se inicia na bela cidade do Rio de Janeiro.

Ok, não era um dia tão maravilhoso assim e nem era por culpa do tempo, não. A culpa dessa vez era da Giulia e da maravilhosa ideia de realizar mais dois itens da lista. E, sendo sincera, o primeiro item era o mais sensacional de toda aquela lista! Fazer um vídeo com o nosso diretor enquanto cantamos Evidências ─ maior hino desse Brasil ─ ia ser uma daquelas coisas que o Samuel com certeza ia jogar na internet e íamos ser zoados eternamente.

Não tenho nenhum problema em pagar micos ao vivo e nem deles serem eternizados nas redes sociais, mas agora me forçar a aprender a andar de bicicleta? Isso já era demais. O item nove era o mais abominável da lista.

Juro que tentei ─ tentei mesmo ─ convencer a Giu de me deixar como espectadora dessa vez; Se em quase dezoito anos de existência eu não havia aprendido a andar de bicicleta, um bom motivo deveria existir. Mas alguém realmente acha que a minha melhor amiga me deu ouvidos? Claro que não, foi bem ao contrário disso, eu falei para Giulia: "ei, será que posso só ficar sentada vendo vocês quase se matarem enquanto aprendem a fazer algo?" e recebi como resposta: "já comprei um capacete e joelheiras para você, não se atrase.".

─ Nós, definitivamente, somos as pessoas mais azaradas do universo. ─ parei de brincar com a maçã em minhas mãos e passei a prestar atenção no jornal que Giulia jogou em cima da mesa. ─ 09, 13, 26, 35 e 47.

─ Hãn?

─ Os números da Mega-Sena!

Dei uma passada de olho bem rápida nos números sorteados, não ficando nada surpresa em ver que nós nem chegamos perto de acertar algum e não entendendo o motivo da minha melhor amiga ficar tão irritada com isso. Era meio óbvio que cinco adolescentes azarados não iriam acertar os números da Mega-Sena.

Giulia voltou sua atenção para o celular que começou a tocar, me deixando sozinha ali na cozinha da sua casa e sem saber ao certo se eu realmente queria comer aquela maçã. Novidade ou não, a fome não se fazia presente no meu corpo naquele momento. Na verdade, todo o pânico que eu possuía de bicicletas resolveu aparecer naquele dia e não parecia disposto a me largar.

─ Ok, a gente se encontra lá. Tchau. ─ ela voltou a guardar o celular no bolso e me olhou. ─ Vamos indo? Samuca acabou de me ligar avisando que eles já estão a caminho do parque.

Giulia me conhecia tão bem, mas tão bem que bastou ela olhar para a minha cara para perceber que meu plano era sair correndo pela porta e não ir à porcaria nenhuma de parque. Eu vivi quase dezoito anos muito bem sem aprender a andar de bicicleta, porquê agora, depois de tanto tempo, eu fosse querer aprender a andar? Mas nããããããããão, claro que não! Para os meus amigos era uma coisa horrível não saber andar de bicicleta e eles iriam me ajudar com aquilo.

─ Não adianta me olhar com essa cara de quem está planejando fugir pela janela, Nanda. Hoje você vai aprender a andar de bicicleta e mal pode esperar por isso!

É, e eu mal podia ─ realmente ─ esperar por isso.

[...]

Pedro mora perto de um parque que possui uma pista de skate e uma enorme ─ sério mesmo, enorme ─ pista de patinação e seria ali que nós seriamos obrigados a levar vários tombos enquanto tentávamos aprender a andar de bicicleta (o meu caso), patins, (no caso de Giulia e Samuca) e skate que seria algo entre Pedro e Gustavo. Maldita seja a pessoa que resolveu criar aquele item na lista.