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Capítulo 28: Tudo o que eu quero de Natal é...

"... continuar tendo a amizade de todos vocês. ── Pedro."

PEDRO

28 - Trabalhar de ajudante de Papai Noel perto do Natal;

- Melhor não brigar. Melhor não chorar. Melhor dormir cedo. E cedo acordar...

- Meu Deus, a pessoa que compõe músicas natalinas para crianças deve ser demitida urgentemente. - resmunguei, olhando a enorme fila que parecia não diminuir e apenas aumentava.

- Pedro! - o cotovelo de Giulia, de uma maneira nada sútil, atingiu meu estômago.

E o que eu fiz? Isso mesmo, tive que continuar sorrindo.

Porque, aparentemente, os duendes do Papai Noel precisavam sorrir até mesmo quando a Mamãe Noel resolvia ser violenta. Olhei para Giulia da pior maneira possível e elas apenas sorriu, continuando a cantarolar a música natalina que ressoava pelos alto falantes da La Padoca.

- Tá chegando o Papai Noel.

Então, véspera de Natal.

Quando paro para pensar no quanto esse ano passou voando - literalmente - até fico assustado, mas então lembro que a tendência a partir de agora é que absolutamente tudo na minha vida passe voando porque, segundo a minha madrasta, depois dos dezoito anos a vida passa feito um borrão. Não tive tempo de ficar assustado com isso, fui logo para a parte que eu estava cagado de medo porque não quero que a minha vida passe num piscar de olhos.

Fernanda deu boas risadas quando disse que, obviamente, a minha vida não iria passar num piscar de olhos agora que eu tinha dezoito anos. Mas que sim, as coisas poderiam parecer passar mais rápido. Não sei se isso ajudou muito, mas preferi acreditar que a minha namorada tinha razão e tudo ficaria bem; não era como se um dia eu fosse acordar e ter dezoito anos e, num simples piscar de olhos, já ter oitenta.

Uma criaturinha que aparentava ter uns oito anos de idade pisou no meu pé - com força - quando passou na minha frente, indo em direção até onde o Papai Noel mais fajuto de todos estava sentado. Aparentemente, as crianças não eram minhas fãs número um, mas amavam o Samuca vestido de Papai Noel.

Enquanto Samuca escuta com atenção a lista imensa de presentes que aquela criaturinha tem, olho para Gustavo e Fernanda que também estão vestidos de duendes - ou como Giulia disse que somos, os ajudantes. Ela está radiante de Mamãe Noel, distribuindo pirulitos pra qualquer criança que se aproxima enquanto eu sou obrigado a tirar fotos e ter meus pés pisados.

Tenho vontade de dizer para todas aquelas crianças que são os duendes que fazem todo o trabalho pesado enquanto o Papai Noel e a Mamãe Noel levam a fama, mas basta trocar um único olhar com Fernanda para que minha boca fique fechada.

As crianças amam ela. Erradas elas não estão, né?

O que é muito injusto porque estamos literalmente iguais e ela é tão duende quanto eu sou duende no dia de hoje, mas ninguém está pisando no pé dela. Talvez seja o sorriso. O sorriso dela é lindo demais e não tem como alguém ser imune a ele. Até eu começo a sorrir feito um bobo completo quando vejo ela sorrindo para as crianças...

Ai, cara, eu tô muito apaixonado mesmo.

E isso é incrível.

Depois da formatura, as coisas entre Fernanda e eu estão maravilhosas.

Ela me perdoou totalmente e estamos vivendo a melhor fase do nosso relacionamento. Mesmo que a gente não se veja mais todos os dias já que estamos oficialmente fora do colégio, nós sempre damos um jeito nisso. Ela vai com a mãe para a estética todos os dias enquanto eu fico jogando LOL - e escutando minha mãe dizer que preciso arrumar meu quarto -, mas no fim do dia, vou até a casa dela ou ela vai até a minha. Tive que dar razão para a minha mãe sobre a organização do meu quarto, infelizmente. A cara de poucos amigos da Fernanda quando viu a minha bagunça quase me fez sentir culpado. Quase.