Nemtsi e Selvagens - As almas cativas

Capítulo 16

Capítulo 16

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      Desceram a escada e subiram o jardim até a varanda. Passaram pela sala, onde Reinis e Lars estavam.

      - Eu já volto - disse Andrey a eles e subiu a escada com as sacolas puxando Asia. Laura foi atrás deles.

      Pararam em frente à porta do quarto de Slauka. Andrey olhou nos olhos de Asia e disse:

      - Não esqueça o que te pedi. Deixe Daina tentar antes - Andrey pousou a mão em seu rosto, lhe deu um beijo rápido e entregou as sacolas; em seguida, sem olhar para Laura, desceu a escada.

      Laura segurou Asia pelos cotovelos e a conduziu ao quarto, fechando a porta atrás de si. Slauka estava sentada no meio da cama com as pernas cruzadas, agarrada a uma enorme almofada. Balançava um pouco seu corpo com os olhos fixos no beiral da cama, murmurando que Lars era mau.

      Asia contornou a cama e sentou-se no canto, olhando para Slauka, que parou de se balançar, desviou seus olhos para ela, examinou-a um pouco com os olhos estreitados e disse:

      - Ondrej precisa fazer a barba. - inclinou o corpo para o lado e deitou a cabeça sobre o colo de Laura, que havia sentado ao seu lado. Fez isso com um movimento que lembrava o de uma gata manhosa, e logo Laura estava acariciando seus cabelos, da mesma maneira que sua mãe havia feito pela manhã.

      - Deixe de ser dramática, isso não ajuda em nada. Só você mesmo para deixar Lars tão alterado - disse Laura à Slauka com carinho e certo tom de reprovação.

      Asia ficou olhando para elas um pouco perplexa, pois começava a ver Slauka de um modo diferente. Ela percebia a influência que Slauka exercia sobre Andrey e sobre todas as pessoas daquela casa. Asia se perguntou se Slauka usava sua extraordinária beleza e charme para conseguir tudo o que queria.

      - Já percebeu que sou diferente, não é? - afirmou Slauka olhando para Asia e adivinhando suas impressões - Sou a causa de todos os problemas. Sou o porquê de não podermos ser expostos a julgamentos, o porquê de termos de ser discretos e distantes de todos. "EU" sou o grande problema! Eu sou "Selvagem" e é proibido nos abrigar e permitir nossa convivência. Se me descobrirem, serei presa e condenada à morte, juntamente com Lars.

      Asia ficou inerte olhando para ela. De alguma maneira, saber que Slauka era Selvagem não a surpreendia nem assustava tanto. Já imaginava que seria algo sério e, apesar de ter sido instruída de como os Selvagens eram perigosos, era muito fácil gostar de Slauka. Apesar de seu jeito, ela não parecia ser uma ameaça; não era como a mulher Selvagem que tanto a assustou em seu sonho recente. Mas Asia entendia a gravidade dos atritos com Vladímir:

      "Ele já caçou Selvagens no passado. Vladímir é um enorme risco para Slauka, e Andrey os está expondo. Que leis são essas que condenam pessoas como Slauka à morte? E Lars?" Asia estava absolutamente surpresa que leis assim pudessem existir. Entendeu por que Lars estava tão aborrecido com Andrey.

      - Mas a culpa disso tudo, de tudo o que está acontecendo agora, é de Vladímir, - continuou Slauka irritada, porém sem alterar sua postura - ele atrapalhou tudo, éramos nós que deveríamos ter encontrado você.

      - Temos que ser discretos - afirmou Laura olhando ainda para baixo, depois, inclinou o rosto para Asia. - Vamos resolver isso da melhor maneira possível. Temos que ser cuidadosos com Vladímir, mas realmente não vejo porque tanta confusão. Vladímir não sabe de nada e eles são culpados pela maneira grosseira que trataram você. Ele vai ter que se desculpar pelo comportamento dos dois irmãos e o dele mesmo. Mamãe irá usar isso como argumento.