The Fabric Is about to Fray

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Eu tenho mais ou menos oito horas para arrumar a maior bagunça da história da vida de Layla Brown.

Depois de tantos anos, eu finalmente sinto como se enxergasse um caminho a seguir. E não há névoa nele. Está tudo muito claro.

Não consigo controlar o sentimento que ressurgiu dentro de mim nos último dias. Não posso fingir que ainda odeio Taylor, quando claramente a única coisa que eu quero, que eu preciso, é tê-lo junto de mim de novo. Meu estômago se aperta quando penso nisso. Não tenho plena certeza de que é isso que ele quer também. Mas nós vamos conversar. Eu vou dizer pra ele que estava possuída por mágoa e rancor quando fugi. Talvez ele me deteste por isso, por ter escondido o motivo por tanto tempo. Mas eu vou correr esse risco. Não há outra alternativa.

E Paul. Meu querido Paul, tão amável e tão importante.  Não há a menor condição de manter esse relacionamento depois dessa semana. Sim, lá se vai outro noivado. Taylor vai saber sobre ele. E Paul vai saber sobre Taylor. E talvez eu fique sem nenhum deles. Mas é o certo, não é?

Sentada no banco de trás do carro, aperto as mãos com força. Estamos rumo ao local do casamento de Ellie, onde faremos um ensaio da cerimônia. Estou em pânico, mas estou leve. A sensação é ótima.

O casamento vai acontecer num lindo jardim e a recepção em um salão próximo, todo branco e envidraçado, lembrando uma estufa. É muito bonito. O tempo está ensolarado e agradável. Me sento em uma das cadeiras já posicionadas na nave montada para a cerimônia. Meu coração se aperta ligeiramente quando eu me lembro de que poderia estar fazendo ou já ter feito o mesmo que Ellie: me casar. E com Taylor.

Se eu não tivesse enlouquecido completamente e as coisas não tivessem saído do controle como saíram.

Olho para o lado para tentar me livrar do pensamento, e meu peito se enche de excitação. É a mesmíssima emoção que senti quando fui assistir àquele show em que Taylor mudou a banda para tocar a versão elétrica de "Layla" para mim. As entranhas se contraem, sobrem e descem, como numa montanha-russa. Mas eu estou cheia de energia.

Ele é lindo. Lindo.

Conforme ele se aproxima, percebo que não está sozinho. As mãozinhas no seu pescoço e perninhas na cintura entregam que ele carrega uma criança nas costas. Ele olha pra mim e sorri, um pouco contido, mas eu me levanto e caminho até ele. Taylor se curva para trás, e a criança coloca os pés no chão, mas tão logo faz isso, corre para as pernas dele e se segura em uma delas. É uma garotinha ruiva. Jane.

Minha mão é atraída para o meu próprio ventre como um ímã. Esse sonho de ter tido um filho com Taylor normalmente me dá tanta raiva... E, com ele ali segurando uma criança dele, mas não minha, penso por um segundo que posso querer matá-lo e sair correndo novamente. Mas não acontece. O ressentimento passa pela minha cabeça como uma sombra. Minha única vontade, ainda incompreensível para quem passou tantos anos cultivando tanta angústia, é abraçá-lo. Ele olha para a menina que bate na sua coxa em altura e depois para mim.

_ Essa é a Jane.

Eu sorrio pela maneira um pouco comedida como ele apresenta a filha e me agacho. _ Oi, Jane! Que linda você é!

_ Quem essa, papai?

_ Essa é a Layla. Fale oi, Jane, não seja mal-educada.

Me levanto e fico feliz que ele não falou que sou uma  "velha amiga do papai". Jane solta da perna de Taylor, passa as palmas das mãos no vestidinho xadrez e me estende uma delas. Ela é realmente adorável.

_ Muito prazer, Layla. Meu nome é Jane. Como vai?

Seguro a mãozinha de Jane. O aperto é forte para uma criança de cinco anos. _Muito prazer, Jane. Estou bem e você?

A Tempo [completa]Where stories live. Discover now