Don't Go Telling Me Lies Tonight

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É como se eu tivesse entrado na contramão de uma rodovia. Há todos esses barulhos altos vindo de todos os lados, e eu sei que preciso fazer alguma coisa para sair dali, mas estou paralisada. É isso. Estou imóvel, inerte, no meio de uma estrada, com o perigo se movendo a 120 km/h na minha direção.

Taylor virou as costas para mim com uma desculpa qualquer depois que Paul contou que nós íamos nos casar. Quis gritar que não ia mais ter casamento nenhum, quis me jogar nos braços dele, mas meu corpo travou. Eu vi meu amor sair andando e a única coisa que fiz foi sorrir simpática para Paul, aceitando toda aquela loucura.

O ensaio acontece sem sobressaltos, sobre a nave montada no gramado. Sempre que tenho a oportunidade, procuro por Taylor. Ele evita meu olhar e mantém o cenho franzido durante todo o tempo. Eu conheço aquilo. Ele faz o tipo calmo, e vai tentar manter a serenidade até o fim, mas por dentro quer me matar. Isso me deixa bem exasperada para falar a verdade, porque eu gostaria que ele berrasse comigo, eu queria alguma reação passional e louca. Como a que eu deveria ter e não consigo colocar para fora. Não coloco nada para fora. Quase corro para o banheiro com ânsia de vômito cerca de 15 vezes, mas nem isso sai de mim.

Ao fim, Paul, que está animadíssimo com sua chegada surpresa, vai até Ellie e Jake, para cumprimentá-los. Ele quer muito mostrar que está ali. Eu quero muito enforcá-lo.

Mas que merda de situação de bosta.

Tento afastar o pensamento insistente que me diz que eu deveria ter sido mais rápida. Que eu deveria ter contado tudo para ele logo. Eu nem sabia se queria aquilo. Eu o odiava até 72 horas atrás. Eu luto uma batalha silenciosa contra minha própria cabeça.

Vejo Paul abraçar Ellie, que olha pra mim em pânico. Ela sabia de todo o meu plano.

_ O que está acontecendo? - ela movimenta a boca, articulando as palavras.

O inferno está acontecendo. Balanço a cabeça negativamente e mordo a boca. Então, mimetizo Paul e também abraço Eleanor, mesmo sem precisar. Estou desesperada. No seu ouvido, digo, às pressas:

_ Ellie, deu tudo errado. Eu preciso da sua ajuda. Eu tenho que falar com o Taylor. Por favor, eu juro por Deus que não te aborreço mais com isso. Me ajuda.

_ Não se preocupa. Eu te ajudo.

Ela me olha e sorri como apenas noivas felizes e animadas conseguem sorrir. Só de ter o apoio da minha amiga, sinto minhas pernas amolecerem e meus olhos encherem de água. Ela fala algo no ouvido de Jake, que imediatamente abraça Paul pelos ombros e vai andando com ele para longe. Quando viro para trás, Eleanor, muito rápida e eficiente, já está indo na direção de Taylor e sai de lá com Jane no colo. É a minha deixa. Ele olha para mim e entende que foi emboscado. Com passos rápidos, sai em direção ao salão da recepção. Eu o sigo, checando a todo momento se não estou sendo observada. Tento ir mais depressa, mas minhas pernas são bem mais curtas que as dele, e eu preciso correr para alcançá-lo.

_ Taylor! - eu chamo com a voz ofegante, uma vez que chegamos ao salão.

_ Eu vim usar o banheiro, Layla.

Ele mal olha pra mim e bate uma porta. Eu encosto em uma parede. Torço as mãos. Espero. Acho que ele pode querer me dar um chá de cadeira, mas ele é rápido. Me aproximo enquanto ele lava as mãos. O local é mais escondido.

_ Taylor, por favor, me escuta.

Ele finalmente me encara, e seu olhar me gela por dentro.

_ Sabe, Layla? Eu não quero ouvir, sinceramente.

Taylor chacoalha as mãos e as seca nas pernas das calças, mas não se movimenta para sair dali.

_ Eu ia te contar. Hoje. Eu ia te contar hoje à tarde. Tudo. Eu ia explicar. - eu gaguejo e hesito e nada disso me ajuda.

A Tempo [completa]Where stories live. Discover now