Go If You Wanna Go (Conteúdo Adulto)

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Flashback.

Estava particularmente bem naquele dia. Então, resolvi mandar uma mensagem para Taylor falando que, se ele quisesse, podia buscar suas coisas em casa.

Fazia três semanas que não nos víamos. Nos primeiros dias depois da noite em que pedi que ele fosse embora e disse que não conseguia mais aguentar nosso relacionamento, Taylor insistiu. Ele tentou me convencer de que era impossível ficarmos separados, que aquilo era um erro. Mantive minha posição. E ele, aparentemente, resolveu respeitar. Me ligava eventualmente para saber como eu estava, mas eu não me incomodava com isso. Ele não me pressionava e eu gostava de falar com ele.

Foi só abrir a porta para ele entrar que entendi como esse sentimento de paz era enganador. Fui arrebatada por uma enxurrada de saudade cujo tamanho não soube medir, acho que nem tamanho tinha.

Taylor vestia uma camisa jeans, aquele monte de colares que costumava usar no pescoço e estava com seu óculos de grau. Um golpe meio baixo, já que ele sabia como eu gostava de quando ele desfilava o visual nerd.

Ele me abraçou na porta, antes de entrar, e eu me entreguei ao abraço. Os braços dele eram um remédio tão bom. Como podiam estar me fazendo tão mal naqueles tempos?

_ Você está linda! Digo, está bem. Parece bem. Você está bem?

Eu estava de fato tão bem que dei uma risadinha contida do jeito confuso como ele falou.

_ Estou. Vem, entra!

Tranquei a porta e fui em direção ao quarto buscar a caixa dele, que já estava prontinha e arrumada com todos os seus pertences. Mas parei e me virei. Minha vontade era agradecê-lo por estar sendo bom comigo. Eu não queria não tê-lo na minha vida, mas precisava daquela distância. E ele estava sendo compreensivo.

No entanto, algo no jeito como ele deixou a carteira e os óculos em cima do balcão ou na maneira como olhou pra mim ao se encostar na mesa fez com que eu desistisse. Eu parei no meio da sala e me deixei admirá-lo por um momento. Talvez eu ainda não tivesse realizado que aquele homem tão lindo e que eu ainda amava tanto já era meu ex.

_ Quer tomar alguma coisa, Tay? Eu tenho chá gelado.

_ Aceito chá.

Ele deu um dos seus sorrisos simpáticos, sem mostrar os dentes. Eu corri na cozinha e busquei o chá, que nós bebemos papeando sobre a vida. Quando vi, estávamos pedindo pizza, e eu mesma insisti que nós abríssemos uma garrafa de vinho.

A caixa nunca foi mencionada. Em nenhum momento. Nem por ele nem por mim. Eu não queria lembrar dela, porque de alguma maneira aquela cena estava parecendo um sonho bom. Daqueles que eu não tinha fazia tanto tempo que nem lembrava mais como era.

Ainda não sei o que aconteceu aquele dia, psicologicamente falando. Nos momentos em que lembrei da minha realidade, tive medo de entrar em pânico. Mas procurava dentro de mim os gatilhos das crises de ansiedade e não encontrava nenhum. Deve ter sido sorte. Ou destino, se você acreditar nisso. 

Meus remédios não permitiam que eu bebesse mais do que uma taça de vinho, mas ela foi suficiente para que minha cabeça ficasse levinha. Eu ria do jeito como ele contava pela décima vez de quando tínhamos sido pegos pelo seu pai em uma das viagens a Tulsa. Ele amava contar aquela história, que, na verdade, era decididamente horrível. Fiquei mortificada e com vergonha da família dele por meses. Mas, sempre que ele se punha a tagarelar sobre esse episódio, eu não conseguia parar de rir.

_ E depois sua mãe me perguntou se eu estava pronta para ter filhos. Eu queria morrer!

_ Meu pai criou um e-mail para todos os filhos sobre a importância do casamento. Imagine isso.

A Tempo [completa]Where stories live. Discover now