You and Me and Us and Now

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Enquanto estaciono o carro, penso nos últimos momentos que passei em Pittsburgh da última vez que estive ali. Sentimentos agridoces me invadem. Três meses atrás, minha vida tinha virado de cabeça para baixo de um jeito que nunca mais achei que fosse possível.

Quando me despedi de Taylor na festa de casamento de Ellie, em um beijo curto, forte e apaixonado, regado a algumas lágrimas, não tinha perspectivas de voltar à cidade. Não tão cedo. Nós não dissemos nada, não resolvemos nada. Acho que com medo de estragar ainda mais o que já não estava direito. Encarei a semana que passamos juntos na nossa própria montanha-russa emocional como a despedida que nunca tivemos.

Paul foi compreensivo na medida do possível. Fiz questão de poupá-lo de todos os detalhes sórdidos e acabei nosso relacionamento naquele dia mesmo. Depois de falar com ele, que me esperava na porta da casa Eleanor bêbado, entre o lamentoso e o irritado, e sem entender muita coisa do que tinha acontecido, pude chorar e sofrer meu amor perdido. Mas sem ódio.

Faz três meses que tudo aconteceu. Três meses que não vejo Taylor ou falo com ele. Mas não passa um segundo sem que eu não me lembre de algum de nossos preciosos momentos juntos. Não posso negar que esperei que ele me telefonasse ou mandasse algum sinal, mas não houve nada. Não quis pressionar, não me senti no direito.

Mas, então, há uma semana, tomei essa decisão. Dirigi cinco horas de novo e aqui estou eu. Sinceramente, não tenho mais esperanças de uma salvação para nós, mas quis fazer a coisa certa.

Ellie me ajudou a escolher horários e dias.

São 15h43. É um sábado. Faz sol. Pelas nossas contas, Taylor deve estar trabalhando no bar, fazendo a contabilidade ou verificando inventários.

Abro a porta do carro e respiro o ar de Pittsburgh. É familiar e acolhedor, mas mesmo assim sinto meu estômago se encolher e as pernas tremerem. Estou morta de medo.

Caminho em direção ao bar. É impossível não recordar o beijo que ele me roubou na porta da última vez que estive lá, ou quando ele me pediu em casamento cantando naquele palco, ou quando nos conhecemos, ou o sexo fantástico que fizemos no depósito há tão pouco tempo.

Empurro a porta, ignorando o sinal de "fechado" pendurado do lado de fora.

_ Estamos fechados.

A voz dele me faz sorrir. Ele nem olha para a entrada. Continua sentado no balcão, impassível, anotando alguma coisa em um caderno. Está bonito como sempre, a barba cresceu e a camisa jeans combina com ele.

_ Só queria conversar. Você tem um minuto?

A caneta dele para de se mexer e eu também não me movimento mais. O bar está vazio, iluminado por lâmpadas que ficam apagadas à noite e pela luz de algumas janelas. Entre nós, feixes de poeira banhada de sol.

Ele olha para mim e parece confuso. Sorrio de novo. Ele continua sendo o cara mais lindo que eu já vi na minha vida. Nunca me canso de achar isso.

_ Layla...

Ele fala meu nome, reconhecendo minha presença, mas não se mexe. Eu não sei muito bem o que fazer, mas decido andar na direção dele.

_ Podemos? Falar?

Pergunto receosa. Depois de tanta coisa, depois de termos deixado o acabado inacabado, eu não sei muito bem como me comportar. Ele sai do transe e se levanta, passando as mãos nas pernas da calça e depois puxando os cabelos para trás com uma delas.

_ Claro, claro! É... você quer tomar alguma coisa?

_ Não, não. Obrigada.

_ Vamos sentar, então.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 22, 2021 ⏰

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