CAPÍTULO 5

484 121 42
                                    

*** capítulo sem correção ortográfica ***

Ayla

Chego a escola dez minutos mais cedo e me sento em um banco do outro lado da rua enquanto espero por eles como sempre faço, alguns minutos depois avisto a cabeleira clara de Duda enquanto ele conversa com outros meninos, ele é o maior de todos e sempre se destaca com seus cabelos claros. Assim que me vê ergue a mão e acena para mim, faço o mesmo erguendo minha mão no ar e observo meu amigo entrar rodeado de meninos e meninas que o adoram. Todos adoram o Duda.
Espero até o ultimo minuto para entrar, sinto um frio na barriga a cada minuto que passa sem que Thales apareça na esquina, a noite passada foi intensa na sua casa, infelizmente moramos perto o suficiente para que eu ouça quando seu padrasto perde o controle, algo que acontece mais vezes do que eu gostaria. Essa noite foi uma das piores, não consegui dormir, mesmo depois que tudo acabou e desde então tudo o que quero é vê-lo e me assegurar de que ele está bem. Ou o máximo possível.
Entro na sala de aula e Duda ergue o queixo em uma pergunta silenciosa que respondo movendo a cabeça de um lado para o outro.  É o suficiente para que seu rosto desmorone e a alegria habitual dele desapareça. A professora entra em seguida e logo as provas são colocadas nas nossas mesas, hoje é dia de matemática, a única matéria em que Thales consegue estudar um pouco mais.
Meus olhos estão fixos na porta enquanto as pessoas falam a minha volta, um apelo silencioso para que ele apareça, até o último segundo. É uma tentativa frustrada de fingir que exagerei, que a noite passada não foi tão ruim assim, mas talvez, tenha sido pior do que imaginei.
— O que deu no Thales para perder a prova? — Duda me pergunta assim que a aula termina.
— Eu não sei, deve estar doente. — minto tentando proteger Thales da humilhação, ele sempre se envergonha quando as coisas ficam ruins na sua casa e quase nunca conversa a respeito, sei que ele odeia o padrasto e sei que ele também não coopera, mas nada justifica as coisas que acontecem na sua casa.
Duda se senta na cadeira a minha frente e apoia o queixo no encosto enquanto olha para mim como se eu soubesse tudo sobre Thales. Eu sei, mas isso não significa que vou contar para ele o que ouvi na noite passada, é doloroso demais sequer pensar.
— Eu não acho, ele nunca fica doente, — Duda fala e ficamos os dois de cabeça baixa pensando no nosso amigo.
— As coisas na casa dele não estão boas. — admito sentindo o peso da culpa em minhas costas.
— Aquele padrasto dele é um filho da puta. — Olho feio para Duda repreendendo-o pelo palavrão, mas ele parece não ligar.
— Porque será que ele bate no Thales? — pergunto mas meu estômago se revira só de imaginar a resposta, Duda não fala, apenas ergue os olhos e me observa com uma expressão triste que me faz querer chorar. Ele não desmente, não diz que estou sendo dramática, apenas fica em silencio, como se fosse incapaz de compreender como alguém pode bater no Thales.
— Porque a mãe dele é uma cadela. — Duda fala depois de um tempo e baixo os olhos relembrando a forma como Thales falou da sua mãe ontem a noite.
— Acho que é por causa da escola.
— Eles são dois malditos, um dia ainda vou quebrar a cara daquele desgraçado do padrasto dele.
— Eu não posso acreditar, será que eles não percebem que o Thales tem algum problema? — ignoro as ameaças de Duda e continuo. — Ele se esforça, eu sei que ele tenta, mas não consegue.
— Você acha que ele é tipo um retardado? — Duda pergunta surpreso.
— Claro que não! Não seja idiota Duda, e não fale essa palavra. — dou um tapa em seu ombro, mas ele não se mexe. — Thales não é burro, ele só não consegue compreender da forma como explicam, quando eu explico ele compreende.
— É porque ele gosta de você. — Duda fala como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Um sorriso se forma em seu rosto e sinto minhas bochechas esquentarem.
— Não é verdade. É que eu tenho paciência com ele. — justifico sentindo meu rosto inteiro ficar vermelho.
— Se você diz. — ele ergue os ombros no instante em que o professor entra na sala. — Eu ainda acho que ele gosta de você. — insiste e reviro os olhos.
— Senhor Carlos Eduardo, será que dá para sentar no seu lugar?
Duda se levanta sem olhar para o professor e passa por mim sorrindo, como se ele pudesse ouvir o meu coração acelerado no peito.

Um Milhão de Promessas - DEGUSTAÇÃO Where stories live. Discover now