CAPÍTULO 27

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*** capítulo sem correção ortográfica ***

Ayla

Depois de dois capítulos, Thales finalmente dorme, levanto devagar para não acorda-lo e puxo o lençol para cobrir seu corpo, ele se encolhe em uma bola de lado e sinto vontade de abraça-lo, gostaria de saber o que ele esconde de mim, sei que deve ser algo muito grave, algo que talvez poderia colocar o seu padrasto em uma situação difícil. Talvez seja algo que ele possa contar para o meu pai.
Recolho a bandeja e coloco em cima da mesinha, ele não comeu nada e me preocupo, Thales parece mais magro e fraco, e embora eu jamais vá falar isso para ele, tenho medo de que ele não consiga passar no teste para o clube. Sei que ele está suportando tudo isso porque acredita que pode passar, mas depois de tudo que presenciei hoje, o seu descontrole emocional, a forma como ele machucou o outro menino, eu estou realmente muito preocupada que algo muito ruim possa acontecer com ele.
Ouço o portão se abrir e corro para a sala, quando meu pai abre a porta sinto um alivio enorme ao ver seu rosto cansado.
— Onde ele está? — meu pai pergunta no instante em que fecha a porta e coloca suas coisas na poltrona, começo a chorar, sinto que não estou sozinha, que Thales não está sozinho, temos o meu pai e ao ver a preocupação em seu rosto eu sei que tudo vai ficar bem.
Quando meu pai vem até mim e me puxa para um abraço não consigo falar, apenas o aperto junto a mim e me seguro nele. Ele é tudo o que tenho, meu alicerce, meu exemplo e meu herói, me sinto segura quando ele está comigo e mesmo que eu saiba que ele é apenas um homem, com seus defeitos e fraquezas, para mim ele é o homem mais especial do mundo.
— O que aconteceu filha? — ele pergunta preocupado.
— Ele está dormindo. — respondo quando finalmente consigo parar de chorar, meu pai se senta e me puxa para sentar ao seu lado, com carinho e delicadeza ele seca minhas lágrimas.
— Os meninos vão dormir na vovó hoje. — sua voz forte e confiante me faz sentir vontade de chorar de novo e só então percebo que eu estava me segurando todo esse tempo, eu estava sendo forte para o garoto quebrado que está dormindo no meu quarto.
— Foi horrível pai... — começo a contar a ele tudo, desde o dia em que Duda me beijou, que Thales pulou minha janela, mesmo as coisas que ele já sabia, contei a ele sobre a relação dele com seu padrasto e o fato de que eu acho que ele está escondendo algo muito grave de mim, contei sobre o que ele fez com o garoto e o apagão que ele sofreu, contei como segurei ele em meus braços quando ele desabou e como eu tive medo quando achei que ele não conseguiria voltar para mim.
Meu pai ouve tudo com paciência, me parando apenas para perguntar coisas que o deixam preocupado como a questão do padrasto, todo mundo sabe que Sandro é um homem violento com Thales, infelizmente as vezes ouvimos os gritos e as surras, desde pequeno, e infelizmente, todos nós acabamos nos acostumando com isso, não foram poucas as vezes que ouvi as vizinhas falarem que não se mete em educação, que se Thales estava apanhando era porque ele merecia, meu pai, como um homem cauteloso, fez o que achou que seria o melhor, acolheu Thales em seu lar, abriu as portas para ele e deixou que ele ficasse, e foi assim que muitas vezes, ele se livrou de uma surra, ou veio para cá depois de ter sido castigado.
Quando termino de falar tudo me sinto mais leve, meu pai me puxa para um abraço apertado que era tudo o que eu precisava.
— Eu estou muito orgulhoso de você mocinha. — ele beija minha testa e se levanta. — Agora é a minha vez de fazer algo. — ele abre a porta e me levanto sentindo meu coração disparar no peito.
— Onde o senhor vai?
— Ter uma conversa de homem para homem com o nosso vizinho.
Corro até ele e seguro sua mão impedindo-o que ele saia.
— Pai por favor, não vá. —  imploro sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
— Calma filha, eu sei o que estou fazendo.
Ele beija meus cabelos e se afasta saindo da nossa casa e atravessando a rua com as mãos nos bolsos e uma postura tranquila. Enquanto ele caminha em direção ao inferno eu sinto que talvez ele possa fazer algo, Thales tem um problema grande demais para que meu pai possa resolver, mas sei que ele vai dar um jeito. Ele sempre dá.

***

  Meu pai é incrível!
O homem mais esperto do mundo, o mais especial, o mais inteligente, o mais poderoso, o meu herói, e nesse momento, o herói do Thales.
— O negócio é o seguinte, você vai fazer exatamente o que eu mandar garoto. — ele está apoiado na minha cômoda, as mãos nos bolsos enquanto ele fala com Thales que ainda está um pouco sonolento e muito abatido. — Nenhuma linha a menos ou a mais, não quero ver você pisar fora da faixa. — ele continua e Thales apenas assente, ele ainda não compreendeu muito bem como o meu pai conseguiu fazer com que sua mãe o permitisse ficar aqui, mas eu sei, meu pai é o cara.
— Eu dei a minha palavra a sua mãe que estaria de olho em você vinte e quatro horas por dia, e eu estarei. — meu pai aponta o dedo na cara de Thales que apenas move a cabeça pra cima e pra baixo, concordando, estou ao seu lado e juro que  posso senti-lo tremer.
— E você mocinha. — seu dedo agora está apontado para mim. — Comporte-se,  não me obrigue a ter aquela conversinha sobre bebês com você novamente.
— Pai! — sinto Thales enrijecer ao meu lado e meu rosto esquentar como se um maçarico estivesse apontado para ele.
— Eu posso fazer isso todos os dias se vocês quiserem. — ele olha para Thales que abaixa a cabeça, mas consigo ver que ele está apertando os lábios um no outro como se tentasse segurar um sorriso.
— Não é preciso se preocupar senhor, vamos nos comportar. — ele diz como se estivesse se dirigindo a um general e sei que será mais ou menos assim, meu pai sabe ser rígido quando precisa. E sabe me fazer passar vergonha também.
Ele se afasta e vai até a janela, depois vai até a porta e nos olha por um instante, posso imaginar ele pensando na merda que se meteu, mas eu sei que ele não se arrependeu.
— Agora vamos, você precisa comer. — não é um pedido e espero que Thales esteja disposto a aceitar as ordens do meu pai.
— Eu não estou me sentindo muito bem.
Meu pai retira um comprimido do bolso e entrega para Thales.
— Engula isso, é para o seu enjoo, daqui a quinze minutos quero você na cozinha.
Meu pai sai do quarto e deixa a porta semi aberta, Thales continua olhando para a bolsa a sua frente com os seus pertences, ele engole o comprimido e se inclina para a frente apoiando os cotovelos nas pernas, eu estou tão feliz que mal consigo me conter.
— Eu não acredito que ele conseguiu convencer a sua mãe a te deixar ficar aqui até o teste. — minha voz sai um pouco estridente, mas não ligo, estou feliz demais.
Quando meu pai disse que daria um jeito nisso, eu confesso que por um momento pensei que ele poderia propor cuidar do Thales, mas nunca imaginei que a mãe dele deixaria. Meu pai não me contou o conteúdo da conversa, apenas disse que haveriam regras, mas não me importo, só de saber que Thales estará longe daquele monstro eu já estou feliz.
Thales não diz nada, apenas continua encarando a sua bolsa como se estivesse em algum tipo de transe.
— Eu não posso ficar. — ele diz ainda olhando fixamente para suas coisas
— Você não precisa ficar se não quiser, você sabe não sabe? — passo minha mão por seus cabelos afastando-os dos olhos.
— Eu sei. — ele sussurra ainda sem olhar para mim. — Mas eu quero, só estou cansado de lutar.
— Então deixe que meu pai lute por você um pouco.
Thales balança a cabeça e sinceramente não sei se ele está concordando ou não comigo.
— Você não está feliz? — me levanto e me coloco na frente dele segurando seu rosto em minhas mãos. — No que você está pensando?
— Agora eu tenho mais uma pessoa a quem não posso decepcionar Ayla.
— Ah é isso? — ele faz que sim com a cabeça. — Então não se preocupe, meu pai não é assim.
— Todo mundo é assim Ayla, todos esperam por algo, eu só não sei se conseguirei dar a seu pai o que ele merece.
— Eu tenho certeza que você conseguirá.
Me inclino e beijo sua boca no exato momento em que meu pai nos chama da cozinha.
— Thales, o seu prato já está pronto.

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Olá pessoal!!!!
Mais uma semana começando e tenho a sensação de que posso ouvir os suspiros de alívio aqui do outro lado da minha tela kkkk

Acho que nosso menino estava precisando desse colo e de se sentir protegido né?

Será que agora as coisas vão finalmente entrar nos eixos?

Será que Thales vai conseguir passar na peneira?

Milton vai conseguir proteger Thales?

E Sandro? Ele vai aceitar que Thales vá embora assim? Com tanta facilidade?

Ai ai... já posso ouvir as engrenagens de vocês ganhando vida.

Então contem aqui para mim o que estão achando.

Não esqueçam que quando fizermos 8k teremos capítulo extra hein.

Beijos e uma linda semana a todos ♡♡

Um Milhão de Promessas - DEGUSTAÇÃO Where stories live. Discover now