CAPÍTULO 32

366 87 23
                                    

*** capítulo sem correção ortográfica ***

Thales

- Esse foi o melhor aniversário da minha vida. - Ayla diz quando sento ao seu lado no carro e deixo que o homem feche a porta para mim.
- Como foi o jantar? - Milton pergunta enquanto nos leva de volta para casa e Ayla descreve cada detalhe da noite, deixando de fora nossos beijos é claro, ela fala da comida e até mesmo a cor das toalhas da mesa. E até esse momento eu não fazia ideia de que existia uma cor chamada rosa chá.
- E você Thales, gostou da noite?
Penso em falar que preferia hambúrguer e batata frita, ou uma daquelas pizzas com bordas recheadas e tanto queijo que me faria passar mal, mas ai me lembro do sorriso dela e da forma como parecíamos pessoas diferentes naquele lugar e respondo.
- Foi incrível.
A alegria que sinto é rapidamente trocada por uma angustia familiar quando entramos na nossa rua, Ayla ainda está falando sobre o banheiro do restaurante, mas eu automaticamente me desligo de tudo e um zumbido começa a zunir em meu ouvido.
Será sempre assim, não importa o quanto eu tente fingir que sou outra pessoa, essa casa sempre estará aqui para me lembrar quem realmente sou.
- Thales? Você está bem? - Ayla aperta minha mão me chamando a atenção e faço que sim com a cabeça desviando os olhos da casa que deveria ser meu lar.
Embora eu esteja feliz em estar aqui com ela, era lá que eu deveria estar, com minha família, minha mãe e minha irmã. Recebendo abraços e presentes, um bolo e quem sabe uma pizza com refrigerante.
Milton estaciona o carro na garagem e Ayla já está descendo quando ele me chama.
- Sua mãe pediu para que você fosse em casa, acho que ela quer te dar um abraço. - ele fala como se fosse algo natural, um filho ser abraçado por sua mãe, deveria ser natural, eu quero isso, quero abraça-la, perguntar se ela me achou bonito com essa camisa, dizer a ela que fui em um restaurante e perguntar se ela já viu toalhas rosa chá.
- Ela pediu? - pergunto sem saber porque é tão difícil para mim acreditar em algo tão simples.
- Sim.
- Eu vou... - olho para Ayla parada na porta nos esperando e depois olho para a minha casa, quero trocar de roupa, mas também quero que minha mãe me veja assim, arrumado. Por alguma razão que não consigo compreender, quero que ela sinta orgulho de mim e diga que estou bonito, é ridículo e até mesmo um pouco infantil, mas a falta que sinto dela é algo que não posso controlar. Ela é minha mãe.
Vou até Ayla e seguro seu rosto em minhas mãos, a cada ano que passa a diferença entre nós se torna maior, minhas mãos cobrem todo o seu rosto e preciso me inclinar para olhar para ela, embora ela não seja uma garota pequena, eu estou crescendo a cada dia, como uma porra de uma ironia, já que ainda me sinto pequeno, frágil e incapaz.
- Eu vou dar um pulo em casa, minha mãe quer me ver.
- Isso é ótimo, quer levar um pedaço do seu bolo? A Tati ama os bolos da vovó.
- Acho que sim.
Ayla entra me puxando pelo braço, a casa está silenciosa, mas ao contrário da minha, o silêncio aqui transmite paz e conforto enquanto na minha casa transmite medo e apreensão.
Aguardo enquanto Ayla corta um pedaço do bolo de chocolate que sua vó fez para mim, o tempo todo fico de pé, ansioso, como se algo estivesse prestes a acontecer, sei que é apenas minha cabeça fodida que não para de pensar no pior, nesse momento enquanto olho para o decote do vestido dela penso que preciso pedir para ela nunca sair sozinha com ele, tenho medo, não confio em ninguém e não sei o que eu faria se algo de ruim acontecesse com ela.
Posso suportar tudo, toda a dor, toda a humilhação, toda a sujeira, mas não consigo sequer imaginar Ayla estando em uma situação vulnerável.
- Thales aqui está. - Ayla está parada na minha frente, segurando um pote de bolo nas mãos.
- Obrigado. - pego o pote e ignoro o fato das minhas mãos estarem suadas. Deus eu devo estar com algum problema muito sério porque eu simplesmente estou começando a ficar apavorado só de pensar em atravessar a rua.
- Não demore muito Thales, amanhã é o grande dia, você precisa descansar. - Milton me pede.
- Sim senhor.
Ayla me acompanha até o portão e mesmo que não seja tarde, fico receoso por ela estar aqui fora com esse vestido. Ela enlaça meu pescoço com seus braços longos e beija meu queixo.
De onde estou consigo ver a curva do seu seio e como ele se move quando ela respira, sinto o desejo aumentar dentro de mim e se alojar na base da minha espinha.
- Eu preciso ir logo, antes que fique tarde, talvez a Tati ainda esteja acordada e possa comer um pedaço de bolo. - minto porque sei que a minha irmã dorme cedo.
- Volta longo pra mim, quero ler para você. - ela sussurra em meu ouvido e meu corpo reage de uma forma que não é muito oportuna para o momento.
Beijo sua boca rapidamente e aguardo até que ela feche o portão, atravesso a rua ajeitando-me enquanto tento não pensar em seu vestido e na sua boca, cumprimento um vizinho que passa por mim e tenho certeza que ele não me reconheceu com essa camisa, sinto uma brisa fresca agitar meus cabelos e aliviar a tensão que me faz suar, chego ao portão e por um instante penso em dar meia volta e me aconchegar na cama dela, observar seu seio sobre o vestido enquanto ouço sua voz lendo para mim até que eu adormeça, mas antes que eu possa decidir se é ou não uma boa ideia, abro o portão e o rugido enferrujado que ele faz ao ser empurrado me faz estremecer.
Caminhar até a porta da minha casa leva menos do que dez passos, mas são os dez passos mais difíceis de dar, o pote em minhas mãos parece pesar uma tonelada e por um instante me sinto em um de javu, como se já não fosse ruim o suficiente me sentir apavorado por estar entrando na minha própria casa.
Abro a porta e encontro tudo no mais absoluto silêncio, ela não está aqui, talvez nem mesmo tenha se lembrado que hoje é meu aniversário e embora isso não deveria me abalar mais, dói pra cacete.
Vou até a cozinha e abro a geladeira para guardar o bolo, procuro por um papel para deixar um recado porque se tudo der certo, e eu sei que vai dar, no momento em que eu colocar os meus pés naquele campo, eu vou me lembrar que tudo o que suportei até agora foi para poder estar lá e então eu nunca mais voltarei a essa casa. Nem mesmo por minha irmã.
Bato a porta da geladeira com uma força maior do que eu queria, estou furioso e meus olhos estão embaçados, não vou chorar, não me permito chorar por ninguém nessa casa, eles não merecem meus sentimentos e minhas lágrimas.
Aperto minhas mãos em meus olhos com tanta força que sinto agulhadas neles, apoio-me na parede e respiro fundo, preciso me recompor, não posso voltar para a casa dela assim, não quero que ela me veja tão vulnerável.
Estou quase saindo quando ouço meu nome, sinto meus pelos se eriçarem ao som da sua voz e mesmo de onde estou posso sentir o cheiro de bebida em seu hálito.
- Então o engomadinho pai da pretinha gostosa mandou o meu recado?
Sinto meu sangue esquentar quando ouço sua voz se referindo a Ayla de forma tão nojenta.
- Ele disse que minha mãe queria me ver. - tento parecer forte, mas na sua presença não passo de um fracote, de um verme asqueroso e sujo. Do seu brinquedinho.
- Foi isso que ele disse pra você?
- Ela está dormindo? - pergunto mesmo sabendo a resposta, ultimamente minha mãe vem dormindo cada vez mais, o sono pesado a ponto de não ouvir os sons nojentos que seu marido faz quando...
Tento manter minha respiração baixa, mas sei que ele sente minha hesitação, ele sabe exatamente como me sinto em sua presença e isso na verdade é o que mais o excita, saber que ele me assusta.
- Sim ela está. - ele sorri enquanto fala e dou um passo para trás, posso sentir a maçaneta em minhas mãos, basta gira-la e estarei fora daqui. - Camisa legal essa hein. - ele aponta para mim e até mesmo isso me enoja, o fato de saber que ele está olhando para mim me enfraquece, me assusta e me destrói. - Foi ela quem te deu? - ele pergunta e ignoro. - E você deu o que pra ela?
- Amanhã falo com ela então. -digo ignorando suas provocações, ele dá mais um passo e começo a girar a maçaneta, minhas mãos estão suadas fazendo com que o metal escorregue por meus dedos, estou enojado e sinto o jantar começar a ameaçar sair do meu estomago quando ele para bem na minha frente.
- Você não achou que eu deixaria de te dar o seu presentinho não é? - ele ergue a mão para me tocar e em um impulso o empurro para longe de mim.
Ele está embriagado e vulnerável e seu corpo despenca em cima da mesa derrubando o vaso de flores, me viro para abrir a porta, ouço o vidro da janela quebrar quando a porta bate com força na parede, sinto o calor do sangue pulsando em minhas veia quando sua mão se fecha em meus cabelos me puxando com força e me fazendo perder o equilíbrio.
- Ah moleque, porque você tem sempre que tornar tudo mais difícil para você? - ele sussurra em meu ouvido, o hálito alcoolizado invadindo meu olfato, sua barba pinicando minha pele, o som da sua voz entrando em minha cabeça e anulando tudo de bom que aconteceu comigo essa noite, assim como sempre foi, porque uma coisa eu sei bem, não há beleza que resista a maldade, e eu a conheço bem, o suficiente para saber que a sujeira está impregnada em mim, não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Só me resta aceitar.

***********************************
Olá pessoal, capítulo tenso no arrrrrr 🚨🚨🚨🚨

Acho que o nosso "odiometro" está apitando nesse momento né? Mas no fundo a gente sabe que quando a esmola é demais o santo desconfia...

No caso Sandro estava quietinho demais com tudo isso.

Haja coração!!
O dessa autora aqui já está a base de calmantes para conseguir finalizar esses capítulos

Mas me conta aqui, qual seu nível de raiva nesse momento?

Não esqueça de deixar a sua estrelinha e muitos comentários.

Beijos e até sexta!!!!

Um Milhão de Promessas - DEGUSTAÇÃO Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang