CAPÍTULO 29

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*** capítulo sem correção ortográfica ***

Ayla

Estou sentada na porta da diretoria quando vejo meu pai chegar, durante quase toda a minha vida foram poucas as vezes em que o vi furioso, uma delas foi quando o médico disse que minha mãe não viveria muito tempo, eu era bem pequena, mas me lembro de como ele ficou transtornado, gritou com o homem, disse que ele não era Deus para decidir o dia que ela morreria. Dois dias depois ela foi entubada e então ela se foi.
Meu pai é assim, como eu, ele tem muita fé, crê nas coisas boas e principalmente, ele assim como eu, acredita que o bem sempre vence o mal. E nesse momento enquanto ele caminha a passos largos para assinar a suspensão de Thales, eu creio do fundo do meu coração que ele não vai colocá-lo para fora da nossa casa porque o mal não pode nos vencer.
— Pai! — me levanto e vou ao seu encontro, preciso falar com ele antes que ele entre nessa sala, tenho medo, muito medo e não posso deixar que ele tome uma decisão antes de me ouvir.
— O que você está fazendo aqui Ayla? Não deveria estar na aula? — ele está furioso e isso faz com que sua voz soe mais grave e alta.
— Eu disse que precisava ir ao banheiro e vim te esperar. — digo a verdade porque mentir nesse momento não vai me ajudar.
— Onde ele está? Você está bem? O Duda está bem? — ele faz as perguntas sem esperar por uma resposta e balanço a cabeça confirmando todas elas enquanto aguardo a mais importante de todas. — Ele está bem?
Mesmo diante do caos não consigo evitar sorrir, eu sabia que ele não iria me decepcionar. Se não estivéssemos em um momento tão ruim eu juro que me jogaria em seus braços e o beijaria.
— Não pai, ele não está bem. — digo sentindo em seu olhar que ele se importa tanto quanto eu. —  o Thales não é assim, ele não é violento. — afirmo só para garantir que ele não se esqueça disso.
— Ele bateu em dois garotos nos últimos quatro dias Ayla. — meu pai fala como se fosse um crime, todos os garotos brigam, o tempo todo, eu estou cansada de ver eles se pegando no campo, é como se estivesse no DNA masculino, essa necessidade de expressar força física, violência.
Todos eles brigam. Mas Thales não é todos eles,
— Eu sei, mas por favor, não desista dele.
Meu pai me olha por um instante seus olhos sempre gentis estão carregados de preocupação.
— Ayla... — ele respira fundo, aperta a ponta do nariz como se estivesse cansado demais para pensar e meu coração acelera.
— Pai.
— Eu preciso que você seja realista Ayla, eu não sei o quanto do garoto que conhecemos ainda pode ser salvo.
— O que o senhor está dizendo? — sinto minha voz tremer.
— Eu quero que você me prometa que não vai se meter nisso Ayla. — abro a boca para responder, mas ele não espera uma resposta, isso não é uma pergunta, é um aviso.
Balanço a cabeça porque é tudo o que consigo fazer agora, não posso prometer algo que sei que não vou fazer, ele finge que acredita, eu finjo que faço e por enquanto basta.
Meu pai beija minha testa e se afasta batendo na porta, quando ela se abre eu posso ver Thales sentado na cadeira, seus olhos se encontram com os meus rapidamente e sussurro um eu te amo.
Thales vira o rosto.

***

O barulho dos nossos sapatos ecoando no chão é ensurdecedor, ninguém abriu a boca desde que saímos da escola, nem os carros passam, nem ao menos as árvores farfalham com o vento, é enlouquecedor e estou prestes a gritar de desespero.
Assim que entramos na nossa rua sinto o corpo de Thales enrijecer ao meu lado, ele olha para sua casa por um momento, sua respiração muda, como se ele estivesse vendo algum fantasma ou algo assim.
Meu pai abre o portão e espera até que entremos, Thales segue direto para o quarto dos meninos, o sigo pensando em algo que eu possa falar, mas não tenho tempo de pensar em nada, Thales começa a recolher suas coisas e colocar dentro da bolsa.
— O que você está fazendo? — minha voz quase não sai.
— Estou caindo fora. — ele responde, ainda sem olhar para mim.
— Thales não faça isso. — vou até ele e seguro a bolsa impedindo que ele coloque o moletom dentro dela.
— Ayla para. — ele me pede, mas não ligo.
— Não importa o que te disseram naquela sala, você é mais do que tudo isso que está acontecendo, não volte para lá.  — Continuo falando, rezando para que ele me ouça.
— Não Ayla, eu não posso continuar aqui.
— Porque? Meu pai disse que você só vai embora depois do teste, será no sábado, espere até o sábado então.
— Eu não posso! — ele grita e estremeço, olho para a porta rezando para que meu pai não ouça, mas o vejo parado na porta da cozinha, as mãos enfiadas nos bolsos da calça, a postura ereta de quem está em alerta, mas não vai interferir até que seja necessário. Eu amo meu pai, nesse momento sou capaz de chorar de tanto que o amo.
Thales joga a bolsa no chão e se senta na cama segurando sua cabeça nas mãos. Me abaixo na sua frente e puxo suas mãos para que ele possa olhar para mim.
— Foi só uma briga, você nunca havia batido em ninguém, aconteceu.
— Eu quis bater nele, quis bater muito mais, até apagar como naquele dia. — ele admite, seus olhos castanhos escuros de raiva, tristeza e confusão.
— Mas você não bateu, você se controlou.
Thales se levanta e caminha de um lado para o outro, as mãos cruzadas atrás da cabeça enquanto ele encara o chão.
— E se eu estiver me tornando um monstro como ele? — ele diz e não preciso perguntar para saber de quem ele está falando.
— Você nunca será um monstro.
— Mas sou um covarde Ayla. — ele olha para o teto como se fosse tortuoso demais para ele admitir isso. — Meu Deus, eu prometi que não a deixaria sozinha naquela casa e olha onde estou, aqui, fingindo que sou um cara normal enquanto ela está lá.
— De quem você está falando?
— Da Tati, ela está lá e...
— Ele não vai bater nela, por Deus, ele não vai machucar a própria filha. — paro de falar no instante em que percebo o que disse, como se Thales não merecesse o mesmo tratamento, ele merece claro, mas preciso fazer ele acreditar que Tati está bem ou ele vai embora e eu não vou suportar ver ele machucado novamente.
— Você sempre disse que o problema dele é você, lembra? — espalmo minha mão em seu peito tentando fazer com que ele me ouça. — Thales pare de falar essas coisas, você está sob pressão, está com medo, é natural que esteja assim.
— Pare você de se iludir Ayla. — ele retira a minha mão do seu peito, mas não ligo, não vou desistir dele, não vou permitir que ele volte para aquela casa, eu sinto no meu coração que se ele voltar para lá ele nunca mais sairá.
— Thales me escuta, por favor. Não faça isso.
— Você não entende, eu não posso mais ficar aqui sabendo que aquele monstro está lá, eu não posso continuar aqui fingindo que faço parte da sua família porque isso não é real, eu não sou o filho do seu pai.
Ele volta a se sentar e esconde o rosto nas mãos exausto de lutar.
— Faltam só dois dias. — sussurro com minhas mãos em seus pulsos. — Dois dias e você estará em um clube, será o inicio da sua jornada. Não desista agora que falta tão pouco, por mim. Pela Tati.
— E se eu não passar? — ele diz ainda com o rosto escondido e sinto o pavor em suas palavras, sei o quanto é difícil para ele me fazer essa pergunta, porque para Thales não existe essa opção. Se ele não passar eu tenho medo do que pode acontecer.
— Eu não sei, não penso nessa possibilidade, eu confio em você.
— Mas eu não. — ele admite, derrotado.
— Não importa, eu acredito por nós dois. — me ergo um pouco e pouso minha mão em sua nuca e minha testa na sua, Thales está quente, ofegante e nervoso, posso sentir tudo o que ele está tentando reprimir e fecho meus olhos pedindo a Deus para que ele passe nesse teste.
Eu não sei o que será dele se isso não der certo.

***

Thales passa o resto do dia no quarto, depois do jantar meu pai se junta a ele e fica lá dentro por um tempão, tento ouvir alguma coisa mas eles conversam baixo demais e antes que eu enlouqueça resolvo ir para meu quarto, meu pai sabe o que fazer.
Pego um romance que adoro na minha prateleira e me deito para ler, as vezes quando estou muito nervosa gosto de reler meus livros favoritos, ao menos as partes marcadas que fizeram com que ele se tornasse querido. Mas dessa vez nem mesmo a rainha do drama é capaz de me distrair. Se ela pudesse ouvir minha história, tenho certeza que seria um best seller.
Ouço a porta sendo aberta, está escuro e a única luz disponível é a que vem do abajur ao lado da minha cama, não sei que horas são, mas a casa está silenciosa. Thales entra devagarinho, ele deixa a porta aberta e vem até minha cama, sem falar, ele se deita ao meu lado e apoia sua cabeça em meu ombro.
Um longo suspiro escapa dos seus lábios como se ele estivesse tão cansado que até mesmo respirar exige demais dele, me inclino e beijo seus cabelos e volto a ler, dessa vez em voz alta. Thales enrosca seus dedos nos meus e sinto seus lábios roçarem meu pescoço me fazendo estremecer um pouco e minha pulsação acelerar.
— Você está me fazendo perder a concentração. — falo e ignoro o fato da minha voz soar meio mole.
— Esse cara é um babaca. — ele fala com convicção, sorrio porque para Thales todos os mocinhos dos meus romances são babacas.
— Fique quieto, e não fale assim eu o amo.
— Isso não é verdade. — ele continua com seus lábios roçando minha pele que está toda arrepiada. — Você não pode amar ele.
— E porque eu não posso? — fecho meus olhos e me concentro no seu toque.
— Porque você me ama.
Coloco o livro de lado e me viro para ficar de frente para ele, sua mão desliza por meu quadril e ele me dá um sorriso lindo, meio torto, tímido, triste, daqueles que tanto amo.
— Como foi lá no quarto?
— Ele é bom de argumentação.
— Ele é.
— Me desculpe. — ele sussurra olhando em meus olhos.
— Eu já disse para você parar de me pedir desculpas. — passo meus dedos por seus cabelos afastando-os do seu rosto.
— Eu preciso.
— Porque?
— Para que você nunca desista de mim.
— Eu nunca vou desistir.
— Isso é uma promessa? — ele pergunta e faço que sim com a cabeça. — Você sabe que eu nunca esqueço uma promessa não é?
— Sim eu sei.
Me inclino para a frente e deixo que meus lábios se unam aos seus desejando que ele possa acreditar que eu também posso cumprir promessas.

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Olá pessoal!
Segunda feira começando do jeitinho que a gente gosta, com capítulo fofo de Thales e Ayla.

Hoje a foto do capítulo não poderia ser outra, Milton paizão maravilhoso,  porto seguro de Thales, um homem com a sensibilidade de compreender que as vezes não podemos agir por impulso e que a razão sempre deve andar junto com o coração.
Eu amo esse homem e sei que vocês também o amam né 😍❤

Não deixem de dar a estrelinha e deixar um comentário,  estou amando ver vocês felizes e apaixonados por esse casal.

Beijos e até mais

Um Milhão de Promessas - DEGUSTAÇÃO Where stories live. Discover now