01 - Monstros e Humanos

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Fome. Sede. Calor. Dor.

Preciso sair daqui.

Eles estão vindo.

Vão começar tudo de novo.

Vão fazer mais testes.

Preciso fugir.

Tenho que sair daqui.

Preciso sobreviver.

Preciso sobreviver, por mim e por Sunwoo.

Antes que me matem, vou destruir todos.

Ergui o corpo da cama assustada. Passei a palma da mão na testa, sentindo as gotículas geladas do meu suor. O mesmo pesadelo a quatro dias.

Achei que tivesse superado, mas as lembranças sempre voltam, não importa o quanto eu tente impedir.

Suspirei, irritada.

Talvez essa seja uma das consequências em dormir menos do que seis horas por noite. Eu mal consigo passar das três, na verdade. Minha cabeça dói e não consigo deixar meus olhos abertos por muito tempo, a não ser que eu esteja fazendo algo. Sinceramente, eu nunca estou fazendo nada, não depois que voltei.

A fuga do laboratório se repete constantemente na minha cabeça. Os infectados que soltei, felizes por estarem indo embora, mas que agora provavelmente estão mortos ou sucumbiram ao vírus. Os gritos de humanos - ou meio humanos - sendo queimados pelo fogo que criei. Não queria ter matado todas aquelas pessoas. Sei que haviam inocentes naquele meio, mas eu não pude evitar. Eram eles ou eu.

Estiquei o braço para abrir o frigobar vermelho que deixo ao lado da minha cama. A duas semanas ele estava cheio de água e latinhas de energéticos. Agora, a latinha que estou abrindo foi a última que restou. Pelo menos ela vai me deixar acordada até o anoitecer. Posso buscar comida e bebida nos outros apartamentos do meu andar. Todas as pessoas que moravam aqui devem ter virado monstros agora.

É engraçado. Eu costumava a rir da careta que Ishida fazia quando Sunwoo o chamava de preguiçoso. Segundo ele, ter um frigobar ao lado da cama para guardar absolutamente qualquer coisa, só para não precisar levantar da cama em nenhum horário do dia era a coisa mais sedentária que ele já viu Ishida fazer.

Nunca pensei que em algum momento da vida eu estaria imitando um dos meus melhores amigos, muito menos que nunca teria a chance de ouvir Sunwoo me dizer "você é igual ao Ishida" de novo. Se eu soubesse que aquela era a última vez, teria aproveitado mais aquele momento.

Dei mais um gole no energético, sentindo o líquido gelado descer pela minha garganta, me trazendo um certo frescor. Antes do mundo entrar em colapso, energéticos costumavam me deixar alegre. Um grito vindo do corredor me obrigou a parar os segundos mais prazerosos das duas últimas semanas da minha vida.

Os Mais Fortes Sobrevivem - Sweet HomeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora