30 - Humano demais.

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EUN-JI RYU

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EUN-JI RYU


- Você não é uma assassina. - retrucou Eun. - Não diga coisas estupidas.

Foi Sunwoo quem respondeu:

- Nós não éramos, antes de eles nos sequestrarem. Eles nos obrigavam a matar outros infectados, ainda humanos. Eles nos tornaram assassinos.

Abaixei a cabeça, tentando não deixar as péssimas lembranças voltarem. Sunwoo disse a verdade. Nos laboratórios, eles nos obrigavam a lutar com outros de nós, para descobrir quem era o mais forte. Nessas lutas, a regra era clara: ou você mata, ou você morre. Se eu e Sunwoo estamos aqui agora, é óbvio o que tivemos que fazer pra continuarmos vivos. Odeio admitir isso, mas... nós somos assassinos.

Sei que Sunwoo lida com isso tão mal quanto eu. É evidente o quanto ele fica irritado quando se lembra do que os Experimentos o obrigaram a fazer. Do que os soldados o obrigaram a fazer.

É impossível não se culpar por tudo que fizemos naquele lugar.

Podemos ser meio-monstros, mas não somos muito diferentes dos monstros que estão do lado de fora. A diferença, é que nós dois temos consciência de tudo. Não importa o quanto você odeie matar, agora, para "pessoas" como nós três, uma hora ou outra, matar se torna sobrevivência.

Coloquei as mãos no bolso do casaco, tentando esconder a tremedeira delas.

- Vamos logo com isso. - me aproximei do homem, segurando seu queixo e o levanto para que me olhasse. Depois, voltei a esconder minhas mãos. - Se mentir, me irritar, ou disser coisas sem sentidos, te jogo para os monstros do lado de fora.

- Não, não, por favor. - o soldado se levantou, apressado, correndo em minha direção. De repente, Sunwoo entrou na minha frente, o empurrando contra a parede com brutalidade.

- Se tocar nela, sou eu quem vai te matar.

O soldado se ajoelhou, os olhos cheios de lágrimas. Juntou as mãos, como se fosse rezar. Curvou-se a nossa frente, abaixando a cabeça.

- Não posso voltar. Vão me matar. Por favor.

Sunwoo segurou meu pulso, me puxando para perto da porta, querendo que eu mantivesse distância do homem. Hyun-su me olhou preocupado, tocando meus ombros, como se perguntasse se estava tudo bem. Balancei a cabeça, confirmando, o que pareceu o acalmar um pouco. Me virei para Sunwoo, que não estava feliz com a situação.

Conheço meu melhor amigo bem o suficiente para saber que ele estava odiando tudo aquilo. Sunwoo nunca foi uma pessoa agressiva, mas agora, ele parecia ter assumido esse posto para garantir nossa proteção. Eu sei, mais do que tudo, que ele odiaria ter que matar alguém de novo, sendo ou não um soldado. Mas, também sei que Sunwoo não hesitaria em matar alguém para nos proteger.

A bombeira se aproximou do homem no chão, erguendo seu corpo ao puxar a camisa.

- Jung Ju-seong, sua afiliação e sua missão.

- Eu não deveria estar aqui.

- Não me faça ter que repetir isso pela terceira vez. Quero sua afiliação e sua missão.

Ele não respondeu. Na verdade, algo interrompeu sua possível resposta, ela obtendo uma informação importante ou não. O rádio preso ao colete do homem bipou, o assustando.

Ele o arrancou com rapidez, o jogando no chão. O objeto deslizou pelo piso liso, parando ao bater na parede. Uma voz do outro lado começou a falar.

"Consegue me ouvir? Ou, consegue me ouvir? Não consegue? Droga. Esse desgraçado consegue ouvir, mas ta ignorando a gente."

Uma voz gargalhou ao fundo, deixando claro que havia mais pessoas por perto.

"Então da as caras. Aparece por aqui. Aparece. Aí, pega ele. Para, seu desgraçado!"

No fundo do áudio, um tiroteio se iniciou. O soldado que estava na sala tentou fugir, me empurrando para sair da frente da porta. Eu cai no chão, recebendo um apoio rápido de Hyun-su, que conferiu se eu estava bem e me ajudou a levantar.

O soldado não conseguiu ir muito longe. Sunwoo o segurou, o empurrando contra a parede e socando seu rosto. Depois, pressionou o pescoço do homem, impedindo que ele se mexesse.

- Eu te avisei, seu filha da puta. Te disse pra não tocar nela!

- Já chega!

Gritou a bombeira, pegando um extintor de incêndio e quebrando o rádio. Ela caminhou até Sunwoo, trocando olhares irritados com o garoto por alguns segundos. Se ela esperava que ele soltasse o homem pir causa daquele olhar ameaçador estava enganada. Sunwoo não se importava nem um pouco com o que aquela mulher queria. Entre todos ali, a palavra dela valia tanto quando a daquele soldado.

Eu interrompi a discussão que estava prestes a se iniciar entre os dois, atraindo o olhar de Sunwoo após tocar seu ombro.

- Precisamos dele vivo. - avisei. Sunwoo suspirou, irritado. Soltou o homem, lhe dando mais um empurrão contra a parede antes de se afastar.

- Tirem o SOS, agora mesmo!

Logo após seu comando, Hyun-su e o cara da cicatriz foram enviados ao terraço para tirar o pedido de socorro que Ji-su colocara nos primeiros dias. Todos foram reunidos na creche para dar o aviso do que estava acontecendo. A preocupação agora era quase palpável. Além do braço machucado de Jae-Heon e a recuperação de Ji-su da cirurgia, haviam pessoas do lado de fora que se nos encontrassem, iriam nos matar.

Eu e Sunwoo voltamos para o nosso pequeno quarto, arrumando nossas malas. Não pretendíamos ir embora agora, mas Sunwoo me pediu para deixar tudo preparado, caso algo nos obrigasse a ir. Ele parecia muito preocupado, então resolvi não discutir e realizar seu pedido.

Todo aquele suspense estava o deixando ansiosa. Resolvi tirá-lo de perto do soldado enquanto a bombeira o interrogava, para evitar que Sunwoo se irritasse demais. Sua cabeça estava apoiada na minha perna. Os olhos abertos, se fechando lentamente
conforme o sono o consumia. Acariciei seu cabelo recém cortado, arrumando os fios.

- Você estava certa. - ele sussurrou.

- O que?

- Mau pressentimento. Você acertou. Aquele soldado...

- Não é ele.

Sunwoo virou o rosto, olhando para mim.

- Como assim?

- Ainda estou com um mau pressentimento, e não tem nada haver com aquele cara. Bom, pelo menos não totalmente. Há algo a mais.

- Então... algo pior vai acontecer. - ele piscou devagar, como se esperasse que nossa conversa não fosse de verdade. - Talvez seja melhor irmos embora antes.

- Não podemos deixa-los.

- Eles vão com a gente. Já combinamos, não foi?

- E os outros?

- O que importa? Viu como eles te olharam hoje, quando fomos buscar comida para o Hyun-su? Eles nos odeiam.

- O que aconteceu com você enquanto esteve fora? Você sempre pensou nos outros, Sunwoo. Eu quem deveria estar dizendo para ir embora sem eles. Sempre foi assim. Lembra do que dizíamos? Você era...

- Bom demais. - ele completou minha frase. - As coisas mudaram, sou um monstro agora. Não vou me preocupar com pessoas que querem me matar. E saiba que não vou te deixar morrer pra protege-los.

- Não seja dramático. Vamos ficar bem. Vou proteger você, não se preocupe.

- Ryu, você não entendeu. Sou em quem deve proteger...

Ele foi interrompido por um apito alto. O alarme feito por Du-sik para avisar sobre os monstros foi ativado.

Havia um monstro do lado de dentro.

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Os Mais Fortes Sobrevivem - Sweet HomeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora