37 - A Águia e o Coelho

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     Nós saímos do apartamento às pressas, precisávamos chegar ao primeiro andar o mais rápido possível

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Nós saímos do apartamento às pressas, precisávamos chegar ao primeiro andar o mais rápido possível. Virei em direção as escadas, mas fui puxada para trás por Sunwoo, que me empurrou de volta para o nosso apartamento e fechou a porta com um certo desespero. Ele segurou meus ombros, apertando-os levemente para impedir que eu tentasse sair de novo.

- O que foi?

- O elevador. Você não viu? Tem alguém subindo.

Franzi as sobrancelhas, confusa.

- Pra onde acha que eles devem estar indo?

- Como eu vou saber, Ryu? Eu tenho as mesmas informações que você.

Dei um tapa em seu ombro, irritada por sua grosseria. Ele fez uma careta, virando-se para a porta e abrindo uma pequena brecha. Nosso apartamento ficava longe da porta do elevador, então, seja lá quem saísse dele, não conseguiria ver que nós estávamos o observando.

- Pode ser o Hyun-su. - Sunwoo sussurrou, a porta do elevador se abrindo em seguida.

Nós ficamos em silêncio, ansiosos para saber quem viera até nosso andar. O primeiro a sair foi um homem que eu nunca vi em toda minha vida. Alto e forte, o cabelo um pouco longo jogado para trás, paralisado, como se ele tivesse passado gel. Um dos olhos tinha a cor branca, marcado por uma cicatriz que cobria do meio da sua testa até metade da sua bochecha. O próximo a sair foi outro homem, magricelo e careca, usando um chapéu velho de pescador. Ele suspirou, virando-se para o elevador e agachando. De repente, puxou um corpo para fora.

Arregalei os olhos, levando a mão a boca para evitar um grito. Sunwoo me abraçou, como se soubesse que eu estava prestes a sair correndo do elevador.

Hyun-su estava sendo arrastado. Seu suéter estava rasgado, com dois buracos de tiro no ombro e no peito. Não conseguia identificar se ele ainda estava vivo ou apenas desmaiado.

Por fim, mais dois deles saíram. O de roupa preta ajudou o colega a arrastar Hyun-su até a escada, começando a subir os degraus com o corpo do garoto. O último a sair era o mais limpo entre todos. Usava um casaco de frio grosso e beje, os cabelos pretos bem cortados e o rosto inexpressivo. Sunwoo me afastou da porta, a fechando com rapidez, mas sem fazer barulho. Ele parecia assustado.

- Temos que ajudar o Hyun-su.

Ele balançou a cabeça várias vezes, negando.

- O que deu em você? O que foi, Sunwoo?

- Lembra... lembra quando eu te disse que conheci um Infectado Especial quando fugi do laboratório? Jung Ui-Myeong.

- O que tem ele?

- O último cara que saiu do elevador. É ele.

- E porquê nós ainda estamos aqui?

Ele suspirou.

O que Sunwoo não está me contando?

- Responde, Sunwoo. Por que aquele cara te dá tanto medo?

- Ele não me da medo. O que me da medo é saber o que ele quer fazer... com você.

- Comigo? O que ele.... espera. Outra me falou sobre isso. Esse cara quer me matar, não é?

- Como ela sabe disso?

- Não importa. Precisamos ajudar o Hyun-su.

Tentei sair, mas Sunwoo voltou a me puxar. Nunca o vi tão preocupado.

- Não. Ele é perigoso, Ryu.

Abri a boca, prestes a retrucar. Antes que conseguisse começar, outro tiro ecoou pelo prédio, ainda mais alto que os últimos. Aquele, com toda certeza, viera do terraço.

Empurrei Sunwoo, conseguindo correr para fora do apartamento mais rápido do que ele para me puxar de volta. Ouvi os passos rápidos do garoto atrás de mim, acompanhando minha corrida até as escadas. Nós paramos, ele logo ao meu lado, em um silêncio preocupado.

- Tem certeza disso? - ele murmurou.

- Ele precisa de mim. Além disso, vou ter que enfrentar o seu colega uma hora ou outra.

Ele balançou a cabeça, confirmando.

- Tudo bem. Estou com você.

Nós voltamos a correr, subindo o primeiro hall de escada e acelerando ao subir o segundo, onde fica a porta. Ela estava fechada e por um segundo, meu coração quase pulou pela boca ao pensar que ela pudesse estar trancada. Sunwoo a empurrou, apressado. Então, quando ela se abriu por completo, chamando a atenção dos que estava do outro lado, pude ver Jung Ui-Myeong erguendo o homem com a cicatriz no olho no ar. Ele segurava seu pescoço, o deixando pendurado no parapeito. Assim que seus olhos pousaram em mim e Sunwoo, ele soltou o homem, que caiu os quinze andares com rapidez, o barulho do corpo batendo no teto de algum carro.

Jung Ui-Myeong se virou para nós e de repente, um dos homens que trouxera Hyun-su arrastado atirou. O corpo de Ui-Myeong pendeu para o lado, o novo buraco em seu pescoço evidente. Então, ele voltou a erguer a cabeça, fazendo com que o homem que atirara nele caísse no chão no mesmo instante, morto.

Eu ignorei os dois, apressando os passos até Hyun-su, que me olhava incrédulo. Apoiei as mãos em seu rosto, conferindo se ele não estava machucado e sorri aliviada por ele não estar tão mal quanto eu pensava. O novo buraco de tiro em seu ombro sangrava, mas não era nada que o processo de cura não pudesse lidar.

- Você...

- É, estou viva.

O interrompi, abrindo um sorriso ainda maior. O canto da boca do garoto se ergueu, um curto sorriso surgindo. Ele colocou as mãos nas minhas bochechas, puxando meu rosto para perto e me dando um beijo rápido, como se quissesse ter certeza de que eu era real.

Assim que nos afastamos ele me empurrou para o lado, colocando seu corpo a minha frente e se levantando. Os olhos pousando em Jung Ui-Myeong, que encarava Sunwoo em silêncio, mais a frente de nós. Ele caminhou até meu melhor amigo, ficando a poucos centímetros de distância dele. Depois, abriu um sorriso.

- Mais que expressão linda. - ele levantou a mão. - É bom te ver de novo, Sunwoo.

Sunwoo não se mexeu, recusando a apertar a mão do garoto. Um avião sobrevoou pelo prédio, derrubando milhares de papéis vermelhos pelo caminho, que caíram pelo chão do terraço. Ui-Myeong abaixou, pegando o papel que cairá em seu pé e lendo, o silêncio entre todos se tornando desconfortável. Ele virou o rosto, inclinando levemente a cabeça para me enxergar, logo atrás dos ombros de Hyun-su.

- Por que fez isso? - Hyun-su perguntou, desviando a atenção dele de mim.

- Eu achei que você ficaria grato.

- Estavam do mesmo lado.

Jung Ui-Myeong gargalhou.

- A águia e o coelho estando do mesmo lado? O coelho estava fingindo ser uma águia, então eu só brinquei junto. Agora eu não preciso mais brincar. - ele ergueu os braços, dando de ombros. - Não é crime uma águia matar um coelho depois de brincar com ele. Essa é a natureza do nosso mundo agora.

- Existem monstros que não fazem mal as pessoas.

- Certo. - ele desviou o olhar, cansado da conversa. Caminhou até a borda do prédio, se sentando em um dos entulhos que havia por perto e apontando para mim. - Eun-Ji Ryu, não é?

- Como sabe o meu nome?

- Não se lembra de mim?

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Os Mais Fortes Sobrevivem - Sweet HomeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora