02 - Quarto. 1408

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O monstro fez uma leve reverência, como se estivesse me pedindo desculpas

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O monstro fez uma leve reverência, como se estivesse me pedindo desculpas. Tinha dado certo. Ele estava seguindo o meu comando. Mais uma das coisas que o poder do vírus me proporciona e que eu nunca vou descobrir o porquê.

Obriguei meus olhos voltarem a coloração normal, castanho escuro. Estava prestes a continuar a conversa casual com o monstro que sabia apenas uma palavra quando fomos interrompidos. Senhora Sook, que minutos atrás havia sido esmagada – ou pelo menos eu achei que tivesse –, pulou em seu pescoço.

As pernas se prenderam em volta dele enquanto ela tampava seus olhos, rasgando o rosto do monstro que levava as mãos para trás, tentando alcança-la. Ele era grande e desajeitado demais para isso. Outras três pessoas apareceram na minha visão, elas estavam perto da escada, no inicio do corredor. Não sei a quanto tempo observavam, mas pareceram surpresos quando os olhos encontraram os meus.

O primeiro da fileira era Jae-Heon, o único que eu conhecia. Morava no andar de baixo e já conversei algumas vezes com ele no corredor. Era um homem muito religioso e gentil. Ao lado dele estava uma garota nova, entre vinte ou vinte e cinco anos. O cabelo um pouco mais longo que o meu, batendo nos ombros. As pontas pintadas com um vermelho desbotado ou rosa. Por último havia um garoto, com toda certeza da mesma idade que eu, talvez um ou dois anos mais velho. Cabelos pretos e bagunçados, de rosto fino e com uma boca carnuda. Por algum motivo ele estava cheio de sangue.

A garota correu em direção ao monstro, o atingindo com seu bastão de metal. Jae-Heon a seguiu, ajudando a garota e senhora Sook a lutarem contra o monstro. Ainda parado, o último garoto me olhava. Os olhos arregalados, as mãos apertando o cabo de madeira com uma ponta de faca em sua mão.

— Peguem as crianças e corram! – gritou a mulher.

Aproveite a distração criada por eles e peguei o pequeno garotinho no colo, que rapidamente escondeu o rosto em meu pescoço, ainda chorando. Segurei a mão da sua irmã, correndo com eles até o garoto que nos esperava do outro lado. O garoto da minha idade segurou a mais nova no colo e só então me lembrei que o mais novo ainda abraçava meu pescoço. Ele não parecia estar disponível a me soltar.

— Vamos estar no quarto mil quatrocentos e oito! – o cabeludo me olhou. – Temos que ir.

Não pude responder. Ele saiu correndo escada abaixo, sem olhar para trás. Não queria ir, mas ao mesmo tempo não podia separar os irmãos. Suspirei e o segui até o décimo quarto andar, logo abaixo do meu. Paramos em frente a um dos apartamentos, o número 1408 preso na porta.

Coloquei o mais novo no chão e ele segurou minha mão antes que eu pudesse me afastar. A porta se abriu de repente e um homem velho, usando uma touca antiga e sentado em uma cadeira de rodas o encarou, franzindo as sobrancelhas. O garoto de cabelo bagunçado entrou, empurrando as crianças para dentro e me puxando quando percebeu que eu não entraria. Fechou a porta, respirando aliviado, como se tivesse corrido uma maratona.

Os Mais Fortes Sobrevivem - Sweet HomeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora