Capítulo 2 - Aprisionada.

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As horas pareceram se arrastar enquanto Isabela esperava pelo amanhecer. Trancada naquele quarto ela ainda podia ouvir os sons da batalha lá fora, os gritos e todo o povo de Severac sendo subjugado, seu Reino estava acabado, seu pai desaparecido, só esperava que ele tivesse conseguido mesmo fugir e que não o encontrassem, pelo menos ele estaria seguro.

A princesa já estava se deixando levar pelo sono quando dois guardas entraram no quarto e sem dizer uma palavra a arrastaram pra fora. Ela chegou a pensar que a levariam de volta a sala do trono, mas ao invés disso a carregaram pra fora do castelo, sem muitos cuidados, o povo de Murdor era formado por bárbaros e assassinos, nenhum dele tinha educação ou um pingo de classe. Quando chegaram do lado de fora Isabela pode avaliar mais de perto a extensão dos estragos. Casas estavam destruídas, outras pegavam fogo, havia corpos de soldados e também de inocentes espalhados pelo chão, até mesmo crianças, aqueles porcos matavam qualquer coisa que se opusessem a eles, Isabela teve vontade de vomitar ao avistar tanto sangue, mas se recusou a demonstrar sua fraqueza.

- Coloquem ela na carroça - aquele homem estranho que mantinha o rosto coberto e parecia ser o comandante dos soldados ordenou e observou sem emoção naqueles olhos azuis enquanto arrastavam a princesa até uma carroça, onde haviam montado uma espécie de gaiola e a trancaram lá dentro - talvez levá-la como brinde ao nosso Rei o impeça de matar todos vocês imprestáveis por terem deixado o velho comandante desse lugar fugir. Torçam pra que ele esteja de bom humor.

Apesar da situação Isabela sorriu ao ouvir que não tinha conseguido capturar seu pai.

- Meu pai vai caçar e matar cada um de vocês bárbaros - ela murmurou enojada - se tem amor a suas vidas, deveriam me soltar e fugir, pois ele virá atrás de vocês e não os perdoará se me matarem.

Os soldados riram das palavras da moça.

- Oh princesa, estamos mesmo contando com o fato de que seu pai virá atrás de você - um dos soldados disse - e ai quando ele aparecer, nós faremos o mesmo que fizemos com todo o resto desse seu povo esnobe, vamos arrancar a cabeça dele.

- Nunca vão conseguir matá-lo, ele virá me salvar.

- Chega dessa discussão inútil - o comandante ordenou - preparem os soldados pra partir e deixe o resto dos homens de guarda na cidade até segundas ordens, se alguém dessa cidade tentar fugir ou lutar, mate - e então se virou pra Isabela - e você princesa, fique bem quietinha e obedeça, pois é isso que acontece a quem desobedece ou desafia o Rei de Murdor.

Ela olhou pra onde ele apontava e conteve o pavor ao ver o corpo de um soldado pendurado na forca já sem vida, ela notara que era um dos soldados de Murdor, o mesmo que anunciara o sumiço de seu pai mais cedo. Lembrou-se das palavras daquele homem cruel mais cedo, e de como prometera punir o soldado se ele não trouxesse o Rei de volta. Se eles faziam isso com os próprios homens, o que não fariam com alguém como ela?

- O aviso está dado - ele murmurou e então lhe deu as costas, montando em seu cavalo negro e assumindo a dianteira do grupo, gritando ordens para seus homens.

Quando a carroça começou a se mover e se afastar da cidade os olhos da princesa se encheram de lágrimas. O que seria feito dela agora? Estaria condenada a morte ou a algo pior? Será que seu pai estava mesmo vivo e apareceria para salvá-la? E seu noivo Alessandro, o que teria acontecido com ele na confusão? Eram tantas perguntas e ela estava tão assustada, mas não havia nada que pudesse fazer a não ser esperar e rezar pra que tudo se resolvesse, sua família não a abandonaria, eles apareceriam para socorrê-la e ela ficaria bem, pelo menos era nisso que queria acreditar.


Cavaleiro das Sombras.Where stories live. Discover now