Capítulo 38 - Harenwall

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Assim que o dia amanheceu, Joseph partiu de Severac, deixando seus homens por lá por mais alguns dias e levando consigo apenas uma bolsa com uma pequena quantidade de ouro tirada da sala do Tesouro, para poder entregar ao Rei Klaus. Mas antes de partir para Murdor, ele tinha outro lugar a visitar... Harenwall. 

De Severac até Harenwall, era menos de um dia de viagem e Joseph chegou nos portões ao entardecer, mas não podia entrar na cidade e arriscar ser visto. De onde observava, contou pelo menos dez guardas nos portões e nos muros, imaginou quantos mais haveria lá dentro.

 __Hey garoto__ ainda em cima de seu cavalo negro, ele chamou por um menino que passava pela estrada e caminhava em direção a cidade. O garoto o olhou com receio, um homem vestido de negro, usando capuz em cima de um cavalo negro não era lá muito confiável, mas ele se aproximou mesmo assim.

__O que foi?

__Você mora nessa cidade?__ ele apontou.

__Sim senhor, moro aqui__ ele concordou.

__Quer ganhar algumas moedas?__ Joseph perguntou abaixando o capuz e mostrando ao menino três moedas de prata.

__O que tenho que fazer?__ os olhos do menino brilharam.

__Quero que entre lá e conte pra mim quantos guardas tem na cidade__ ele pediu. Já estivera em Harenwall antes e sabia que era uma cidade muito pequena, o menino não ia demorar para dar uma volta completa e lhe dizer quantos guardas haviam__ e quero que me diga em que lugar cada um deles está e que tipo de armamento usam.

Tinha o mapa da cidade na cabeça, se lembrava de cada cantinho da ultima vez que estivera ali e vagar por lá não seria problema, mas precisava saber o que o esperava do outro lado. 

__Acha que pode fazer isso?__ ele perguntou.

__Sim senhor__ o menino concordou.

__Tudo bem, te dou essas três moedas agora, e mais duas quando voltar se fizer o trabalho direito e não deixe que ninguém perceba o que está fazendo.

Jogou as três moedas para o menino e quando ele entrou correndo na cidade, cobriu novamente o rosto com o capuz e foi esperar com o cavalo na sombra, para sair da passagem e que para ninguém ficasse reparando nele. Desceu da montaria para que o cavalo descansasse um pouco, se escorou em uma árvore e esperou pelo menino, com os pensamentos bem longe. Imaginou como estariam as coisas em Murdor nesses dias que estava fora e não pode deixar de pensar como seria se realmente conseguisse tirar sua família daquela cidade. 

Pra onde iriam? O que fariam? Nunca tinha chegado a considerar essa parte, mas agora que estava tão perto de conseguir as perguntas iam se embaralhando em sua cabeça, lhe deixando confuso. Não muito tempo depois, o menino voltou correndo e veio lhe encontrar sob a sombra da árvore.

__Então, fez o que te pedi?

__Sim__ o menino concordou__ Tem dois guardas no portão de entrada, mais vinte deles espalhados em cima dos muros da cidade, e outros dezoito espalhados pelas ruas, em frente ao comércio, como as forjas, a padaria, e os bares. E tem mais uns seis protegendo uma casa antiga bem lá no fim da cidade, ninguém sabe o que tem lá dentro, eles não deixam ninguém ver.

__Uma casa antiga?

__É sim, de madeira escura e bem velha e fica fechada o tempo todo.

__E as armas que os guardas estão usando?

__Estão todos de armadura, espada, alguns tem lanças e facas também. 

__E como são esses homens?__ Joseph perguntou__ altos? Baixos? Fortes?

__São todos bem altos e fortes__ o menino disse__ porque quer saber tudo isso?

__Não importa__ ele pegou mais duas medas e pôs na mão do menino__ você nunca me viu está entendendo? Não conte nada disso que te perguntei a ninguém.

__Tudo bem__ o menino concordou. 

Joseph montou novamente em seu cavalo, e olhou na direção da cidade. Nunca tiraria sua família dali sem ajuda.

__Vá pra casa__ ordenou ao menino.O garoto o fitou por mais um minuto e depois voltou pra dentro da cidade correndo. Joseph suspirou e então se virou e saiu dali a galope, correndo de volta para Murdor.


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