Capitulo 16 - Cruel ou Covarde?

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Reino de Murdor

Isabela estava se preparando para ir outra vez aos aposentos do Rei Klaus. Depois de matar Charlie e abusar dela aquela noite, mesmo que ela estivesse cheia de dores e mal se agüentasse em pé, ele lhe deixara em paz por alguns poucos dias, mas agora que ela já se recuperara__ pelo menos fisicamente__ de tudo que aconteceu, ele tratara de exigir novamente sua presença.

__Não entendo porque ele não me mantêm presa em uma cela, como a prisioneira que sou, e ao invés disso me deixa vagando por ai.

__Ele quer que tenha a sensação de liberdade princesa__ Paola explicou enquanto lhe arrumava os cabelos__ quer que de alguma forma sinta-se a vontade neste lugar, ele quer mexer com a sua cabeça, o Rei Klaus é bom nisso.

__Eu não quero ir__ a princesa gemeu inconformada__ sei que você disse que ia melhorar com o tempo Paola, mas não importa o que eu faça, não melhora, eu não suporto que ele me toque.

__É porque você não é como eu ou minhas meninas__ ela sorriu gentilmente__ você nasceu para ser uma princesa e nada mais, só sentirá prazer e alegria quando estiver com o homem que ama. O que é pior para você, eu sinto dizer.

__Estou cansada, já chorei tanto que penso que minhas lágrimas secaram.

__Olhe, eu não devia fazer isso, mas tenho uma coisa que pode ajudá-la__ Paola se levantou e caminhou até um baú no canto do quarto, de onde tirou alguma coisa e voltou a se sentar junto de Isabela, mostrando-lhe um pequeno vidrinho vermelho com um líquido dentro__ isso aqui é um sonífero forte. Uma gota e ficará tranquila, três gotas lhe dão um sono profundo, e mais do que isso é capaz de matar.

__O que...

__Coloque três gotinhas no cálice de vinho do Rei antes que comecem__ Paola explicou__ em questão de poucos minutos ele estará em um sono profundo, basta distraí-lo com alguns truques que Vitória lhe ensinou e não precisará dormir com ele, ele logo estará em sono profundo e não se lembrará de coisa alguma quando acordar, pensará que tiveram uma ótima noite.

__Obrigada Paola__ Isabela pegou o vidrinho com um largo sorriso.

__Escute princesa, tome muito cuidado para que ninguém a veja com isso ou estará em apuros e eu também__ ela avisou__ e são apenas três gotas. Sei que se sentirá tentada a pôr mais e acabar com essa agonia, mas acredite, matar Klaus não vai ajudar ninguém, pelo menos não ainda. Entendeu?

__Entendi__ concordou.

__Se sentir-se tentada, lembre do que houve da ultima vez que não ouviu meus conselhos.

__Eu entendi Paola, prometo que não farei nada estúpido__ sorriu e lhe abraçou.

__Agora vá, que Joseph a espera lá em baixo para levá-la ao Rei.

Isabela escondeu o vidrinho na roupa e foi de encontro ao comandante que a esperava na porta do Bordel. Ele a guiou em silencio pelos corredores vazios do Palácio, e depois de todo o desespero ter passado, Isabela começou a sentir raiva da frieza daquele homem. A morte de Charlie tinha de certa forma sido culpa dele.

__Onde você estava quando Klaus mandou que matassem Charlie?__ ela questionou zangada, sem deixar de andar, o fitando com clara irritação__ você o entregou, achei que estaria lá para fazer o trabalho sujo e matá-lo você mesmo.

__Temos um carrasco para esse tipo de situação__ ele respondeu simplesmente, sem olhá-la.

__Você é um covarde__ Isabela acusou e parou de andar, o comandante fez o mesmo, olhando-a pela primeira vez desde que a pegara no Bordel.

__O que disse?

__Que é um covarde, começo a achar que as histórias eram apenas histórias__ ela disse__ é verdade que você é um ótimo soldado, mas o cavaleiro das sombras das histórias não tinha medo de absolutamente nada.

__Não sou nenhum covarde e não tenho medo de nada.

__Mentira__ ela rebateu__ tem medo de Klaus. Eu achava que não, mas agora sei que tem, se não porque outro motivo serviria tão fielmente a um homem como ele? Ah não ser que você seja realmente um ser desprezível e cruel, o que é tão ruim quanto ser covarde. Então cavaleiro das sombras, qual dos dois você é?

Discutir com aquela mulher era estupidez, mas Joseph odiava que o desafiassem daquela maneira, ainda mais que o acusassem de coisas que eram mentira. Ele não era covarde... Ele odiava covardes.

__Tenho minhas razões para servir ao Rei, razões que não lhe interessam, mas te garanto que não sou nenhum covarde__ ele disse__ eu devia lhe dar uma lição por insinuar tal coisa.

__Não vai encostar em mim__ Isabela sorriu debochada, estava cheia de ódio e rancor dentro de si, tudo começara com aquele homem, fora ele que invadira a sua cidade a mando do Rei, fora ele que a sequestrara e ele que entregara Charlie__ O Rei Klaus proibiu todos os homens do Reino, inclusive você de encostar um dedo sequer em mim. E você obedece como um cachorrinho porque tem medo dele, não é tão forte e invencível como as histórias...

Antes que ela pudesse terminar sua frase, Joseph se aproximou rápida e silenciosamente, a segurou com força pelas pernas a levantando do chão e empurrando-a de encontro à parede do corredor, de forma que as pernas dela estavam em volta de sua cintura e ele imprensava o corpo dela com o seu.

__Observe o meu respeito pelas malditas regras daquele maldito Rei.

E num momento de fúria, sem pensar muito no que fazia ele juntou seus lábios nos dela, num beijo feroz e cheio de luxúria. No começo Isabela esteve tão assustada que não soube o que fazer, até tentou empurrá-lo, mas acabou se deixando levar por aquela nova sensação. Nunca tinha sido beijada daquela forma, o Rei nunca a beijava e seus beijos com Alessandro eram rápidos e inocentes, mas aquilo nada tinha de inocente, muito pelo contrário. A forma como a língua dele invadia sua boca e a explorava era íntima, erótica e intensa, de uma forma que fez todo seu corpo arder mesmo contra sua vontade.

E então parou, deixando-a atordoada e sem fôlego e se afastou rispidamente, fazendo-a cair em pé, com as pernas fracas.

__Agora corra e conte para o seu Rei que eu a toquei, exatamente como ele proibiu que fizesse__ Joseph desafiou, também respirava com dificuldade, mas não parecia nem um pouco afetado como ela__ veja se ele tem coragem de vir me matar ou mandar alguém fazer, ele pode encostar em mim, mas não sem perder alguma parte preciosa do corpo.

Mas ele se arrependeu de fazer aquilo, pois o Rei não podia machucá-lo, mas podia descontar sua raiva em outras pessoas.

__Se não é um covarde, então talvez seja cruel e mesquinho__ ela acusou agora mais irritada que antes__ Paola tentou me convencer de que você não era uma pessoa ruim, mas não vejo como ela pode estar certa. A não ser que... __ ela parou um instante__ quem são elas? Disse que se algo acontecesse com elas por minha causa...

__Isso não é da sua conta__ ele agarrou-lhe pelo braço, puxando-a para perto e olhando bem nos olhos, o que causou arrepios estranhos na princesa, e não apenas de medo__ minha vida não é da sua conta e não lhe devo nenhuma satisfação, nem sei por que perco meu tempo discutindo com você. Pense o que quiser de mim princesa, sua opinião de nada me importa.

E ainda segurando-a pelo braço voltou a caminhar em direção aos aposentos do Rei. Isabela sentiu os olhos arderem e sem que percebesse lágrimas lhe escorreram pelos olhos, pelo visto estava errada... Elas ainda não tinham secado.

__Porque está chorando?__ ele resmungou__ eu não lhe bati, apenas lhe beijei. Klaus já lhe fez coisa muito pior.

__Estou chorando de raiva, seu mentiroso hipócrita__ cuspiu as palavras irritada__ e a propósito nunca mais faça isso outra vez está entendendo? Nunca mais se atreva a me beijar.

__Não se preocupe com isso princesinha, prometo que não vai se repetir nunca mais.

E os dois seguiram o restodo caminho em silencio e bufando de raiva.

Cavaleiro das Sombras.Where stories live. Discover now