Capítulo 4 - Sussurros da Meia Noite

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A floresta negra não era um bom lugar para se estar à noite, mas mesmo avançando rapidamente a caravana foi obrigada a parar e montar acampamento na floresta quando anoiteceu. Os soldados fizeram uma fogueira e se ajeitaram em volta dela, bebendo e conversando, a carroça onde a princesa se encontrava estava um pouco mais afastada e um homem baixinho, porém feroz a vigiava com atenção. O cavaleiro das sombras tinha deixado bem claro o que aconteceria se deixassem à princesa escapar novamente e ninguém estava disposto a correr o risco.

Por volta da meia noite os soldados caíram em sono profundo, cansados pela batalha em Severac e pela longa viagem. O vigia baixinho também estava morrendo de sono, mas fazia o possível pra se manter acordado, a troca de guarda seria dali em poucos minutos. Isabela não conseguia dormir, ficava olhando para as sombras assustada, com medo de que algo surgisse para atacá-la, tinha ouvido rumores nada agradáveis sobre aquela floresta. Mas a única figura que enxergava no escuro era o tal cavaleiro das sombras, ele era único totalmente alerta, e mesmo estando bastante distante da carroça, Isabela podia vê-lo observando o horizonte com atenção.

Isabela se encolheu com o frio, não tinham lhe dado mais comida como castigo por sua tentativa de fuga e ela estava fraca e faminta e tremendo de frio, coberta apenas pelo tecido frágil do vestido, agora todo sujo e um pouco rasgado pela queda que sofreu. Embora todos estivessem calados, ela pensava ouvir sussurros vindo do meio das árvores, barulhos perturbadores que lhe arrepiavam os cabelos. Diziam às histórias que eram os sussurros das pessoas que morreram naquela floresta, os espíritos que não seguiram em frente e durante a noite se lamentavam por sua infelicidade.

-Tem medo de fantasmas princesa? -Isabela deu um pulo quando ouviu a voz tão próxima. Olhou em volta assustada e viu que o guarda baixinho que a vigiava tinha sumido e em seu lugar, assumindo o posto de guarda, se achava o soldado que ela golpeara mais cedo. Sua mão estava enfaixada, e dava pra ver o sangue que manchava a atadura, ela engoliu em seco.

- O que você quer? - ela perguntou nervosa, se encolhendo o mais longe possível dele.

- Temos um assunto pendente - ele se aproximou da porta e começou a destrancá-la, Isabela não fazia ideia de onde ele teria arrumado a chave, mas seu coração disparou no peito, ela olhou na direção onde vira o comandante antes, mas ele não estava mais a vista, se o brutamonte fizesse algo com ela ninguém poderia impedir - graças a você fui humilhado na frente de meus companheiros e minha mão está machucada, minha mão de empunhar a espada... Vai ter que pagar por isso de algum jeito.

- Eu sinto muito, não era minha intenção machucá-lo - ela tentou melhorar a situação.

- Tarde demais pra se lamentar.

Ele abriu a porta e se inclinou pra dentro pra puxá-la, Isabela tentou se esquivar, mas ele era forte demais e o espaço apertado, não havia pra onde fugir. Ele a agarrou pelos cabelos e a arrastou pra fora da carroça. A princesa abriu a boca pra gritar, mas ele a tampou com a mão livre, não que gritar fosse ajudar em alguma coisa, duvidava que alguém ali fosse correr em seu socorro.

O homem a largou de qualquer jeito no chão e sentou-se sobre ela com um sorriso diabólico no rosto, amarrou um pano sujo em sua boca pra que ela não gritasse e atou as mãos juntas, depois a segurou com firmeza em baixo de seu corpo, não importava o quanto se debatesse, não podia se soltar.

- O comandante me proibiu de te matar ou machucar, mas não quer dizer que você não possa me compensar pela dor que causou mais cedo - ele falava em sussurros, provavelmente pra que os outros não acordassem - vamos ver o que você esconde embaixo desse vestido de seda, princesa.

Ele passou os lábios rudemente pelo pescoço dela, lambendo a pele com desejo, Isabela gemeu enojada e tentou empurrá-lo, mas era em vão, sentiu a mão dele adentrar seu vestido sem nenhum cuidado e acariciá-la entre as pernas. A jovem sem se dar por vencida se debateu com mais força e acertou-lhe um chute na costela, mas não foi de grande efeito, só fez o brutamonte ficar mais zangado e excitado com a situação. Não era a primeira princesa que estuprava e tinha prazer em ver o medo nos olhos delas.

Rasgou-lhe a parte de cima do vestido com um único movimento, deixando a mostra os seios fartos. Obrigou-a a abrir as pernas pra que se acomodasse melhor em cima dela e com a mão boa segurou-lhe um dos seios, acariciando com luxúria. Isabela chorou de desespero enquanto ele lhe beijava o corpo e fez de tudo que podia pra tentar pará-lo, mas o homem era forte demais.

Pelo canto dos olhos percebeu que mais três soldados haviam acordado e agora se juntaram pra assistir aquele ato desprezível, provavelmente esperando para serem os próximos a se divertir. A princesa já começava a perder as esperanças, estava praticamente nua quando de repente o homem gemeu e arregalou os olhos formando no rosto uma expressão de pura agonia. Ele cuspiu um pouco de sangue sobre a pele alva da mulher e um instante depois seu corpo caiu sem vida sobre o dela.

O cavaleiro das sombras puxou novamente sua espada, que usara pra apunhalar o covarde pelas costas e usou um pedaço da capa pra limpar o sangue da lâmina brilhante enquanto chutava o corpo inerte do soldado para o lado, para que saísse de cima da princesa, os outros soldados olhavam tudo assustados enquanto Isabela só conseguia chorar.

- Pensei que tinha deixado bem claro que ninguém deveria tocar na princesa - ele sussurrou embainhando novamente a espada e se agachou pra desamarrar os punhos e a boca da jovem - eu disse que o Rei deveria decidir o que seria feito dela. Ela é filha do Rei de Severac, um trunfo, não uma prostituta que serve pra vocês de divertirem. O próximo que tocar nela sem a minha permissão vai ter um destino muito pior do que uma espada enterrada nas costas, ficou claro?

- Sim senhor - os três concordaram nervosos.

- Ótimo, se livrem do corpo desse covarde e sumam da minha vista antes que eu perca a paciência.

- Sim senhor.

Os três homens arrastaram o corpo do soldado pra longe e sumiram de vista. O comandante agarrou Isabela pelos braços que ainda chorava convulsivamente, e a obrigou a ficar de pé. Ela pos a mão sobre os seios defensivamente, se escondendo, o vestido estava caído, cobrindo apenas da cintura pra baixo.

- Pare de chorar - ele ordenou - o homem já está morto.

- Po-Porque estão fa-fazendo isso co-comigo? - ela gaguejou, sufocando com as lágrimas - eu não fiz nada pra nenhum de vocês, me deixe ir embora, por favor, eu só quero ir pra casa.

- Isto é uma guerra princesa, sinto muito, mas ir pra casa não é uma opção, o Rei Klaus decidirá seu destino.

E sem demonstrar nenhumaemoção ele a trancou novamente dentro da carroça.   


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