Capítulo 7 - Não me DEIXE

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AVISO DE GATILHO.
O capítulo a seguir conta com cenas focadas em transtornos psicológicos, podendo ter momentos que tratam sobre crises de pânico,  ansiedade, depressão, TOC, ou relatos sobre overdoses.
Tais cenas podem gerar crises, por isso, peço que leiam com cuidado e tenham consciência de seus limites.

Obrigada pela atenção,
Boa Leitura!

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Cambaleou ao escutar aquelas palavras, suas pernas tremiam ainda mais do que o normal e sua visão passou a escurecer. Mesmo sentado em uma cadeira, sentia-se em queda livre. Marina está grávida, aquilo era tudo que sua mente repetia — em uma sequência de três, a mesma quantidade de palavras. Sem saber o que fazer, levantou-se apressadamente, sem dizer tchau aos anfitriões do jantar ou ao menos olhá-los. Queria vomitar, essa era a verdade, aquela sensação de tocar em alguém sujo o contaminou e suas mãos estavam pinicando — a luva que o protegia era a mesma que o queimava.

Grávida.

Grávida.

Grávida.

Grávida.

Grávida.

Grávida.

Grávida.

Pensou sete vezes, porque aquela palavra possuía sete letras. Contou até 11 desesperadamente, mas não conseguiu parar no numeral como sua psicóloga o recomendou, pois, instantaneamente, a sua mente corrigia. Estava irritado. Estava enojado. Adams estava muitas coisas — e nenhuma delas era calmo ou feliz.

Saiu da casa rosada e bateu a porta com força, ignorando a mulher que o seguia e gritava seu nome. Andou apressadamente para o seu carro branco, tonto, bêbado, segurando o choro — sentia que o remédio não fazia mais efeito nenhum nele. Você não é uma bicha, sua mente recitava, suas costas ardiam, seu pai estava lá, batendo-o com o cinto novamente. Os seus 15 anos estavam de volta. Socorro, implorou.

Mas ninguém escutou seus pensamentos de suplício.

Abriu a porta branca do carro, sem passar álcool em gel na mesma como costumava fazer, sem se importar com a sujeira que manchava suas luvas. Precisava fugir daquele lugar, precisava escapar. Marina correu atrás dele, ignorando os gritos do marido, ela bateu em sua janela duas ou três vezes, gritando o nome dele seis. Ele a olhou e viu o rápido sentimento de lembrança surgir em sua mente, aquela situação estava se repetindo — primeiro o casamento dela, agora isso.

Havia reagido bem a todos os últimos acontecimentos, mas não conseguia reagir bem àquilo. Aquilo era diferente. Era o fim.

— Adams, por favor, abra essa janela, vamos conversar — implorou a garota, uma, duas ou três vezes. Ele não a escutou.

Ligou o carro assustado, tentando desfocar da moça, sua cabeça doía demais, girava, rodopiava como se fosse um carrossel. Não aguentava olhar para a garota, não suportava o passado que retornava sem pausar.

— Tire suas mãos sujas do meu carro! — Foi a única coisa que conseguiu dizer, pensou em como tinha a abraçado e a tocado sem luvas em alguns momentos e, principalmente, pensou nos lugares imundos que a mão da garota certamente já percorreu. Queria vomitar.

Germes era tudo que ele enxergava.

— Por favor, vamos conversar — gritou a garota, mas ele não a escutou.

Fugindo de tudo, ligou o carro e partiu. Atravessou o máximo de sinais vermelhos que conseguiu, não se importando com a cor que eles ostentavam, já não era capaz de manter a velocidade do carro constante — pois sentia uma necessidade indescritível de ir embora daquele lugar o mais breve possível. Ele precisava chegar em casa, era tudo que sua mente dizia.

Não me TOC [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora