Capítulo 13 - Não me PROTEJA

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AVISO DE GATILHO.
O capítulo a seguir conta com cenas focadas em transtornos psicológicos, tais como: depressão, ansiedade e TOC, podendo abordar pensamentos negativos em relação ao suicídio.
Por favor, leiam com cuidado e tenham consciência de seus limites.

Obrigada pela atenção,
Boa Leitura!

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Os passos da mulher eram firmes — firmes demais para quem usava uma sapatilha de pano —, demonstrando claramente o cansaço que sentia. Geralmente, o turno da madrugada costumava ser mais movimentado, apesar de que os pacientes costumavam se comunicar menos com ela. Contudo, aquele era um dia atípico, visto que a terapeuta teve que se ausentar naquela noite repentinamente, o que a tinha feito ficar responsável de cuidar da área de última hora, aquela poderia não ser sua função, porém desde que ainda era uma médica, tinha sido obrigada a acatar o pedido.

— Eu não posso liberá-lo. — Foi breve em expor sua decisão.

O agente revirou os olhos, demonstrando um pouco de aflição junto a raiva e a incompreensão. Aquilo não era apenas um universo novo para o mais velho, também era um Adams novo.

— Não pode? Como assim não pode?

— É véspera de Natal e de seu aniversário, são datas especiais que fazem o quadro do paciente se agravar. Escute, já é difícil alguém com o histórico dele ser liberado, imagina com tudo isso. Eu não posso deixá-lo sair daqui sem ao menos 24h em supervisão médica.

— O quê?!

— Você sabe... tudo vai depender da análise do paciente e de sua reação ao tratamento, não podemos liberar uma pessoa como ele, para ser bem sincera, o risco de uma internação involuntária é muito grande nesses casos.

— Como ele? O garoto é bonito, rico e bem-sucedido. O que é ser como ele? — Negação.

— É ser uma pessoa com comportamento suicida.

Por alguns segundos, a mudança em Lucas ficou perceptível. Não era mais a pessoa que estava brincando e falando de salários, já que pela primeira vez aquele termo foi citado com certeza. Feito com uma base, era — praticamente — um diagnóstico. Não era só mais uma ideia ou pensamento de uma pessoa sem muita competência observando outra. Aquela era a certeza de uma doutora, com a garantia de um histórico e anos de estudo.

— Adams não vai aguentar ficar no hospital por tanto tempo, eu não sei como ele ainda não sentiu falta das luvas e teve um ataque cardíaco. Por favor, não pode mantê-lo aqui, vai ser pior ainda — Sua postura mudou quase que instantaneamente, não conseguia mais se manter estável. Sentia-se inútil.

— Eu sou médica e o meu trabalho é salvar vidas, senhor. Se for decisivo, eu manterei o paciente em vigilância até que eu queira que ele saia.

—Isso ao menos tem alguma base? Adams foi liberado recentemente de um tratamento psicológico, não é o suficiente para dizer que a hipótese do suicídio é improvável? — Raiva.

— Deixa eu pensar... seu amigo sofreu com uma falha no tratamento e precisa de um retorno urgente, junte isso com o alto risco e a pouca vigilância. Também junte com o agravante da tentativa ser em véspera de festividades, ele ter um diagnóstico de TOC, tentativas anteriores de longa data e a sua família não está aqui. Será que isso é uma boa base? Escute, eu sei que esse é um momento difícil para você, mas não gosto quando tentam me ensinar o meu trabalho.

Lucas colocou a ponta dos dedos na testa e respirou fundo, definitivamente odiava médicos. Principalmente, quando eles estavam certos. Aquela criança não era o tipo de pessoa fácil de lidar — era teimosa, insistente, extremamente antissocial e também detestava quando tentavam ditar como deveria agir —, bem provável que se fosse a médica, também não a liberaria.

Não me TOC [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora