Capítulo 18 - Não me ASSOMBRE

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AVISO DE GATILHO.
O capítulo a seguir conta com cenas relacionadas a perda de pessoas/entes queridos e, muito por cima, que se relacionam com o uso de drogas.
Tais cenas podem gerar crises, por isso, peço que leiam com cuidado e tenham consciência de seus limites.  

Ah, um pequeno adendo: a autora, apesar de ter se esforçado, não possuí o mesmo local de fala/vivência do personagem, por isso, caso algum leitor se sinta ofendido, está livre o uso dos comentários/mensagens privadas à livre opinião (só peço que, se possível, evitem xingamentos, por favor).
Caso seja preciso, editarei quantas vezes for necessário para que o capítulo seja o melhor possível.

Obrigada pela atenção,
Boa Leitura!

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Roupas pretas.

Roupas pretas em conjunto de uma melancólica melodia, silenciosa como a alma que ressoa tal qual o toque do piano.

Roupas pretas e paredes brancas.

Roupas pretas e uma cama.

Roupas pretas e madeira.

Alguém com olhos que nada veem — fechados.

Uma cena escondida por trás da neblina do desespero e da desinformação, uma falha nas memórias que insistiam em não dizer o caminho percorrido anteriormente, um som de alguém que insistia em dedilhar o instrumento de madeira tão escura quanto o caixão, uma solidão desarmônica com o local lotado, a perda de algo que não pode ser encontrado.

Uma nostalgia.

Um medo.

Uma memória que não queria possuir.

Focou-se nos detalhes, aquele não era o seu lugar e, muito menos, seu pesadelo, pois as paredes pareciam mais brancas que os normais e as pessoas vestiam roupas bonitas. Focou, piscou e as coisas que antes existiam viraram pó, apenas o vazio constante decorava a atmosfera.

Entre sumiços e reaparecimentos, entre diversos atos da peça de luzes brilhantes e rostos falsos, entre diversos momentos — do passado e do presente —, entre confusão e fracasso. 

Não era o corpo de um adolescente que repousava naquele lugar, não.

Era o de um rapaz.

Um rapaz de traços finos, pele branca e olhos verdes.

Olhos verdes que o agente não era capaz de enxergar, olhos verdes escondidos pelas barreiras que ele mesmo impôs e ninguém ousou atravessar, por conta disso, ninguém enxergará. Não mais.

Uma respiração inconstante de batimentos acelerados e de mãos fixas, fixamente agarradas de forma desesperada contra o lençol que impedia o grito invisível de sair da garganta em forma de som — seu abismo era feito de silêncio.

Acordou incerto.

A escuridão de seu quarto soava como uma demonstração da realidade e Lucas tateou com cuidado o colchão em busca do celular, uma tentativa brusca de se certificar que nada havia sido alterado e ainda era noite do dia 27 — bem, teoricamente, descobriu ser madrugada do dia 28, mas se atentou ao importante e ignorou as minuciosidades —, sentiu o medo desaparecer com a garantia de que tudo ainda estava no seu lugar.

Era só um pesadelo, suspirou por fim, desejando que a sensação de mal presságio fosse embora. Encostou a cabeça na parede atrás da cama por alguns segundos, até que seu corpo relaxou e se deixou ser levado à cozinha a fim de desvanecer — ou acordar — um pouco, esperançoso de que a luz do ambiente abrisse seus olhos e sua cabeça. Bebeu água e, por fim, caminho até o sofá, ligou a televisão e deixou em um canal qualquer, as memórias foram ligadas em conjunto e possuíam importância o suficiente para esconderem o que estava a sua frente como se fossem espessa neblina. Apertou o rosto entre as mãos, queria se desligar.

Não me TOC [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora