Capítulo 35.1: A Troca

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Anteriormente na farofa... 

Naty: Não é esse o meu motivo. Eu consigo me enxergar em você, e é notório que nós dois precisamos recomeçar e apagar o passado.

Diego: Você não apagou o seu, por que eu apagaria o meu?

Naty: Eu não sei como fazer isso.

Diego: Cultuando essas lembranças que não é. Quer criar um altar pra ele também não? É isso que te prende, ora. Virou uma doente obcecada pelo cara desde um beijinho de jogo em uma festa qualquer! Um beijo em alguém que você nem sabia quem era e, por acaso, foi um conhecido seu! Cresce, Nathália. Ele não é príncipe, você não é uma chapeuzinho, e eu já cansei de ser tirado pra Lobo Mau. (deu uma lição de moral nada delicada, mas correta no que dizia. O amor dela por Dan parecia rondar os limites da obsessão. O mérito dessa questão, no entanto, fica para outra hora; não é o momento certo)

Naty: E como eu me liberto?

Diego: Talvez eu saiba. Cabe a você confiar ou não. (ofereceu-lhe uma trégua, sem a menor noção de que, no mesmo fim de tarde, outra pessoa tinha a intenção de fazê-lo)

[...]

Naty: Não sei se eu consigo...

Diego: Faz o que o seu coração mandar. Libera tudo o que você está contendo há tanto tempo. Deixa ir embora.... É só dar o primeiro passo, depois fica mais fácil.

Naty: Não posso! Não posso simplesmente me livrar disso assim quando o que me faz mal parece ser eu mesma! (teve um rompante de sanidade diante dos próprios receios)

Diego: Se recuar agora, vai recuar pra sempre! Você que sabe o que é melhor pra você. (deixou a decisão a cargo dela, sentiu o cheiro de pólvora. As chamas já crepitavam vívidas, dançavam em labaredas incandescentes capazes de sensibilizar a sua visão debilitada. A fumaça subia em espirais, irrompia os resquícios densos que, pouco a pouco, transformava em nada; em farelos negligenciados de passado. E o pretérito não compreendeu os fatos, analisou às escondidas aquele ritual inexplicável que eles compactuavam entre si)

Naty: Realmente, agora me sinto mais leve. Livre... (alegou um estado de espírito de que certamente não dispunha, pois a sua real vontade era reaver os pertences e se condenar pelo que ousou fazer. No entanto, só assistiu passivamente ao arder daquela fogueira)

Diego: Às vezes, só atitudes radicais conseguem matar o passado. Foi o acordo. Eu enterraria tudo o que me aconteceu e seguiria em frente se você também fizesse o mesmo. Queimar isso da sua vida ajudou a superar, né?

Naty: Ajudou. Finalmente acabou. Isso tudo não significa mais nada pra mim. (tornou a vislumbrar a caixa e teria engolido todos os disparates proferidos para enganar a si mesma se soubesse que aquele em quem passava a borracha podia ouvi-la)

Diego: Agora só falta recomeçar tanto pra mim quanto pra você.

Naty: Olha... Sobrou uma coisa do lado de fora que eu me esqueci de pôr de volta. (posicionou-lhe os dedos sobre o acessório roxo no pulso para que ele entendesse do que se tratava)

Diego: Fácil de resolver. (forçou o elástico do artefato até que explodisse em miçangas pelo chão. Escutou o suspiro que sucedeu o estalo da quebra, ganhando a certeza de que aquela libertação havia sido das mais dolorosas para Naty: a algema que a prendia ao seu mascarado estava aos pedaços): O pior já passou. Acabou.

Naty: Acabou mesmo. Acabou esse tormento de Daniel Vasconcelos na minha cabeça. (de fato, o "tormento" se desintegrava, refratário a acreditar no que os seus ouvidos captavam da realidade: era ele aquele punhado de materiais descartáveis atirados ao fogo)

Sinfonia - Destino Trocado (vol. 1) COMPLETO!Where stories live. Discover now