Capítulo 8

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Após mais algumas investidas frustradas das criaturas, o momento que o caçador aguardava ansiosamente se apresentou à sua frente. Por uma fração de segundos, os vormags postaram-se, lado a lado, com os braços arriados e totalmente vulneráveis ao ataque. O homem encapuzado logo se apressou para tirar vantagem do momento e com um movimento rápido e preciso, em arco, da direita para a esquerda, ele golpeou a fúria na sua frente com um balanço ágil e firme da espada, decapitando imediatamente a criatura sem permitir nenhuma chance de defesa a ela. O caçador se aproveitou da velocidade desse movimento, girou sobre os seus calcanhares e usou sua outra espada para fazer um rasgo na altura da barriga da segunda criatura, que no mesmo instante caiu no chão, com seus membros inferiores separados do resto de seu corpo.

Ao mesmo tempo em que o caçador eliminava as criaturas, o terceiro vormag, que até então vinha se mantendo afastado do combate, disparou e saltou sobre eles, quase no mesmo instante em que a fúria em frente ao homem encapuzado era partida em dois pedaços distintos de carne podre e aterrissou com um dos braços apoiado no chão, em meio a terríveis gritos lamuriosos, a poucos passos, nas costas do homem.

Pela primeira vez nessa noite, a situação não estava nem um pouco favorável ao caçador. O único vormag inteiro encontrava-se nesse momento entre a menina e o seu protetor e ele não havia previsto isso. O terror em seus olhos quando viu a criatura disparar em direção à pequena Arryn foi tão grande que, por um momento, ele chegou a sentir uma pontada de medo, fato esse que não acontecia há muitos e muitos anos, porém, logo o homem voltou a si e, certo de que não conseguiria alcançar a fúria antes de ela chegar na menina, largou suas espadas no chão e levou ambas as mãos às costas, pegou duas das quatro facas de arremesso feitas de ferro puro e as disparou em direção ao vormag, acertando em cheio sua nuca.

Grunhindo e chiando, a criatura com as facas na base da cabeça caiu se debatendo no chão. O caçador se preparou para correr em sua direção, com a intenção de finalizar, de uma vez por todas, o que havia começado momentos antes, quando sentiu uma dor profunda e lacerante na parte posterior de sua coxa esquerda. Ele virou sua cabeça para trás, na direção de suas pernas, e viu a metade superior da criatura que ele havia acabado de partir em duas apoiada com um dos braços no chão e com a outra mão cravada em sua carne. Num ato de puro instinto, e misturado um pouco com profundo sentimento de raiva, o caçador usou o seu pé direito para pisar violentamente na cabeça da fúria, que estava com suas garras fincadas em sua perna. Ele repetiu o movimento mais três vezes, espirrando sangue para tudo quanto é lado, até ouvir o estalo de ossos quebrando embaixo da sola de sua bota, e dessa vez teve a certeza de que a criatura não voltaria mais para atormentá-lo.

Somente um vormag restava com vida agora e o homem, que acabara de sofrer o seu terceiro ferimento em apenas uma noite, não estava disposto a prolongar sua estadia na caverna por muito mais tempo, então abaixou-se para pegar suas espadas e disparou para cima da criatura, que já tinha recobrado a consciência e se mexia em direção à menina.

Com as duas espadas à frente, o caçador saltou sobre a criatura e, ainda no ar, pôde ver nitidamente que o vormag já se encontrava posicionado sobre a criança, com sua nefasta e nojenta mão em forma de garra a menos de um palmo de rasgar a perna da menina. O homem trincou os dentes e aterrissou com as duas espadas cravadas no pescoço da fúria, atravessando carne, osso e terra, separando, definitivamente, cabeça e corpo, ao mesmo tempo em que os dedos pontiagudos da criatura faziam dois profundos cortes na carne da pobre e inocente criança.

O Caçador MisteriosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora