Capítulo 29

91 5 34
                                    

Enquanto rumava pela rua principal da cidade, Adimus seguia com passos apressados na direção ao palacete da senhora Whalunt, pois ele tinha plena convicção que, se houvesse um local em toda a Eldrathor onde a menina realmente pudesse ser salva do mal que a assolava, esse lugar, sem sombra de dúvidas, seria o lar da senhora Indra Whalunt, a Lady de Ernelis.

Adimus já tinha percorrido quase metade do caminho quando, subitamente, a menina começou a se debater em seu colo, de forma leve, no início, mas que logo passou para uma espécie de tremedeira com fortes espasmos. Essa mudança brusca no comportamento da pequena Arryn, imediatamente, fez com que o gigante ficasse ainda mais preocupado e apavorado com a situação da garota, fato esse que o fez apertar ainda mais o passo, na esperança de chegar rapidamente ao palacete.

Ao adentrar nas imediações da propriedade de Indra Whalunt, inexplicavelmente, a pequena Arryn aquietou-se e os espasmos cessaram de forma permanente. Adimus ficou feliz com essa mudança, mais do que bem-vinda, no comportamento da criança, e agradeceu mentalmente por isso. Ele aproveitou para ajeitar confortavelmente a menina em seu braço enquanto terminava de percorrer os últimos passos até a porta da Lady de Ernelis, e por um breve momento, o gigante pôde vislumbrar novamente o rosto da pequena Arryn, com os seus olhos grandes e curiosos, de um verde lindo e intenso, cheios de vida, e seu coração se encheu de esperança de vê-los abertos novamente. Indra salvaria a menina de qualquer maneira, e era essa a certeza que ele tinha na cabeça quando esmurrou a porta e gritou para que a abrissem imediatamente.

Durante toda a caminhada do portão da cidade até a porta do palacete de Indra, o gigante ouviu os berrantes soando em cada uma das oito torres de defesa que protegiam a imperiosa muralha de pedra que envolvia e protegia Vila Ernelis e ficou impressionado com a melodia que eles produziam. Os toques eram rítmicos e cadenciados, sem sobreposições. Quando uma torre terminava um toque, uma outra começava, e, assim, as oito torres cantarolavam do alto, enquanto os homens respondiam de baixo, gritando e batendo com o cabo das lanças no chão de pedra e com as espadas em seus escudos, também de forma rítmica e cadenciada. A organização dos homens era impressionante e linda de se ver. Em questão de poucos minutos eles já se encontravam correndo pelas ruas com plena consciência do que deveria ser feito. Aqueles que portavam arco e flecha pegaram as escadas de pedra e foram tomar posição no alto da muralha, enquanto os homens que deixaram as suas casas com armas de curto alcance partiram em direção ao portão e imediatamente entraram em formação de combate.

Ernelis era chamada por todos de vila apenas pela força do hábito, pois fora criada com esse intuito há centenas de anos, quando a única preocupação dos homens era arar e cuidar da terra para o plantio, levar o gado para pastar, ordenhar ovelhas e cuidar dos animais, porém, nos dias atuais, onde o mal perambula livremente pelo mundo, caçando impiedosamente qualquer ser vivo que se aventure nas sombras da noite, o homem já não se sentia mais tão seguro assim e sentiu uma urgente necessidade de se proteger. A noite é perigosa e dissimulada, é aquele momento crucial em que os homens de bem temem em deixar seus lares e tudo que é estranho se esgueira das profundezas da terra para aterrorizar o mundo. Dado esse fato, a necessidade de proteção urgiu nos corações dos homens e não tardou muito para começarem a construir muralhas em volta das suas cidades.

Porém, Vila Ernelis não era uma simples cidade. Não era habitada somente por homens comuns, e justamente por esse motivo, enquanto muros de madeira eram construídos em outros locais, aqui as muralhas eram poderosas, imponentes, feitas de enormes blocos de pedras sobrepostos uns sobre os outros, com quase dez metros de altura. A cidade fora construída em formato octogonal, com uma torre, onde cabiam pelo menos uns vinte arqueiros, em cada uma das pontas do octógono. O portão era de madeira maciça, com pelo menos quarenta centímetros de espessura, e acima dele, uma paliçada, também de pedra, protegia e permitia a visão dos sentinelas que guardavam a cidade. Ao longo de toda a muralha, dezenas de postes com fogo mágico, que nunca se apagavam, encontravam-se dispostos a uma distância de mais ou menos dez passos um do outro.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 06, 2019 ⏰

Adiciona esta história à tua Biblioteca para receberes notificações de novos capítulos!

O Caçador MisteriosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora