Desde o Princípio - Livro 1 - Passado no Presente

Capítulo 13

Eu posso viver com "intrigante"!

Na sala do apartamento 101, Eros fingia prestar atenção nas modelos que agora, desfilam de lingerie e asas de plumas para a forra dos demais homens no ambiente.

Seu coração acelerou e ele sabia, Cathy estava de volta. Ela apareceu na cozinha americana com os cabelos molhados jogados de lado, uma blusa justa e descontraídas calças de malha colorida e era tudo o que ele enxergava, ainda que conseguisse fazer de conta que olhava para a TV.

Precisa estudá-la e tentar desfazer aquela confusão de sua cabeça, mas as imagens de Sabrina Espósito eram mais fortes do que nunca em sua memória.

___ Então, as primeiras foram mesmo as mais votadas? — Linda confirmou, quando a música cessou e a TV ficou com a tela escura.

___ Que gringa pode com as representantes brasileiras? — Dre sabia que nada se comparava a mulher do seu país.

___ Gente, não é por nada, não, mas eu tô com fome... — Pâmela quis saber, passando uma das mãos pela barriga, já que com a sua gravidez, era impossível não pensar em comida.

___ Cathy, sua deixa!!!

Ela já estava atrás do balcão que dividia a cozinha com a sala, telefone em mãos. Após discutirem o tamanho da fome de cada um e que ficariam por ali mesmo — a porta de vidro entreaberta que levava a varanda gourmet mostrava que uma garoa fina caía, impossibilitando a usual beira da piscina.

___ Não ache que todo mundo aqui é meio doido... — Linda se aproximou do novo vizinho — Tenha certeza!

___ E meu amigo finalmente encontrou o seu reduto ideal!

Ambos riram do estilista, que espalhafatoso como sempre, tentava ajudar Cathy e Agnes a organizar as coisas sobre o balcão, mas só fazia mesmo, bagunça.

Eros começou uma conversa empolgante com Pâmela sobre pizza, assunto que dominava como bom descendente da mamma Itália, e isso diminuiu, um pouco, a pressão que fazia sobre si mesmo.

Sentia, a continuar observando sutilmente Catharina Batista, que tudo o que descobrira na Viarello não dizia mais respeito à ele somente, a terrível história deixara de parecer um devaneio: agora, tudo parecia transportado para a realidade!

Cathy conversava descontraída quando percebeu o celular tocando e sabia, não teria como escapar daquele telefonema: Marlena Batista já fora ignorada por tempo demais! E antes que sua querida progenitora decidisse descer a serra a se aboletar por ela, era melhor ouvir o que ela tinha a dizer!

Devido ao relacionamento nada comum entre elas, tudo o que Cathy podia fazer era fingir estar satisfeita por sua mãe ter feito algo que retirou Dona Marlena de sua atarefada agenda social: ter sido indicada ao tal prêmio de jornalismo.

Ela se afastou e saiu para o hall, sabendo que Ringo logo traria as pizzas e essa seria sua desculpa para desligar – era difícil manter a falsa empolgação, ainda mais quando estava cansada como naquela noite.

Ouviu os comentários sobre os perigos de se expor em favelas para fazer reportagens como aquela que concorria ao prêmio: que apesar de impactantes, jamais conseguiriam mudar a cena trágica do país de terceiro mundo em que viviam, rezando para que Ringo aparecesse no elevador.

Assim, antes de ter de ouvir mais uma desculpa esfarrapada sobre o silêncio do Sr. Batista quanto a tudo o que a envolvia, Catharina agradeceu aos céus quando viu o elevador se abrir e dele sair o entregador e o zelador que claro, viera afanar para si um pedaço.