Capítulo 5

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A bruxa e a revelação

Baía dos Santos, tempos atuais

Quando foram chamadas para a sala de Martin, Catharina e Agnes nem deram muita atenção ao editor-chefe do portal N. W. Notícias — ele sempre costumava reclamar nas tardes em que não tinha mais absolutamente nada para fazer, e como elas estavam bem ocupadas colhendo frutos das matérias recém-lançadas, demoraram a atender o seu pedido.

Cathy estava distraída a deslizar rapidamente os dedos pelo teclado de seu computador, mas quando viu Agnes se espreguiçando, na mesa ao seu lado, percebeu que a amiga estava cansada e que somente por isso, iria atender ao chamado de Martin. Assim, ambas se dirigiram à única sala com portas de vidro da redação e entraram como de costume, sem bater.

___ Até que enfim! O que eu tenho que fazer para ser mais respeitado nessa redação? — o homem de olhos azuis arregalados começou, logo que as viu abrir a porta — Ninguém mais segue as minhas ordens! É isso que dá ficar contratando um monte de mulheres, agora estou perdendo o controle! Quando a maioria era de homens, eu levava isso aqui com punhos de aço! Eu mandava e era imediatamente atendido!!!

___ Martin, corta essa! — Agnes foi a primeira a se pronunciar, interrompendo o discurso dramático de seu chefe, pois sabia que tudo não passava de teatro — Você está se sentindo carente, ou o quê?

___ Sentem-se, minhas meninas de ouro! — ele imediatamente abriu um sorriso amável, tão diferente de sua anterior expressão revoltada, o que era típico de sua explosiva personalidade, indicando as cadeiras e estendendo para ambas, dois grandes envelopes pretos — Uma olhadinha nisso antes, por favor!

___ Ah, valeu pela discrição! — Cathy reclamou, vendo que a carta, endereçada ao seu nome, já havia sido aberta.

___ Você vai me agradecer! – ele se arqueou sobre a mesa ao ver, com grande expectativa, ambas lerem seus comunicados — Esqueçam o que eu disse sobre as mulheres, estou realmente carente... O que seria da N. W. Notícias sem as suas duas maiores estrelas?

___ Meu Deus! — Agnes berrou, pulando da cadeira.

Cathy estava tão atônita que levou alguns segundos para assimilar a informação contida no papel timbrado, da comissão organizadora do prêmio Bougart de jornalismo.

___ Eu não acredito! — finalmente murmurou, segurando o envelope ao encontro do peito.

Em menos de um piscar de olhos, toda a redação do portal N. W. Notícias estava em furor, todos querendo saber o que havia acontecido de tão importante para a usualmente discreta Agnes, ter berrado daquele jeito.

___ Eu e Cathy fomos escolhidas para concorrer ao prêmio Bougart de jornalismo desse ano! — ela anunciou, vendo a alegria dos amigos mais próximos e a cara de "pouco caso" dos demais.

___ Eu não disse que esse história prometia? — André, o Dre, um de seus maiores amigos e parceiro de trabalho abraçou Cathy, demonstrando sua confiança, e foi fazer festa ao lado de Agnes, em seguida.

___ Acho que a minha ficha ainda não caiu... — Catharina ainda sorria para o nada, minutos depois, quando todos já tinham retomado suas funções — Jamais sonharia em ganhar, mas ser indicada já foi um reconhecimento e tanto! — era uma coroação realmente, para quem tinha apenas pouco mais de um ano de carreira.

___ Porque não sonharia ganhar? Que conversa é essa? Você é uma "revelação"! — Nes fez um trocadilho com a categoria na qual a amiga foi indicada, abraçando a amiga — Eu tenho certeza de que o prêmio fica na N. W. Notícias.

Desde o Princípio - Livro 1 - Passado no PresenteWhere stories live. Discover now