Prólogo

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O primeiro dia da primavera de 1849 estava há poucos momentos do seu fim, assim também como a espera de quatro anos de Sabrina pelo retorno do seu amado, João Gabriel

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O primeiro dia da primavera de 1849 estava há poucos momentos do seu fim, assim também como a espera de quatro anos de Sabrina pelo retorno do seu amado, João Gabriel.
Em pé em frente à porta principal do casarão dos Esposito, no vale que era conhecido como Viarello, ela esperou durante a tarde toda, com o coração batendo acelerado e os olhos fixos no final da alameda cercada de palmeiras que levava ao portão principal.

Os últimos raios de sol já estavam a ser escondidos pelas montanhas que subiam atrás da propriedade, quando o tão esperado reencontro aconteceu: um cavalo castanho avermelhado cruzou o portão, trazendo um homem muito alto, que se vestia formalmente de cinza e tinha sobre a cabeça um chapéu da mesma cor, que lhe escondia o rosto e parte dos cabelos compridos e escuros.

Levando uma das mãos ao peito, Sabrina abriu um sorriso satisfeito, denunciando a todos os convidados a chegada do filho pródigo.

João Gabriel parou o seu cavalo ainda há poucos metros do casarão, subitamente atingido por aquela visão: aquela encantadora mulher de vestido vermelho, que com um sorriso iluminado olhava na sua direção, não podia ser a mesma menina de tranças, que o acompanhara em todas as suas recordações de infância e adolescência.

Sem conseguir conter a ansiedade, Sabrina não deu ouvidos à Senhora Esposito que pedia que ela esperasse e disparou a correr pelas escadas, enquanto o via descer do cavalo e descobrir o rosto, mostrando uma barba rente, que também o dava um ar de amadurecimento que ela não conhecia.

Ainda sem conseguir acreditar no que os seus olhos o revelavam, João Gabriel a via deixar a varanda e atingir as escadas, saindo das sombras para a luz do sol, que refletiu imediatamente o colar que repousava no seu colo, que ostentava agora as linhas curvas e delicadas de um colo de mulher: presa numa fita de cetim preta, estava a estrela de cinco pontas, forjada em prata já envelhecida, que ele havia comprado na França e enviado secretamente a ela.

Agora, porém, a belíssima peça que tinha de imediato chamado a sua atenção, numa feira de antiguidades, estava ofuscada por uma beleza ainda mais radiante, que ficava cada vez mais próxima, trazendo consigo os traços familiares que haviam o acompanhado em todos os momentos de saudade e solidão.

Sabrina se aproximou e antes que João pudesse dizer qualquer coisa, laçou-o pelo pescoço e deu-lhe um longo beijo nos lábios, que ele correspondeu, depois de alguns segundos de inerte surpresa. Correspondendo o abraço e o beijo, a rodou no ar, fazendo o burburinho de comentários das pessoas na sacada aumentar.

Quando o beijo cessou, ele contemplou de perto o rosto corado daquela jovem, emoldurado por seus longos e encaracolados cabelos castanhos e teve certeza: aquela seria a mulher com quem se casaria, para ser, como ela mesma afirmara a vida toda, o homem mais feliz de toda a terra.

___ Surpreso? — Sabrina o interpelou, encarando-o com um sorriso desafiador.

___ Apaixonado. — foi a resposta que ela obteve.

Desde o Princípio - Livro 1 - Passado no PresenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora