Capítulo 19

24 6 72
                                    

Boa noite, fã da Legião Urbana

___ E então, não vai me dizer que esse é só mais um boato sobre você? — ele a provocou, quando entraram no elevador.

___ Não, esse é bem pior do que dizerem que eu sou gay! — ela riu, conformando-se em ter que explicar ao novo amigo as atitudes loucas de Linda — Porque, por mais louco que pareça, tem um fundinho de realidade...

Ele arqueou uma das sobrancelhas, pra lá de curioso.

___ Não tem nada a ver com religiosidade, claro! — ela demonstrou não ser a mais religiosa das pessoas — Nem com uma opção perpétua minha, tão séria quanto um voto, mas... — não sabia bem como explicar — Digamos que eu... Bem, não sou de morrer de amores.

A porta do elevador se abriu e ele a seguiu, com um suspiro. Começava a desejar que não tivesse levado aquela curiosidade a tona.

___ Sendo assim, fica bem mais fácil entender o motivo daquele primeiro boato. — ele se dirigiu para a caminhonete branca, abrindo as portas com um aperto de botão no controle do alarme, que tinha numa das mãos — Não deve passar de uma consequência da rejeição.

Ela o acompanhou, adentrando o automóvel, e pensando no que ele havia dito, consolou-se:

___ É, até que seria mesmo consolador, se fosse assim... Mas, acho que é muito mais complicado do que isso: estamos lidando com um esteriótipo criado pela sociedade patriarcalista, que não admite que uma mulher seja exceção no meio de tantas que não sabem viver sem ser completamente dependente de um homem!

Ele ligou o carro, realmente pensando no que ela tinha acabado de dizer.

___ Nossa!!! Eu fui fundo agora!!! — ela acabou rindo, o que também o causou diversão — Vamos deixar as minhas filosofias malucas de lado e nos preocupar com coisas mais urgentes e corriqueiras: cerveja e onde encontrá-la.

___ Você é mesmo intrigante, Cathy Batista, mais do que eu tinha pensando! — ele a encarou por alguns instantes, enquanto percebia a reação positiva dela, ao que tinha acabado de dizer.

Então, perguntando para onde se dirigiriam para abastecer o freezer dos descasados, descontraiu completamente o assunto novamente, assegurando-se que não devia se arrepender, como já estava começando antes, de tê-la questionado tão diretamente sobre sua dita "castidade".

Ao mesmo tempo que as declarações dela podiam ter deixado bem claro que ela não admitiria que ele nem ninguém se aproximasse, a reação dela ao seu último comentário, foi a de um mulher que tinha realmente gostado do que tinha ouvido. E isso era um sinal de que Cathy, por mais especial e peculiar que fosse, tinha uma sensibilidade extremamente feminina.

E, mais uma vez, Crau estava certo e aquilo estava se tornando tão frequente que beirava o absurdo: todas as mulheres gostavam de um elogio sincero.

Ela, por sua vez, passou a concentrar-se em guiá-lo até o depósito de bebidas do bar do Carter, impedindo-se de pensar nos motivos da curiosidade dele, a seu respeito. Linda era louca, então, ela não tinha que ficar imaginando se a amiga tinha algum motivo para querer que ela se interessasse pelo fotógrafo, que não fosse a beleza física dele.

Cathy ainda estava pensando nisso, quando o observava pegar as caixas pesadas do depósito, e carregá-las para a caçamba da caminhonete, sendo impedida por ele de ajudar.

___ Tem certeza que não quer que eu te ajude? É muita coisa! — ela perguntou, seguindo a ele que ia e voltava rapidamente, carregando o carro — E eu consigo carregar peso, viu? Não sou daquelas dondocas que só fazem esforço na academia!

Desde o Princípio - Livro 1 - Passado no PresenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora