Perfeita nas suas imperfeições
Eros seguiu para o trabalho, desejando que pudesse apertar um botãozinho e esquecer o absurdo que ele e Crau tinham acabo de concluir no Cenourão.
Não como se ele realmente pudesse acreditar que Catharina Batista era a sua alma gêmea e que o destino estava lhes dando uma segunda chance para amar depois de tanta desgraça, imagine!
Sua mente pragmática sabia que o aguçado interesse na morena era uma mistura de desejo e curiosidade, coisas essas, com as quais ele era perfeitamente capaz de lidar, já que vinha fazendo isso a vida toda!
Precisava parar de pensar que passar longas horas diárias ao lado dela seria um sacrifício, quando teria que se manter concentrado e preencher as expectativas de todos.
Tinha que ver aquilo como realmente era, a convivência com ela poderia ser, exatamente, a solução para toda a energia que se acumulava: a curiosidade e a expectativa o estavam fazendo idealizar, imaginar uma mulher que, muito provavelmente, não existia.
Nada como a boa e velha intimidade, como o mantra das duas semanas, para provar que de perto, ninguém é perfeito, quiçá, normal e fazer aquele encantamento, sob o qual se via já há mais de 18 horas, desvanecer.
Uma longa viagem no elevador do prédio da redação depois, ele avistou a grande, clara e movimentada sala, barulho de dedos deslizando em teclados, gente falando, impressoras fazendo o seu trabalho — estava animado para começar.
___ Bom dia Eros! Boa sorte no primeiro dia! — uma das estagiárias que tinham sido apresentadas com a colunista social no outro dia o saudou e ele sorriu, simpático, mas desinteressado.
Na mesa que sabia, era a Catharina, um blazer estava na guarda da cadeira, mas ela não estava lá. Chegando mais perto, seu olfato sentiu o mesmo perfume que experimentara no quarto dela, na outra noite. Delicioso!
E se ela fosse realmente perfeita nas suas imperfeições?
"Concentre-se homem!!! Pelo amor de Deus!!!"
___ Cara, te mandei uma mensagem com o editorial dos anos 90 que eu te falei ontem, você viu? — Thomas o questionou, tocando num daqueles assuntos ele passou em piloto automático no dia anterior, pensando na mulher que tinha acabado de conhecer.
Tentou focar no que falava o repórter esportivo, mas tudo em si pareceu acender quando a morena se aproximou, com seu sorriso largo e cabelos brilhantes:
___Bom dia rapazes! Você — e apontou para Eros — Puxe uma cadeira, quero que fique por dentro dos nossos próximos editoriais e sim, tem uma propaganda de moda no meio das coisas realmente interessantes!
Fazendo o que ela havia pedido, num enorme esforço para pensar somente em trabalho, ainda conseguiu reparar que ela vestia uma camisa branca e justa e que tinha os botões abertos, a ponto de mostrar o top rendado que estava por baixo.
Indo pegar alguma coisa na bolsa, ela percebeu o "atrevimento" do botão e o fechou, voltando-se para ele um pouco tímida, apesar de não demonstrar:
___ Tem vontade própria! Não sei por que insisto em fechá-lo a todo tempo, ele não aceita! — ela sempre usava a jocosidade para esconder sua timidez.
___ Que bom que não estava usando isso perto do deus do mundo da moda então!
Ela gargalhou.
___ Seria o fim! Talvez não se eu estivesse usando um sutiã de vovó por baixo, ou de amamentação! Os homens têm pavor desses, certo? – as palavras foram saindo tão rápido que ela não teve tempo de avaliar que estava falando em sutiãs com o novo parceiro e parecendo uma idiota!
YOU ARE READING
Desde o Princípio - Livro 1 - Passado no Presente
RomancePode o destino entrelaçar de tal forma três caminhos ao ponto deles se cruzarem, vida após vida, causando intrigas e polêmicas, ambição e gestos abnegados, ciúme e renúncia, amor profundo e ódio enraizado? Quando Eros Vicenzze, movido pela curiosida...