Capítulo 15

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Segunda chance


Com a coluna reclamando por ter dormido num colchão inflável, Eros acordou nas primeiras horas da manhã.

O sol reinava na Baía dos Santos e invadia a porta que dava para a sacada, que foi mal fechada na noite anterior, invadindo o cômodo.

Caminhando até o banheiro da suíte a tropeçar em malas e caixas — a casa toda estava um caos, tudo o que ele trouxera de Vila Velha do Caminho Real, jogado de qualquer jeito no chão! Ele sabia que não teria tempo ou energia para se focar na arrumação, não quando tudo de si, estava tão focado em Catharina Batista. Ou seria em Sabrina Espósito? Já não sabia mais!

Enquanto fazia a higiene pessoal, a mente lhe trazia o sorriso aberto da morena, que fazia surgirem suaves covinhas nas bochechas. Sua pele brilhante, livre de qualquer maquiagem, deixando aparente as pequenas sardinhas sobre o nariz e maçãs do rosto. A naturalidade, a forma como ela lhe parecia totalmente livre e sincera, seu humor nada sutil e até escrachado... Não tinha nada nela que Eros não tivesse adorado!

Pensou na frase que ouviu da colega de redação e imediatamente se perguntou em que tipo de problema ela estava metida: seria algo com relação à redação? Ou pior, algo pessoal?

Pensando em como faria para levantar informações sobre Catharina sem envolver Crau – o amigo não era a pessoa mais discreta do planeta, Eros ouviu o som do celular, vindo de algum lugar do quarto:

"Se alguém já lhe deu a mão

E não pediu mais nada em troca

Pense bem, pois é um dia especial

Eu sei não é sempre que a gente encontra

Alguém que faça bem que nos leve deste temporal"1

Só Justine com o seu amor irracional por Tiago Iorc para mexer no toque de seu celular!!!

Porém, ao contrário do que geralmente acontecia, o humor de Eros estava muito bom naquela manhã e ele ficou focado na letra da música, que em qualquer outro dia teria dito ser melosa e sem sentido!

Catharina tinha lhe dado a mão e não pedido nada em troca! Ela, com certeza, poderia fazer o dia de qualquer pessoa, especial e trabalhar ao lado dela, voltando para a vida que ele nunca desejou abandonar...

Quando resolveu atender e respondeu laconicamente as mil perguntas que a prima lhe fez sobre o primeiro dia na Baía, o Cenourão e os descasados, Eros estava convencido de que podia ver todo um futuro ali, naquela vida, com aquelas pessoas... Com Catharina!

Nem sequer se lembrava do que dissera para desligar o telefone, e antes que sua mente lhe alertasse outra vez de que se abrir com Crau era uma péssima ideia, ele se viu macetando a porta do apartamento do amigo, que era no mesmo andar.

___ Caraca! Onde é o incêndio, grandalhão? – abriu a porta e viu o amigo passar por ele como um raio.

___ Você está sozinho?

___ Dã, desde quando eu prolongo as coisas até de manhã, num dia de trampo?

___ Preciso te contar uma coisa e...

___ Saudades da Patrícia? — claro que ele faria as suas provocações.

___ Rá-rá, que engraçado! — Eros se jogou no sofá, com um suspiro — Preciso desabafar sobre um assunto e quero que me prometa que não vai rir da minha cara!

Desde o Princípio - Livro 1 - Passado no PresenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora