Apenas nós

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Sonho on:

— Maitê, você não está mais presa a Tom. - Menciona o gato flutuante. — Você morreu, portanto, o pacto chegou ao fim. - Ele parecia mais contente do que o normal.

Ela volta seus olhos para o reflexo no espelho, este, por sua vez exibia a estrutura corporal dela, deixando aparente a enorme cicatriz que ela mantém em seu umbigo.

— Eu realmente não quero me lembrar deste acontecimento. - Ela suspira, empunhando sua varinha.

— Talvez isso a ajude a superar, sim? - Manfeys diz em tom calmo. — Lembrar de quando ele a segurava nos braços, daquelas lágrimas sem sentimento, a falta de desespero. Isso demonstra tudo o que ele sente por você, que é nada. - Ele desaparece repentinamente. — Para ele, você é apenas algum tipo de curativo que pode cobrir os machucados dele. Você não passa de um " band-aid ". Lembre-se, até você, " band-aid " só estará presente até que ele se cure de seus machucados. - Diz a figura, que não é visível para ela.

Maitê observa sua estrutura no espelho. Ela estava feia. Aquela enorme cicatriz que parecia um raio cobria todo o seu abdômen. Tocando sua pele, ela a sente estranha. Seria difícil se acostumar com aquela outra pessoa. Ela morreu.

De forma lenta, Anweris movimenta a varinha apontando-a para seu abdômen, " limpando " sua pele das cicatrizes. Ela permitiu que restasse apenas uma parte dela, apenas um risco sobre suas costelas. Era possível enxerga-lo, mas não era tão fácil.

— Cicatrizes não são ruins. - Ele reaparece sobre a banheira. — Na verdade são como troféus. Está aí, você conseguiu lutando por sua vida, jamais deveria esquecê-la, não importa o quão ruim você teve que ficar para tê-la. Esta cicatriz é o troféu que ganhou por não ter morrido. - Desfila sobre a parede da banheira.

— Sim, Manfeys. Você pode estar certo. - Ela se voltou para ele. — Mas... E se receber um troféu por permanecer viva não é o que eu quero? - Houve silêncio por alguns segundos. — E se eu preferir morrer? - Ela fita o gato balançar a cabeça, então este misteriosamente desaparece.

Sonho off

— Bom dia, querida... - Tom murmura, analisando sua namorada despertar.

Anweris observa o lorde com confusão, então se coloca de pé de forma rápida, caminhando até o banheiro. Ela fecha a porta com um barulho, trancando-a rapidamente.

Em frente ao espelho, retira a camisa de seu pijama, procurando desesperadamente por algum tipo de cicatriz em sua costela.

Observando aquele risco, ela suspira, sentindo seu corpo inteiro arrepiar. Algo de errado estava acontecendo, mas ela não sabia exatamente o que era.

— Maitê! - Exclama Tom, do outro lado da porta do banheiro. — O que houve? - Questiona de forma preocupada.

— Não é nada... - Ela suspira, ainda com os olhos sobre sua cicatriz. — Eu apenas precisei ir ao banheiro urgente. - Simula uma gargalhada.

— Tudo bem... Vou esperá-la para o café da manhã, certo? - Diz se afastando da porta.

Tom não estava contente com aquele momento. Principalmente quando Maitê dormia. Ele foi capaz de escuta-la mencionar " Manfeys " . O lorde sente arrepios ao lembrar-se daquele gato flutuante que jamais fora visto por ele.

Riddle sempre soube que aquele animal " imaginário " era contra o relacionamento deles, mas jamais soube quem era aquele gato, exceto é claro, por descrições de Maitê. Um de seus principais objetivos naquela fatídica época era acabar com a existência daquela visão. De alguma forma ele deveria fazer com que Maitê se esquecesse dele, ou fazê-la acreditar que era louca, assim ela não levaria tão a sério o que o gato dizia.

Ele apenas a analisou sussurrar palavras do diálogo deles como " Morrer " , o que o assustou de certa forma. Se ela havia abdicado de suas memórias, como seria possível que algumas cenas estivessem retornando?

E por que justamente seus diálogos com aquele gato imaginário?

Já Maitê se preocupava ainda mais, afinal desde que ela começou com esses sonhos, tudo pareceu se intensificar em sua vida, principalmente pelo fato de Tom estar presente em praticamente todos eles. O que ele escondia? O que não estava certo?

— O que houve mais cedo? - Questiona o lorde durante o café da manhã. — Ouvi você mencionar " Manfeys " enquanto dormia. - Ela finalmente volta seus olhos para ele. — Quem é ele? - Indaga observando o rosto dela.

Ela estranha a naturalidade com que ele fala " Manfeys ". Como ele sabia que era alguém e não algo?

— Na verdade eu não sei... - Suspira, voltando a passar manteiga em sua torrada. — Eu não consigo me lembrar. - Ela finge confusão. — Eu realmente não consigo me lembrar disso, Tom. - Ela parece chocada.

— Está tudo certo, estudos comprovam que quando o sonho é irrelevante você o esquece facilmente. - Ele sorri, bebendo um gole de sua xícara de café.

O lorde, embora pareça acreditar, não acreditou, afinal desde que ele se aproximou de sua ex-namorada, agora atual, Tom analisa os sonhos dela. Por isso sempre pede a ela que Maitê durma em sua casa.

Ele quer controlá-la. Limitar seu acesso às suas memórias. Esta poção foi de certa forma eficiente para ele. Permitiu que o lorde pudesse criar outras memórias com ela, substituindo as antigas. Substituir memórias imaturas e terríveis, porém joviais, recordações importantes, de quando tudo começou, de seus erros, mas também de acertos. O ser humano vive para memórias mas também vive de memórias.

Embora ele tenha dito: " sonhos não lembrados não são importantes " , Tom não sabia que Maitê recordava-se de todos os que tivera até agora. Aquele gato era sua incógnita, pois ela sabia, no fundo ela sabia que tudo aquilo já foi real.

O que é o Amor? - Tom RiddleTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon