Merman 2 - l.s

Liam.

Eu estou sóbrio, e honestamente não sei dizer por quanto tempo ainda será assim. Eu gosto do cheiro do álcool e gosto de como - mesmo que temporariamente - ele consegue tirar toda a minha angústia e sofrimento.

Faz anos, eu sei, mas eu ainda sofro com minhas escolhas e hoje vejo que mereci e ainda mereço toda a merda pela qual estou passando.

Eu perdi tudo, assim como fui capaz de fazer a única pessoa que mais amei nessa vida perder. Depois que Zayn deixou claro que nunca mais queria me ver, depois de que ele foi embora e eu o vi reconstruindo sua vida, eu me afundei no álcool.

Se passo dois dias sem beber pode-se considerar como um recorde. Eu acabei com minha carreira por conta disso, e agora sou apenas um desempregado andando por Londres. Não sei ao certo porque fui capaz de escolher logo Londres. Podia ser qualquer lugar, mas aqui parecia o mais longe possível dos meus pais.

Eles desistiram de mim, todos desistiram. Agora eu era apenas um peso morto que vagava por ai com o pouco de dinheiro que tinha. Eu sei que preciso frequentar a reabilitação. Minha mãe fora bem clara quando me deu apenas duas opções. Ou eu me curava disso, ou eles me negariam como filho. Era ruim ter alguém problemático como filho quando a mídia era toda em cima deles. Já sabemos qual fora o meu destino.

Mas eu não sei se lamento por isso. Não sei se sou capaz de me arrepender, entende?

Eles nunca estiveram presentes. Nunca foram alguém em especial na minha vida e nem se importaram comigo. Muito menos se importariam agora. Era tudo a respeito deles e a merda da imagem que transmitiam para a mídia. Então de qualquer forma, eu já estou no inferno mesmo.

Não sei como deixei que minha vida desandasse dessa forma. Eu tinha tudo. Meus planos futuros estavam quase concretizados. Eu teria a minha carreira dos sonhos, seria ainda mais reconhecido e faria a minha própria fortuna, não que o ponto principal fosse o dinheiro. Mas eu me apaixonei e fiz escolhas erradas. Descobri que a fama não é tão importante quanto o amor, e lamento por ter descoberto isso da pior maneira.

A chuva começa a cair. No começo o que era pouco e em gotas finas, começa a se transformar quase em um dilúvio. Puxo um pouco do meu casaco para cima na intenção de proteger-me, mas sei que isso não irá ajudar em nada.

Ás vezes penso porque ainda estou aqui. Porque continuar lutando se já estou perdido e sem solução alguma. Eu me transformei nisso agora e não haverá ninguém que me trará um choque de realidade e me dirá que devo sair do fundo do poço, me reconstruir e quem sabe futuramente ser capaz de me apaixonar novamente.  Não a ninguém para me fazer cair na realidade, e eu simplesmente estou existindo. Eu poderia acabar com a dor, não poderia?

Talvez fosse o destino me dando um conselho amigável, ou apenas me pedindo para que terminasse com o que comecei a anos, mas agora a única saída que eu tinha para me proteger desse dilúvio, era entrar em um pub. Não hesitei, apenas adentrei o lugar e deixei que o cheiro das diversas bebidas inundasse minhas narinas, como se eu estivesse cheirando as mais encantadoras e magníficas flores.

Dei passos lentos e curtos, retirando o meu casaco encharcado. Não que minha camiseta por baixo estivesse diferente, mas aquele traje parecia deixar o meu corpo ainda mais pesado. O pendurei ao lado da porta e segui sentando-me em um banco próximo ao balcão. Pedi uma cerveja como se aquilo fosse resolver os meus problemas. Como se aquilo fosse a solução que a vida me deu.

Olhei ao redor. As pessoas sorriam e estavam acompanhadas. Doí-me admitir, mas eu queria ter a vida delas. Queria ter alguém com quem compartilhar a ser feliz, ou apenas ser feliz.

Eu era apenas um moleque quando tomei atitudes que no momento achei certa. Não me leve a mal, mas naquele momento, naquela idade as coisas pareciam ser certas. Agora eu estava mais velho, quase na casa dos 30. Eu reconhecia todas as coisas ruins que já fiz, e apenas podia me lamentar, porque infelizmente não somos capazes de voltar ao tempo e mudar tudo.