Capítulo 15

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*coloquem a música para tocar*

Harry.

Por mais que eu obrigue-me a me lembrar do que ocorreu, minha mente está a falhar. Estou com medo, mas não quero assumir isso. Está escuro e não consigo enxergar, não consigo tranquilizar-me. Ouço goteiras um pouco distante, e sinto o meu corpo todo doer contra o chão gélido. Meus pés estão repousados em algo que parece uma barra de ferro, mas ainda sim eu sinto a dor.

Não é uma dor física, descobri que há muito tempo eu não sei o que é sentir o meu corpo doer, mas sim minha alma. Meu coração chora por ele e eu não sei como fazê-lo parar. Queria poder fechar os meus olhos e retornar aos seus braços. Aquele a qual me proporciona o abraço mais puro e aconchegante que eu já vivenciei nessa vida. Sinto meus dedos tremendo e chutes vindo da minha barriga.

Sinto que o bebê está com tanto medo quanto eu. Eu queria poder protegê-los. Pensei que era capaz de fazer isso sozinho, mas eu não sou. Conforme os sons da goteira parecem ficar ainda mais altos e rápidos, mais eu me culpo.

Eu não consigo enxergar devido a escuridão. Até mesmo o chorinho desesperado de Darcy me tranquilizaria agora, mas eu não ouço nada além dos meus próprios soluços. Eu fecho os olhos cada vez com mais força tentando teletransportar-me para Louis.

Eu não fui sensato quando parti. Eu devia ter cedido, não partido! Isso foi estúpido, e agora eu só almejo por sentir o seu corpo quente contra o meu. Quero sentir os seus lábios abraçando aos meus. Quero ter os seus braços rodeando a minha cintura e me transmitindo a calma que eu tanto preciso nesse momento.

Louis estava em um momento ruim, e mesmo assim tudo que eu fiz foi culpá-lo. Eu sou tão egoísta! Como posso me perdoar depois de tudo? Como ele pode sequer um dia me perdoar?

Eu quero retornar ao tempo em que ainda tínhamos sorrisos sinceros. Quero voltar a acordar ao seu lado e vê-lo me olhando com as suas íris tão azuis quanto um oceano. Quero poder beijá-lo e dizer o quanto o meu amor por ele atravessaria até mesmo a imensidão para encontrá-lo. Mas, isso está distante.

Meu corpo fica fraco cada vez mais, e eu sinto como se a qualquer momento eu fosse capaz de perder a esse bebê. Eu sinto como se não pudesse mais me movimentar, minhas pernas não são mais capazes de me sustentar. Não sei reconhecer se essa dor toda é tristeza, ou apenas estou machucado. Elas são tão similares, mas de qualquer forma é uma dor que está me corroendo de dentro para fora, até que eu implore para que os deuses me livrem disso. Até que eu implore para que toda a dor se cesse.

Mas eu lembro dos olhos dele. Lembro-me dele me olhando com o olhar inocente mas ao mesmo tempo tão sugestivo. Eu lembro-me do seu gosto doce e eu apenas consigo pensar em ser resistente para senti-lo novamente.

Quero que minha intuição esteja certa agora. Que ele realmente esteja procurando por mim. Penso quando ele vier me salvar, quero me desculpar e mostrar-lhe o quão importante ele é para mim. Assim que todo esse inferno passar, eu quero abraçá-lo de uma forma que jamais o fiz. Almejo para que ele sinta que eu irei protegê-lo, assim como ele tem feito. Ele tem sido a minha corda, e a razão para que eu ainda continue vivo, mesmo que algumas vezes a força para desistir seja maior.

Então o choque da realidade me atinge. Isso não é um conto de fadas! Eu fui alguém ruim para Louis, eu o fiz afundar-se ainda mais em sua própria desgraça por ser egoísta! Eu sou um monte de lixo que não é capaz de suportar a dor de quem mais ama. Eu devia ajudá-lo, mas apenas fui capaz de pensar no meu bem estar. Eu o tirei Darcy, algo que eu sei que o importava. Ele deve me odiar, e para ser sincero eu faria o mesmo se estivesse em seu lugar.

Minha cabeça bate contra o chão com força, mas a dor não me atinge. Estou anestesiado pelos meus próprios sentimentos. Estou anestesiado pela minha própria desgraça.

Merman 2 - l.sWhere stories live. Discover now