Capítulo 17

91 11 16
                                    

*Coloquem a música para tocar, de preferência coloquem o fone.*

Harry.

A dor está perfurando o meu coração conforme eu tento fugir, mas agora eu sei que quanto mais esforço eu faça, menos tempo eu terei. Estou mantendo-me forte para que eu possa voltar a reencontrá-lo e me desculpar por ter optado o caminho fácil. Talvez eu esteja me agarrando facilmente a esta imagem na minha mente que diz que ele virá me salvar, mas se esses forem mesmo os meus últimos dias, estarei feliz em estar pensando nele.

Quero viver os meus últimos segundos lembrando-me do seu sorriso repleto de glória. Louis tem uma aura tão boa. Sinto uma pontada no meu antebraço esquerdo e não consigo conter o meu gemido de dor. Eu sinto o liquido saindo de mim espalhando-se pelo chão. Estou sangrando, e pergunto-me se meu bebê está bem. Eu quero protegê-lo, mas sei que não posso. Estou morrendo aos poucos mesmo que eu não queira.

- H-Harry.

Uma voz é ecoada na escuridão. É uma voz quase inaudível e que demonstra tamanha a força para sair, mas eu a conheço muito bem. Um sorriso mínimo se implanta nos meus lábios. Gemma está bem e isso já faz com que eu me tranquilize.

- V-Você está ai? - Ela perguntou cautelosamente. A respiração estava mais alta e acelerada. Gem deve estar machucada também, mas a pior parte é querer ajudá-la e saber que eu mal posso me mexer. Eu sou inútil.

Eu tento respondê-la mas nenhum som é capaz de sair dos meus lábios, apenas um murmúrio sem qualquer sentido. Eu ouço sua risada anasalada e fico agradecido por ela ter escutado. A sua respiração antes ofegante parece tranquilizar-se e aos poucos eu posso sentir o seu calor perto do meu corpo, até que sua mão consegue tocar a minha costela.

Elas estão frias, mas ainda sim elas exalam uma sensação boa em todo o meu ser. Aquele pingo de esperança que eu pensava ter esvaído retornou. Eu quero abraçá-la agora, mas não consigo sair do lugar.

Pego o último fôlego que me restava e estico os meus braços apertando a sua mão, até que lentamente o meu aperto vai diminuindo, até que no final apenas ela segure a minha mão.

- Eu consigo sentir o cheiro do seu sangue. - Ela diz em tom melancólico. - Você está ferido tanto quanto eu.

- E-Eu sinto muito. - Finalmente digo, mas não tenho certeza se ela fora capaz de me compreender. A minha voz misturou-se com os soluços que vieram acompanhados de lágrimas e eu não pude fazer nada para pará-los.

- Você não tem o porque de se desculpar. - Ela diz confiante, então ouço barulhos deduzindo que seria o seu corpo arrastando-se para o mais próximo da minha cela.

- Se não fosse por...

- Não me venha com esse discurso. Não me venha dizer que se não fosse por você não estaríamos aqui. Não diga como se você se arrependesse de apaixonar-se por um humano, você se arrepende?

- Não importa o quanto eu tente ensiná-los. Não importa se estejamos em uma situação de vida ou morte, vocês sempre irão confiar nesses idiotas! - Ouvi a voz de Anne na cela da frente, ela gritava ridiculamente e eu queria gritar, dizer para Gemma a mãe falsa que fora e como sempre apenas se preocupou com sua própria segurança, mas eu não conseguia.

- Como a senhora consegue ser tão cruel ainda mais nessa situação? - Gem rebateu, desta vez muito mais cheia de si. - Eu sei que você pode ter tido problemas com humanos quando tinha nossa idade, mas não vê que é hora de amadurecer? Nem todas as pessoas são iguais e más.

- Eu sei disso querida. - Ela solta uma risada irritante que fazem os meus ouvidos doer. É como se eles começassem a sangrar neste mesmo instante. - Você tem razão. Eu sou mesmo muito cruel, mas quero que entenda que tudo que fiz foi para protegê-los.

Merman 2 - l.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora