Capítulo 8

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Gemma olhava o céu enquanto o táxi movimentava-se para o mais longe possível da casa do seu irmão. Ela conseguia pensar nos riscos que estava correndo devido ao aviso do irmão. Mas ela não podia parar, não agora. Tinha algo que lhe fazia persistir. O aquele livro contém, é algo muito além apenas dela. É algo que ela precisa urgentemente descobrir.

Ela deixou os dedos passarem graciosamente pelos relevos do livro, tentando lembrar-se mais uma vez das lendas antigas de sua família. Mas nada.  Tinha um vácuo na sua cabeça, que agora a fazia se culpar por não ter dado a devida atenção as lendas, quando contadas.

Gem fechou os olhos  por um instante e encostou na janela, enquanto sentia o veículo balançar. Os olhos daquela mulher voltaram a sua mente. Eram tão sombrios quanto a escuridão, como se guardassem uma imensidão de segredos. O aperto em sua mão era forte, e resistente. Os lábios movimentavam-se com delicadeza e proliferavam palavras maldosas, que só agora Gem compreendia que era mais no perfeito latim.

Uma feitiçaria lançada contra o seu bebê, cujo ninguém conseguia acreditar. Niall não a quis escutar desde que voltou do hospital, e Harry a tratou como se todos esses pontos jamais se ligassem uns aos outros. Mas tudo parecia tão óbvio em sua mente que ela não poderia desistir. Ela persistiria até que encontrasse a resposta para todas as suas perguntas.

Então, em um piscar de olhos Gem adormeceu, com os olhos repletos de crueldade da mulher.

A imagem distorcia-se algumas vezes, de uma mulher com pele macia, para uma mulher com traços de velhice. Algumas rugas nos olhos, mas o sorriso ainda era tão macabro quanto. Os olhos ainda eram amaldiçoados, tanto quanto a sua alma.

Gemma se encontrava em um corredor escuro, tinha o fedor de corpos mortos misturado com esgoto. Ela continuou andando agarrando-se ao seu casaco, mas o lugar parecia ainda mais frio conforme ela dava passos adiante.

Passos.

Ela ouvia passos atrás de si. O coração parecia que iria rasgar o seu peito a qualquer momento, do tanto que ele mexia-se ligeiramente. As mãos passaram a ficar trêmulas, assim como as suas pernas. Mas ela continuou a resistir e a andar pelo corredor, sem ter a audácia de olhar para trás.

Eles ficavam mais próximos dos seus ouvidos e ela queria correr, mas não conseguia. Agora ela encontrava-se em uma situação que não conseguia ao menos sair do lugar. Gem apenas encostou na parede gosmenta e sentou-se no chão, abraçando o próprio corpo e encolhendo-se. Um vento fez com que os fios de seu cabelo esvoaçasse e abraçasse sua pele ferozmente. Ela fechou os olhos com ainda mais força, até que a voz assustadora ecoou pelo seu ouvido. Tão perto que ela conseguia sentir uma respiração contra o mesmo.

— Não importa o quanto você tente querida. — A voz da mulher lhe dissera com uma risada infantil em seguida. — Eu sempre a encontrarei.

— Catherine. — Gemma disse com repugna e medo em sua voz.

Então Gemma abriu os olhos rapidamente, e percebera que ainda estava dentro do táxi. A respiração estava ofegante enquanto uma gota de suor escorria pela sua testa.

Tudo parecia tão real, como se nada disso fosse um pesadelo, mas sim uma imagem de um futuro próximo que a esperava. O medo ainda percorria pelo seu corpo, mesmo que ela soubesse que não estava vivendo aquilo de fato.

Gemma sentia-se como se a mulher que tirara o seu bebê realmente fosse quem ela proliferou o nome com tanto nojo e ódio.

Catherine Deshayes estava viva, e Harry parecia saber o por quê.

— Ahn. Você poderia voltar? — Gemma pediu ao motorista que apenas assentiu e virou em um dos quarteirões, dando meia volta.

Não importava o quanto Harry tentasse esconder o jogo dela. Gemma estava disposta a tirar a verdade dele, seja lá o que ela precisa fazer.

Merman 2 - l.sDonde viven las historias. Descúbrelo ahora