17. Masks

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Na maioria dos lançamentos musicais de Gale Langbroek, ele preferia um ambiente reservado e uma comemoração discreta.

Com uma música boa de fundo, os seus amigos mais próximos e a sua penthouse fora da cidade de Nova Iorque, em um encontro casual que ia das oito da noite até a manhã seguinte, quando as bebidas já estão perto do fim e o sol já brilhava no céu anunciando o dia que estava marcado no calendário para seu lançamento.

Mas ele também era fã de um grande evento, que contava com os nomes mais famosos da atualidade na lista de convidados e um espaço para dança que nunca ficava vazio, com um estoque de bebida maior do que ele podia solicitar em uma folha A4.

Aquele era um grande evento. Um grande evento para um grande dia.

Sabia que, assim que deixasse o quarto e surgisse no salão principal, não conseguiria dar dez passos sem encontrar um grande nome do pop atual ou uma modelo de capa de revista. Talvez uns jogadores de futebol e, muito provavelmente, um ator ou atriz em ascensão. Todos eles tinham sido premiados com um convite entregue um mês antes pelo correio, para a festa de estreia oficial de Masks. O segundo álbum de Gale Langbroek, que seria disponibilizado nas plataformas digitais assim que o relógio marcasse meia noite.

E aí estaria feito.

Das dezoito canções disponíveis no álbum, alternadas entre grandes feats e uma ou outra que ele assumia toda a responsabilidade, estavam as letras da sua vida. Uma por uma, havia um significado grande por trás delas.

As pessoas iriam ouvir suas inseguranças, seu começo difícil no mundo da música mesmo vindo de uma família com boas condições da Noruega, do seu apego a sua família e, principalmente, as pessoas iriam ouvir de Jo.

Iriam ouvir de Sky também, mas principalmente de Jo. Sua grande história de amor, que tinha deixado marcas profundas no seu coração que, três anos depois, se tornariam letras belíssimas.

Já era acostumado, desde o primeiro single que lançou, a escrever suas próprias letras em um caderno surrado que levava de um lado para o outro. Colocava um pouco de sua vivência nas estrofes que montava, mas também usava a realidade alternativa para escrever sobre um coração quebrado ou uma cura regada a álcool.

Mas foram as noites em claro que o fizeram escrever todas as músicas daquele álbum, jogado no sofá do estúdio ou deitado na sua cama king-size que se parecia tão vazia nos dias de frio, dando ritmo às lembranças que nunca tinham deixado sua memória.

Escrevera porque sentiu que era a hora delas o deixarem dormir em paz, sem pesar uma tonelada em seus ombros ou sussurrar frases prontas no seu ouvido toda vez que ele achava que aquilo não mais o afetava.

Até se dar conta, na sua insônia que parecia programada, que afetava.

— Mais cinco minutos e o atraso do homenageado da noite deixa de ser aceitável.

A voz conhecida preencheu a sala, retirando um pequeno sorriso do canto dos lábios de Gale. Conseguia ouvir o barulho do salto alto aumentar de intensidade, mas manteve a cabeça baixa até que o som cessasse, levantando os olhos para seu reflexo no espelho a sua frente.

A máscara dourada, que cobria apenas o lado esquerdo da sua face, tinha sido feita especialmente para ele. O desenho de metade da boca, o contorno das asas do nariz e o espaço reservado para sua mandíbula bem marcada foram feitos diretamente de um molde retirado da face do DJ, esculpido algumas semanas antes.

Em um primeiro momento, Gale estranhou que metade do seu rosto estivesse escondido por um acessório que refletia luz de todas as direções que recebia. Passou as mãos nos seus cachos loiros bagunçados antes de se contentar com a maneira que eles caiam em sua testa, começando a se acostumar com a imagem que se formava no espelho.

Hall of Fame ✅Where stories live. Discover now