24. Bridges

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Cinco pessoas estavam na sala, mas nenhum deles ousava quebrar o silêncio que se sustentava desde o momento que a porta de madeira do escritório de James Marlowe dentro da casa tinha sido fechada.

Quando Benjamin era pequeno, aquele lugar era a única proibição dentro da mansão Marlowe e, apesar das tentativas, todos os empregados davam o melhor de si para manter Ben e Aaron longe dali. A única coisa que o mais novo sabia, naquela idade, era que era atrás daquela porta de madeira que James passava a maior parte do seu dia, dividido entre telefonemas eternos e horas na frente do computador.

Sua mente criativa infantil transformou aquele ambiente no seu maior pesadelo, responsável pela ausência do seu pai por boa parte da sua infância. Até o auge da sua fase rebelde quando ele, em um momento de descuido do pai, conseguira entrar naquele lugar proibido quando já se passava das três da manhã.

Não encontrara um segundo quarto, como imaginava, nem nada que o incriminasse por fraude fiscal ou por ter uma segunda família, como ele sempre hipotetizou. Nada além de uma enorme mesa de madeira, um computador enorme para a época, um telefone, uma biblioteca particular e diversas fotos.

Fotos da família. Ben e Aaron quando ainda eram pequenos, Eva com os dois filhos no braço, uma foto do casamento dos dois e a famosa foto que estava na parede do lobby de todo hotel da rede Marlowe: Eva, ao lado de James, e os dois filhos que tinham o sorriso da mãe no colo de cada um dos pais.

Anos depois, algumas fotos já não estavam mais ali. A do casamento tinha sido guardada e uma de Willa com os dois enteados já grandes tinha sido adicionada na mesa de James, que já não era tão jovem como as outras que enfeitavam o lugar.

— Os advogados já ligaram, James?

Willa que quebrara o silêncio, ganhando a atenção de Aaron e Emma, que dividiam o sofá que havia no canto do lugar. James estava sentado na mesa com a mulher ao seu lado, com o olhar preso na tela do computador que já não era mais antiquado como antes. Perto da porta, com os olhos azuis perdidos pelo carpete, Ben estava encostado na parede, sentindo como se seus ombros pesassem uma tonelada.

Tinha pousado em Nova Iorque minutos antes, depois de três dias na capital em uma viagem de trabalho com Theo, e não tinha passado nem em casa para trocar as roupas ou jogar uma água no corpo antes de ir para a mansão Marlowe.

Não havia tempo. Não quando sua família, e ele, eram manchetes mais uma vez.

Ele tinha ganhado muitas capas de revistas desde o momento que ele e Sky tinham aparecido juntos no memorial de Eva. Também apareceram algumas coisas a seu respeito sobre o aniversário dela, mas nada que o incomodasse ou o fizesse perder mais de cinco minutos.

Precisou de uma semana após o aniversário dela para a primeira bomba explodir.

Uma reportagem sobre a família Marlowe, sucinta mas não o suficiente para deixar esqueletos antigos guardados dentro do armário. Trazia algumas informações sobre sua relação complicada com James, que nunca tinham sido abordados antes, junto com uma declaração inédita sobre o acontecido em seu aniversário de vinte e um anos.

Ou o dia que ele estava tão puto com seu pai que as falas atravessadas evoluíram para uma briga física que só foi parada quando Aaron entrou no meio dos dois, segurando o pulso do mais novo enquanto ele puxava a camisa do próprio pai.

Ganhou cor nas bochechas quando se lembrou de tudo o que tinha acontecido uma década antes, desviando os olhos para os próprios sapatos. Na época, James tinha dado o ultimato para o filho mais novo: ou ele assumiria parte dos hotéis da Europa, ou ele estaria fora da família de uma vez por todas.

Hall of Fame ✅Where stories live. Discover now